Capítulo 2 - Selena Piacessi

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Dias atuais.

(*****)

Acordo novamente suando frio, sentindo o gosto de ferro na minha boca, pois em algum momento durante o sono, mordi os lábios.

Os pesadelos nunca deixam de me assombrar, não tem dia nem hora, não sei qual o gatilho, mas dependendo da situação em que estou eles vêm, com mais ou menos intensidade. Eles estão sempre ali, me espreitando, me fazendo recordar cada momento, mesmo anos depois.

Eles sempre começam com Richard em cima de mim, me violentando, depois me mostrando para muitos homens, que me olham, até que finalmente alguém me leva para o quarto rosa pra me violentar também. Em seguida, os pesadelos mudam para o dia que arrancaram a coisinha de mim...Então, na sequência, vejo minha irmã toda ensanguentada e perfurada, das várias facadas que ela tomou de Richard.

Mesmo ele estando morto, aquele desgraçado ainda assombra meus sonhos, melhor dizendo..., meus pesadelos.

Me orgulho muito de Cecilia que não desistiu de viver e ser feliz apesar de tudo.

Mesmo tendo sido violentada, esfaqueada trinta e três vezes, ter tido vários órgãos importantes de seu corpo perfurado, mesmo depois de ter ficado quase dois meses em coma, passado por várias cirurgias, ela sobreviveu.

E ela sempre fez tudo o que estava ao seu alcance para me proteger.

Por isso, decidi que nunca contaria a ela, que aquela não era a primeira vez que Richard me tocava.

Ele tinha começado há quase um ano antes e só Maggie sabia, pois enquanto minha irmã estava em coma, Maggie cuidava de mim. Me levou ao médico pelas dores intensas que passei a sentir e eles descobriram os ferimentos, recentes, os antigos e também descobriram a coisinha e tiraram de dentro de mim, uma vez que ela não apresentava sinais vitais.

(*****)

Tudo começou uma tarde, quando cheguei da escola, com Annia, nossa vizinha. Richard já estava nos esperando, mas daquela vez, cheguei sozinha.

Ele estava sentado no sofá com uma enorme faca na mão.

Quando o vi, tentei subir correndo para o quarto, mas ele foi atrás de mim, me bateu com a toalha molhada, dizendo que não queria marcar meu corpo, pois não poderia danificar o produto.

Depois disse que faria com Cecilia o mesmo que fez com nossa mãe, que um dia eu iria pra escola e quando voltasse, Cecilia estaria morta na banheira... a menos claro, que eu fosse boazinha com ele.

Se eu colaborasse, Cecilia não precisaria, nem saber que ele esteve ali.

Ainda assim resisti, mas o prego no meu caixão foi fincado quando ele enumerou as coisas que Cecilia já havia feito por mim, que ela já podia ter ido embora há muito tempo e só não tinha ido ainda, pois eu era uma pequena bastarda que ninguém queria.

Eu sabia o que ia acontecer, tinha medo de perder Cecilia, mas não conseguia não lutar e me render simplesmente.

Então eu lutei. Eu tinha apenas nove anos, de jeito nenhum venceria um homem de cinquenta.

E mesmo lutando com ele, não tive chances, ele me dominou, me bateu, me machucou, prendeu minhas mãos e me violentou, por um longo, longo tempo. Disse que tinha que experimentar a mercadoria antes de pôr no mercado. Foi horrível, dolorido, sofrido, mas antes de Cecilia chegar naquela noite, eu já estava de banho tomado, medicada e na cama, fingindo dormir.

Sim. Ele me estuprou e depois cuidou de mim.

Me deu banho, colocou pomada nas minhas partes intimas, me deu medicamento para dor, trocou a roupa de cama e fingiu que chegou quase junto com minha irmã, que não teve tempo se quer, de questionar, o porquê eu estava na cama, pois ele já estava a ameaçando por causa do jantar que até aquela hora não estava pronto.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora