Enquanto aguardamos a psicodoida chegar, afinal ela fará a sessão final do dia de hoje, faço uma reflexão sobre os últimos acontecimentos.
Fazem doze dias que estou aqui.
Depois de todas as avalanches que vivi a semana passada, que se diga de passagem, não foram poucas... resolvi prolongar a tortura por mais dez dias.
A semana que passou, foi uma das piores semanas da minha vida, eles fazem tipo um tratamento de choque.
Não estou dizendo que eles ligam um aparelho e te torturam, nada disso.
É bem pior, como se fosse uma lobotomia, sem a parte de perfurar o cérebro.
Eles entram na sua cabeça e fazem você reviver tudo o que passou e lutar contra as situações e as emoções que se apresentam.
É tenso, dolorido, desesperador. Os cinco primeiros dias são infernais, doloridos, apavorantes.
Sua alma é dilacerada, feito pó. Você se sente tão pra baixo e sozinho que fica se perguntando por que é que foi parar ali. Você passa a pensar que estaria melhor longe dali, ou que estava melhor antes.
É uma escuridão sem fim e você acha que nunca mais vai conseguir ver nenhuma luz novamente.
Mas então, eles ligam uma luz que começa pequena, tímida e vai crescendo. Então, eles te mostram as possibilidades de uma vida melhor, de momentos felizes..., sim porque não há aqui, promessas de uma vida de plena felicidade.
Porém, aqui nos ensinam a valorizar cada momento bom, cada pessoa que está ao nosso lado, cada coisa que nos faz bem e é esta luz que me fez querer prolongar minha estadia nesse lugar.
Depois que eles ligam a luz e você percebe que não está sozinho na total escuridão, eles vão pegando cada pedacinho de você e colando perfeitamente, mas somente com as peças que importam. Mas eles colam do jeitinho que você precisa pra seguir em frente e acredite..., não ficam peças faltando, nem buracos vagos por mais estranho que essa junção pareça.
A colagem é perfeita, a luz e a escuridão andando juntas, mas a luz sendo forte o suficiente para não permitir que a escuridão nos assombre.
Nada é tão lindo, quanto olhar seus pedaços todos no lugar. É como apreciar um bebê que nasce. No meu caso, renasce.
A tal da fênix renascendo das cinzas.
Ressignificar as ações, perdoar a si e aos outros, olhar a mesma situação de outros ângulos, com outros olhos, ter uma visão ampla do todo.
Mas... imaginar que isso é fácil, é um dos maiores enganos que há.
Se pra quem está de fora, ver a desolação de uma alma e não conseguir fazer nada é ruim, imagine pra que está de dentro..., vivendo e se alimentando da compaixão alheia.
Nessa semana a psicodoida nos passou um exercício que nos fez refletir sobre nosso papel de vítima, a revolta no primeiro momento foi geral, claro. Mas depois eu entendi o que ela queria com aquela fala, com aquele exercício.
Sair do papel de vítima é dolorido..., doloroso ao extremo. Enxergar essa verdade, entender ela, dói demais.
Estar nesse papel de vítima..., não me responsabilizar pela minha vida, dava a impressão de que todo sofrimento, ficavam distantes de mim. Na verdade, essa é uma tola tentativa de evitar toda dor, mágoa, frustração e todo o embaraço da situação em que estive inserida até então.
É estranho dizer isso, até porque nunca me enxerguei assim..., até agora.
Mas aqui percebi que, essa compaixão alheia, sempre foi meio que, um combustível pra mim.
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JUNTANDO OS PEDAÇOS
RomanceSelena é uma garota forte, destemida, determinada... por fora. Por dentro, ela ainda é uma criança quebrada, machucada que não teve a proteção de quem deveria tê-la amado, cuidado e protegido. Ela não confia em homens. Tristan é um CEO que junto com...