Capítulo 18 - Theodoro Lucchesi

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Eu nunca estive num momento mais feliz na minha vida, não que eu me lembre.

E olha que eu tenho momentos maravilhosos para lembrar e agradecer.

Mas estou num momento, que eu considero..., perfeito da minha vida. Apesar da fábrica estar nos consumindo bastante, também tem nos dado muito lucro.

Ou seja, financeiramente e profissionalmente estou num ótimo momento. Minha pequena família é a melhor e a mais perfeita, minha saúde nunca esteve melhor e pra completar finalmente meu coração está sendo correspondido de forma plena e perfeita.

Não sei se pode ficar melhor que isso, mas seja como for, só tenho motivos para agradecer aos céus por ter me dado coisas tão maravilhosas, incluindo meu irmão claro, meus amigos... os velhos e os novos e a Patrícia, claro.

Infelizmente a frase que Guida sempre fala, vem a minha cabeça a manhã toda: "Deus sempre manda coisas boas e ruins para nos equilibrar, nos fazer melhores, mais gratos... Nas coisas boas nos regozijamos e nas ruins aprendemos a crescer e agradecer".

Confesso que demorei muito pra entender que nós, nunca aprendemos quando tudo está muito bom, muito menos somos gratos. O ser humano, nem todos, claro... o ser humano precisa da dor pra enxergar as coisas boas que a vida lhe oferece.

Só lembramos de agradecer nossa saúde perfeita, quando caímos numa cama.

Só lembramos de agradecer o teto sobre nossas cabeças, quando o perdemos ou corremos esse risco.

Só agradecemos o emprego que temos, mesmo em meio a muitas dificuldades, quando nos deparamos com o desemprego.

Só invocamos o Poder Superior para pedir. Raramente... para agradecer.

Não importa nossa religião. Católicos, evangélicos, espiritas, budista, até os ateus... na hora do sufoco, todo mundo pede socorro aos céus.

É mais ou menos como a polícia, que vivemos criticando cada coisa que fazem ou deixam de fazer. Mas se precisamos de algum tipo de ajuda, é a ela que recorremos, mesmo que tenhamos passado a vida toda sendo contrário a ela.

Enfim... são só minhas divagações...

Estou um tanto quanto estressado no dia de hoje e isso não é uma reclamação, apenas uma constatação. Quando estou assim, fico mais autoconsciente do mundo a minha volta, até descobrir o que realmente me incomoda e "tratar a ferida".

Sinceramente, isso de divagar é bom. Se eu fosse mais jovem, com certeza estaria tentando arrumar briga com alguém. Mesmo que esse alguém tivesse o dobro do meu tamanho, quebrasse meu braço e me amarrasse pelado a uma árvore pra escola toda ver.

Sim... eu já passei por isso e sinceramente, não recomendo.

Felizmente eu cresci e estou mais consciente das coisas que me incomodam e claro, não entro em brigas desnecessárias. Depois, sei o que me incomoda nesse momento. E o que mais está me incomodando agora, é essa coisa com Patrícia.

Desde ontem à noite, Patrícia anda bem estranha comigo. Hoje pela manhã, saiu cedo e nem me esperou e tem me evitado o dia todo. O pior é que estávamos super bem. Não tenho a menor ideia do que fiz pra acabar com o clima de namoro, que estávamos vivendo, até agora.

O que me consola é que logo pela manhã consegui falar com Tristan. Depois de falar com quase todos os hotéis de Vermont, eu finalmente encontrei meu irmão, que idiotamente tomou remédios com bebida alcoólica.

Que tipo de idiota faz isso?

Mas, vou dar a ele um desconto, pois sei que assim como nós, ele vem de situações de muito estresse e tensão. Cumulativamente com o fora que deve ter levado de Selena, que embora ele não fale com todas as letras, sei que está apaixonado por ela.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora