Correndo contra o Tempo

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Caio levantou as mãos lentamente, tentando manter a calma.

- Damião, isso não precisa terminar assim. Deixe ela ir. Você sabe que não vai sair impune disso. Alertou, enquanto ainda segurava a madrasta nos braços.
- E você acha que vai sair daqui vivo? Damião riu, enquanto segurava sua arma contra Caio e Irene.

Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, com som de tiro ecoou na cabana. Não foi Damião quem atirou. Era Lima, parado na porta com a arma em mãos, mas ele não estava mirando em Caio.

- Já chega Damião. Lima disse, a voz firme. - Eu não vou deixar você arruinar tudo.

O silêncio tomou conta da cabana enquanto todos tentavam processar o que havia acabado de acontecer.

CAIO LA SELVA ON:
Eu não sabia o que esperar, mas tinha certeza de uma coisa: Irene precisava sair dali agora. E eu faria qualquer coisa para garantir isso.

Lima permanecia parado, com a arma firme em suas mãos. O olhar dele alternava entre Damião e Irene, mas havia algo nos seus olhos: um misto de arrependimento e determinação.
O silêncio na cabana era cortado apenas pelo som das respirações tensas e pelo eco do tiro disparado por Lima. O impacto da bala contra o chão ainda vibrava no ar, enquanto Caio aproveitava a distração para segurar Irene com mais firmeza.

- Irene, confie em mim. Eu vou tirar você daqui. Sua voz era calma, mas o peso da situação transparecia.

Lima mantinha a arma firme, os olhos fixos em Damião, que parecia estar à beira de explodir.

- Você enlouqueceu, Lima! Damião rosnou, a fúria distorcendo seu rosto. - Abaixe essa arma antes que eu faça você se arrepender!

- Já me arrependo há muito tempo - rebateu Lima, sua voz fria como gelo. - Mas hoje isso acaba. Você não vai destruir mais vidas, Damião.

Damião tentou avançar, mas outro disparo foi dado, dessa vez atingindo uma mesa ao lado, espalhando estilhaços de madeira pelo chão.

- Nem mais um passo! - gritou Lima, agora suando, mas mantendo a determinação. - Se você acha que vai me intimidar, está enganado.

Caio usou a chance para escapar com Irene, cuja respiração estava ofegante, as dores do parto intensificando a cada instante.

- Eu... não consigo mais... Murmurou ela, lágrimas escorrendo pelo rosto.

- Você consegue. Caio tentou mantê-la calma enquanto atravessavam a porta da cabana. - Estamos quase lá, só mais um pouco.

Lima olhou para os dois, com um misto de urgência e arrependimento. Ele sabia que não teria outra chance.

- Leve-a daqui! - ordenou a Caio. - Eu vou segurar esse maníaco. Faça o que for preciso para salvar essa mulher e a criança.

- Lima! - rugiu Damião, incapaz de conter sua fúria. - Você vai pagar por isso, traidor miserável!

Mas Lima não recuou. Pelo contrário, deu um passo firme para frente, seu olhar travado em Damião.

- Quem vai pagar aqui é você, Damião. Pelas vidas que destruiu, pelas mentiras que contou. Hoje, eu decido como isso termina.

Dentro da floresta, Caio avançava rapidamente, sentindo o peso do momento e da responsabilidade em seus braços. Irene chorava baixinho lutando contra a dor.

- Caio... Não deixe minha filha nascer aqui... Implorou, a voz quase inaudível.

Ele não respondeu imediatamente, mas apertou o passo, ignorando o cansaço que começava a tomar conta. Era uma corrida contra o tempo.
Então, o som de motores surgiu à distância, acompanhado por luzes que oscilavam entre as árvores. Caio parou, o coração acelerado. Não sabia se aquilo era ajuda ou mais perigo.

Na cabana, Lima finalmente agiu. Damião avançou e ele o interceptou com um soco certeiro, fazendo o homem cambalear e cair ao chão.

- Já chega, Damião! Rugiu novamente, sua voz cheia de fúria e alívio. - Você não me controla mais.

Sem perder tempo, Lima correu para fora da cabana, mas Caio e Irene já estavam longe, suas pegadas desaparecendo na escuridão da floresta.
Vi seu corpo fraquejar, mas, em seu sofrimento, ouviu passos apressados e uma voz conhecida.

Antônio sentia um misto de desespero e impotência enquanto caminhava pelos vastos campos da fazenda. A cada passo, o silêncio ao seu redor parecia zombar de sua angústia, e o peso da preocupação aumentava em seu peito. Irene, a mulher que amava, estava em trabalho de parto, vulnerável e sob a vigilância de Damião, um homem que um dia confiou, mas que agora se tornou uma ameaça.
Ele olhava para o horizonte, chamando pelo nome dela, mas a única resposta era o vento que balançava as folhas e a poeira que dançava no chão seco. A esperança parecia escapar a cada minuto que passava sem sinal de Irene. Seus pensamentos oscilavam entre o medo pelo que poderia ter acontecido e a culpa por tê-la deixado exposta a esse perigo.
Apesar de ter enviado Petra e Luigi para procurar em outra área, a solidão de sua busca o fazia questionar se estavam no lugar certo, se havia algo que ele poderia ter feito diferente. A dúvida corroía sua determinação, mas ele sabia que não podia parar. Irene precisava dele. Seu coração acelerava, não apenas pela corrida contra o tempo, mas também pela incerteza do que encontraria ao final dessa busca.

- Ireneee?! Resolveu insistir. - Ireneee?! Me dê um sinal. Diga que está aí.

- Paaaai!!! Respondeu, o alívio inundando sua voz.

Antônio apareceu correndo, com o rosto marcado pela preocupação. Ao ver Irene nos braços de Caio, ele se aproximou rapidamente.
Irene mal podia acreditar quando ouviu a voz de Antônio chamando por ela ao longe. Sua respiração entrecortada pela dor e pelo cansaço se misturou a uma emoção avassaladora. Lágrimas quentes escorreram pelo rosto marcado pela tensão enquanto ela tentava responder, a voz fraca e entrecortada, mas carregada de esperança.
Quando Antônio finalmente apareceu, correndo em sua direção, Irene sentiu um peso imenso sendo retirado de seus ombros. Ele estava ali, ele a encontrara. Tudo parecia menos assustador agora, mesmo com a dor do parto. A presença de Antônio, sua expressão de alívio e determinação, devolveu-lhe a força que parecia ter se esvaído horas atrás.

"Eu sabia que você viria," ela sussurrou, a voz tremendo, mas carregada de emoção. Quando ele segurou suas mãos, quentes e firmes, Irene fechou os olhos por um instante, permitindo-se acreditar que, apesar de tudo, ficaria bem. O alívio inundou seu coração, como uma chuva suave após uma longa seca, dissipando o medo e trazendo consigo uma sensação de segurança que só ele podia proporcionar.

- Caio, você conseguiu. Não acredito que a encontrou. Disse, olhando com urgência para a esposa.
- Eu consegui, mas ela precisa de ajuda, pai. Alertou, enquanto passava a madrasta devagar para os braços do pai.
- Antônio?! Sussurrou, quase sem forças. - A nossa filha... Salve a nossa filha.
- Eu vou salvar vocês duas. Prometeu, enquanto a carregava com cuidado.

O som da sirene começou a ecoar ao longe mas, naquele momento, nada mais importava. Contra todas as chances, havia esperança. E isso era tudo que precisavam para continuar lutando.

- Pai! Alertou. Espera. Eu estou ouvindo passos. Não sei se continuar andando por aqui é seguro.
- Nós precisamos continuar, Caio. Precisamos encontrar um lugar seguro para que Irene tenha essa criança. Refletiu. Eu ouvi as sirenes. Sei que a ambulância não deve estar longe. Estou tentando chegar até lá.
- Eu concordo. Mas, nós estamos desarmados. Se ele nos encontrar, não sei se conseguiremos salvar Irene de novo. Ela está muito fraca. Não acha melhor pedirmos ajuda e...
- Ora, ora. Interceptou. - A cada minuto que passa essa história fica ainda mais emocionante, não acham? Que família linda, eu diria.
- Damião. Encarou.
- Como vai, La Selva? Quanto tempo... Relembrou. - Deixa eu pensar. Acho que a última vez que nós nos vimos, foi quando você mandou que eu fugisse para depois tentar me matar. Acertei?

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora