JUNTANDO OS PEDAÇOS

Capítulo 59 - Selena Piacessi

Tristan é um homem maravilhoso e um ser humano incrível, mas as vezes ele me surpreende com suas atitudes a meu ver, estranhas.

Agora ele diz que está morrendo de saudades, mas toda vez que invisto mais fundo nele, ele foge. Parece que vou quebrar, se ele me tocar de verdade.

Eu cheguei mesmo a pensar que ele não estava tão a fim de mim, ainda mais depois que o trabalho parece que consumiu nós dois, fazendo que tenhamos desencontros, cada vez maiores.

Confesso que dei uma caída no humor. Minha ansiedade em descobrir se estava melhor ou não, nesse departamento, começou a me deixar bem pra baixo. Felizmente a Maggie e a Guida que estão sempre alertas e a Dra. Meirelles me colocaram de volta no ritmo.

Eu entendi que essa ansiedade é normal. Entendi que Tristan está me dando tempo e espaço pra eu ter certeza do que quero. Entendi que pra ele também não deve ser fácil e o mais "seguro" pra ele, nesses casos, é ele se manter distante.

Eu me sinto pronta pra tentar o próximo passo com o Tristan. Fizemos tanto sexo por telefone, brincamos tanto, sempre que tivemos oportunidades, conversamos tantas coisas em relação a isso, que com meu novo currículo poderia trabalhar num telesexo.

Me sinto segura com ele e sempre que é possível, avançamos nos beijos, toques e afins.

A primeira vez que ele tocou minha intimidade com os dedos eu quase tive um surto, primeiro a tensão, o medo... depois, quando escutei sua voz, dizendo que eu sempre estaria segura com ele e olhei nos seus olhos que me olhavam com cuidado, carinho e atenção, o prazer tomou conta de mim.

Com o tempo a boca tomou lugar dos dedos e o orgasmo ganhou outro significado.

Ele tinha razão quando dizia que nos víamos pouco, mas o fato é que quando nos víamos sempre tinha algo bom saindo desses encontros e é nisso que me apego toda vez que a tristeza resolve chegar perto de mim.

Já entendi que temos que priorizar nossa relação ou ela nunca vai dar certo. Eu tinha planos de falar com ele, ontem, mas ele teve que ir a Ribeirão Preto e hoje tivemos que vir a Sorocaba, mas essa distância crescendo entre nós não está nos fazendo bem e eu preciso colocar isso em nossas conversas ou eu acabo ficando sem o pai dos meus futuros filhos.

_ Gente bora pegar a estrada que o Theo já está me irritando com tantas mensagens. – Patrícia fala, assim que saímos no estacionamento do colégio.

_ O Tristan ligou. Está bem chateado também. – Complemento.

_ Com razão né. Vocês parecem que estão namorando online ou a distância. Deus me livre, se eu ficar só no telefone com o Theo, um dos dois comete uma besteira. Já te disse que distância é uma merda pra namoro. – Ela fala, relembrando nossa última conversa.

_ Eu concordo com ela. O amor precisa ser alimentado com presença. Quem não é visto, não é lembrado. – Até o Theyllon que geralmente é caladinho, resolve opinar.

_ Parem com isso. – Digo exasperada. _Já entendi que não podemos ficar assim e vou resolver. Inclusive já conversei muito com minha terapeuta sobre os novos passos que pretendo dar em relação a nós dois. Agora vamos pra casa, porque tenho um namorado pra eu fazer se lembrar de mim.

_ Rapidinho estamos lá. A essa hora entrar em São Paulo será mais fácil. – diz Theyllon.

_ Não quero te desanimar não Selly, mas difícil será ter animo pra namorar quando chegar lá amiga. O dia hoje foi pauleira e eu estou morrendo de cansada.

_ Essa parte não me falta, deixa comigo. – Falo rindo.

Saímos de Sorocaba eram quase oito da noite, não paramos pra comer pois todos tínhamos compromissos. Eu acredito que Theyllon não tivesse, mas ele disse ter pra não empatar nosso lado.