Minha vida está um caos total.
Meu locatário me deu até trinta e um de dezembro, pra que eu devolva o apartamento.
Detalhe: Ele me deu essa notícia na véspera de Natal, mas como eu estava indo pra Paraty e tinha muitas coisas pra resolver, deixei pra pensar no problema na volta...
Ahhh claro, agora tenho também que lidar com a mudança da fábrica. Claro que todos estão ajudando, mas ando me sentindo meio sobrecarregada, tensa, estressada.
Assim que soube da mudança da fábrica, tenho procurado por imóveis naquela área.
Confesso que tudo ali é muito caro e não sei se posso bancar no momento, apesar do excelente salário que recebo, mas nesse momento estou acertando as contas atrasadas, poupando para meu empreendimento..., então...
Patrícia e Theo insistiram muito que eu fosse morar no mesmo prédio que eles, dividindo uma de suas coberturas, com ela. O lugar é maravilhoso, mas eu me conheço, conheço meus pesadelos e meus surtos, nunca foi e nunca será uma boa ideia, viver com alguém estando num surto, nem mesmo com os constantes pesadelos.
Mas Theodoro sendo ele, finalmente consegue me convencer a morar num apartamento no mesmo prédio, só que no terceiro andar. Ele diz que é de um amigo e que ele está viajando e não se importa em sublocar mais barato, desde que a pessoa cuide bem do local, que à primeira vista, está uma bagunça.
O apartamento é enorme e parte dele está abarrotada por materiais tecnológicos e muita coisa de escritório. Ali deveria funcionar alguma coisa no estilo de uma pequena empresa, mas já não funciona mais. O melhor do apartamento é que nos quartos e na sala tem isolamento acústico, o que impede parte do som de entrar ou sair. Segundo Theo, a falação das pessoas trabalhando ali, incomodava os vizinhos, como eles trabalhavam mais da parte da tarde para a noite, tiveram que colocar o isolamento.
Ele diz que eventualmente o tal amigo precisará pegar alguma coisa ali, mas se esse for o caso, ele vai estar com ele e eu nem vou sentir que estão lá.
Eu sinceramente não gosto da ideia de ficar devendo favores, o sublocatário cobrou um preço bem legal. Na verdade, o mesmo valor que eu pagava pela quitinete na luz, o que é muito estranho para um lugar daquele, mas Patrícia disse que eu estava com mania de perseguição e finalmente assinei um contrato de dois anos.
Levando em conta que em menos de cinco minutos estou no trabalho, a pé. Vou economizar bastante.
Mas sinceramente, o que me ganhou foi o isolamento acústico. Quando você mora em determinados lugares, as pessoas estão acostumadas com gritos, barracos, tiros e sinceramente, nunca ninguém reclamou dos meus gritos noturnos (quando eu consigo dormir), também nunca ninguém procurou saber se eu estava bem. Viva ou morta, ninguém se mete, desde que o aluguel esteja pago e você não deva nada, ninguém te incomoda.
Estou finalmente fazendo minha mudança.
A primeira pessoa que pensei em contar foi pra Cecil, mas então me lembrei que nós não estamos numa boa no momento. Essa é uma outra coisa que tem me angustiado bastante. Desde que deixei sua casa, meu peito está apertado. Estou em dúvida se é um ataque cardíaco ou um ataque de pânico, ou só falta dela mesmo.
Me recurso a pensar nisso agora..., assim como me recusei a pensar todas as cinco vezes que, precisei parar o carro na volta de Paraty para respirar, parar de tremer e transpirar. E nem foi por medo de pedirem minha carteira (que não renovei) ou apreenderem o carro, que era da empresa.
Respiro fundo e volto a me concentrar em meu novo lar.
Os três quartos, a sala, a lavanderia e um dos banheiros estão cheios de coisas espalhadas e desorganizadas, tem um pouco de coisa em cada lugar. Theo decide que quer tirar as coisas e colocar num armazém. Mas o faço desistir da ideia, uma vez que se fizer isso, eu tenha que arcar com o aluguel total do lugar e sinceramente, não vai rolar. Então eu decido apenas organizar o lugar, deixar tudo limpo e arejado... detestaria ter que conviver com baratas, ratos e outros bichos.
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JUNTANDO OS PEDAÇOS
RomansaSelena é uma garota forte, destemida, determinada... por fora. Por dentro, ela ainda é uma criança quebrada, machucada que não teve a proteção de quem deveria tê-la amado, cuidado e protegido. Ela não confia em homens. Tristan é um CEO que junto com...