Capítulo 23 - Selena Piacessi

7 2 0
                                    

Lar doce lar.

E pensar que me mudei e sequer cheguei a experimentar a acústica do meu novo lar. Nem sei se meus gritos noturnos incomodariam os vizinhos, que tristeza.

Entro no meu novo apartamento com Patrícia e Theodoro ao meu lado, ambos falam e falam, tentando me distrair de alguma coisa.

Eu conheço esse truque, pra minha sorte, somente a tal doutora Meirelles e Maggie não caem na minha cara de cansada. Então, quando abro a boca e bocejo, ambos param de falar e batem em retirada.

Claro que, não sem antes me deixarem milhares de recomendações e todas as listas e prescrições médicas.

Assim que eles saem, corro ao banheiro, preciso tirar o cheiro do hospital que está impregnado no meu corpo, assim como as mãos de todo aqueles médicos e enfermeiros que havia lá. Entro no chuveiro e me esfrego sem parar, não sei quanto tempo demoro, mas quando estou satisfeita, me sentindo limpa, saio e coloco um par limpo de pijamas.

Estou com um pouco de fome, mas sem nenhuma vontade de fazer miojo. Pelo que entendi Maggie ainda vai aparecer aqui pra me trazer meus remédios, com sorte ela traz algo comestível.

Vou para a cama e levo as prescrições médicas pra dar uma olhada no que a doida da psicoterapeuta prescreveu pra mim.

Para evitar a insônia é necessário

Ter horários regulares de sono;

Evitar dormir durante o dia;

Fazer atividade física pela manhã ou a tarde;

Não ingerir bebidas com cafeína a noite;

Comer alimentos leves no jantar;

Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;

Evitar lâmpadas, telas de computadores, tablets e celulares durante a noite;

Criar um local relaxante para dormir;

Fazer atividades leves a noite como: ler, meditar...;

Diminuir a intensidade de luz durante as atividades e não brigar com a insônia.

Teoricamente tudo fácil de fazer, com exceção da parte de luz, telas e afins..., esse povo é doido se acham que vou ficar sem minhas leituras noturnas.

Na grande maioria das vezes, eu leio no meu kindle, as vezes no celular, outras no tablet. É meio impossível diminuir a intensidade da luz deles, mesmo que o kindle tenha um dispositivo que amenize a claridade... enfim, vou ver o que farei sobre isso, mas sem ler eu não fico. Talvez eu aproveite que vai sobrar a grana do transporte e compre mais uns livros físicos. Adoro o cheirinho de livro novo e faz tanto tempo que não me dou nenhum de presente, que estou até com saudades.

Sei que pelo menos agora no começo, vou ter que seguir as regras pra ver se dou uma melhorada, o fato de não conseguir chegar no remédio a tempo, me deixou bem assustada, nunca tinha acontecido um episódio assim.

E seu eu tivesse ainda na quitinete e ninguém me socorresse a tempo? E se eu sangrasse até morrer? E se eu tomasse uma dose a mais de remédio?

Eu não tenho medo da morte. Sinceramente, as vezes penso que ela seria um alívio. Mas nunca, em sã consciência, vou deixar Cecil passar por um suicídio de novo. Mesmo que seja sem querer, ela não merece isso. Agora se eu não tiver consciência das minhas ações, aí fica difícil, por isso vou focar no meu tratamento e levar essa coisa a sério..., isso se os médicos me ajudarem a não ficar entediada com eles.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora