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Olá, queridos leitores.
Espero que gostem e aproveitem o capítulo, votem e comentem, por favor.
Boa leitura a todos.

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[LANA]

Ser filha de empresários do ramo das comunicações pode ser um sonho como pode ser um pesadelo. Por um lado, você tem dinheiro, luxo, o que quer na hora que quer, empregados, mansões, festas, você pode conhecer alguns famosos, mas também tem responsabilidades para não se expor tanto, o cuidado com paparazzis que podem ser o terror na vida do ser humano, manter o bom nome da família e do negócio de seus pais, às vezes os acompanha em jantares para fechar mais negócios e passar uma imagem de família unida e bem estruturada.

A minha família pode ser muito bem estruturada de dinheiro, mas em questão emocional eu sou suspeita para falar sobre isso. As famílias Calisto e Brassard sempre foram muito influentes na sociedade, então meus pais tiveram uma infância bem fácil, assim como a adolescência, cheia de regalias. Ao que eu sei, eles se conheceram por conta dos negócios dos meus avós, acabaram namorando e se casando para a união das famílias e começaram a trabalhar na empresa dos pais quando terminaram a faculdade.

Com o casamento dos meus pais, as empresas se uniram, os negócios ficaram mais visíveis na sociedade, com isso, ganharam e continuam ganhando respeito e admiração de muitas pessoas pelo mundo, porém, acredito que o trabalho não é tudo, e quando se tem filhos é necessário dosar o tempo.

E infelizmente, acredito que assim como os meus avós paternos e maternos, os meus pais não souberam e ainda não sabem dosar o tempo entre o trabalho e eu, então passei o meu tempo inteiro com babás ao meu lado, e agora com 16 anos, passo o meu tempo com a nossa governanta de confiança Marina a quem eu tenho um carinho enorme e espero não perdê-la.

Às vezes eu me pergunto por que os meus pais não tiveram mais filhos, mas eu volto a realidade e vejo que foi melhor assim.

Marina sempre foi um amor, tanto comigo quanto com os meus pais. Ela é a pessoa em quem confiamos e que consideramos como parte da nossa família. Não sei se posso dizer infelizmente que ela não se casou e nem teve filhos, porque uma vez em que perguntei a ela sobre marido e filhos, ela me respondeu:

Menina, homem dá muito trabalho, dei sorte em não me casar. Tudo bem que seria bom ter alguém com quem compartilhar a minha vida, mas o que apareceu na minha foi só, como vocês jovens dizem? Embuste, isso! Só me apareceu embuste, então não me casei, tenho 45 anos e sou feliz. E sobre filhos, eu tenho você, com todo respeito a sua mãe, e isso já é o bastante.

Marina está conosco desde que eu tinha 5 anos de idade, então ela praticamente me criou, e a criação dela não poderia ter sido melhor. E por causa disso, quando meus pais me contaram que iríamos nos mudar para a Inglaterra, eu só tive uma exigência:

Eu quero que a Marina vá com a gente.

Foi fácil? Nem um pouco, já que Marina é um pouco teimosa... Tá bom, isso é um eufemismo, ela é muito teimosa e negou até o último dizendo que não queria que gastássemos em passagem e passaporte com ela que nunca saiu do Brasil, que nem sabe falar inglês, então eu usei um recurso que muitas pessoas usam: a insistência. Eu consegui ser chata e insistente, e um pouco mimada, até o último segundo, por fim consegui fazer com que ela mudasse de ideia.

- Marina, eu já disse, vai dar tudo certo, e você vai amar a Inglaterra. - tentei mantê-la calma em nossa conversa na cozinha.

- Lana, eu sou chique, mas não tanto. Eu sempre vivi no Brasil, com muito orgulho, e agora vou morar em outro país. É muita emoção pra alguém da minha idade.

Sempre tão dramática.

- Você avisou pra suas irmãs que está se mudando?

Marina tem duas irmãs - Renata, a mais velha, e Georgina, a caçula -. Apesar de não serem tão unidas assim, as três irmãs sempre se comunicam umas com as outras. Renata é casada e tem três filhos adolescentes, já Georgina é divorciada e tem uma filha criança.

- Avisei, elas ficaram animadas, já falaram de mandar presentes pra elas e pras crianças. Eu tenho cara de Papai Noel?

Acabo dando uma risada estridente, tendo que colocar a mão na boca para abafar.

- Marina, eu vou te ajudar a falar inglês, você logo vai se adaptar. - digo quando recupero o fôlego.

- Eu espero mesmo hein, garota. E também vai ser bom pra você. Novos ares, novas pessoas.

- Não sei, Marina, acho que vai ser a mesma coisa do que está sendo aqui.

- Meu amor, não pense assim. - ela deixou um carinho em meu ombro - Vai ficar tudo bem, vai ser o seu penúltimo ano de colégio, você vai adorar.

Sorrio fraco pela tentativa dela de me alegrar. Marina sempre quis e ainda quer que eu esteja um pouco mais aberta a pessoas novas, a ter amigos, porém, quando se vive em um mundo como o meu, para que você não sofra, você precisa ser mais seletiva. No meu caso, eu sou seletiva até demais e acabo não escolhendo nem um e nem outro, e pelo meu histórico, eu prefiro ficar sozinha.

A tarde se passou rapidamente e quando dei por mim já estava me despedindo do meu quarto e saindo do mesmo com as minhas malas. Descendo para a sala, encontrei meus pais e Marina prontos para a viagem.

- Pegou tudo, Lana? Se bem que nós vamos voltar para cá em algum momento e você vai poder comprar lá. - minha mãe fala comigo, mas seus olhos não saem da tela de seu celular.

Deve estar resolvendo algo do trabalho.
Como sempre.

- Eu sei, mãe, e sim, tudo o que eu preciso está na mala.

- Então vamos logo, o avião é nosso, mas o piloto não tem todo o tempo do mundo pra ficar esperando. - manda o meu pai.

Saímos todos da enorme casa e fomos em direção ao Audi que nos levará ao aeroporto.

The Poor (Rich) Girl | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora