JUNTANDO OS PEDAÇOS

Capítulo 54 - Tristan Lucchesi

Deixo Selena em seu apartamento e a sinto um tanto quanto desiludida comigo, mas não tem jeito fácil de fazer isso. Do jeito que estou, com o desejo de meses acumulados, porque sim faz alguns meses que não saio com ninguém, desse jeito vou acabar metendo os pés pelas mãos e fazendo alguma merda e não é o que quero de forma alguma.

Não sei o quanto Selena entende de sexo, mas pelas conversas que tive com Maggie e Fred, sei que ela tentou namorar umas duas vezes, mas não saiu dos beijos.

Fred me contou que uma vez, ele teve que buscar Selena no hospital e tirar um cara da delegacia. Prenderam ele por tentativa de estupro. No primeiro ano da faculdade, Selena decidiu que queria "seguir em frente" sem preparo algum e quando o cara avançou, ela surtou.

Resultado, Fred desembolsou uma grana para o cara mudar de país e fazer tratamento, pois tinha sofrido abuso na prisão. Selena nunca falou desse episódio com ninguém, só garantiu que ele não abusou dela.

Mas da forma que as coisas são com ela, é bom sempre pegar leve e ir devagar. A verdade é que com qualquer mulher é bom pegar leve e ser claro na hora de se fazer entender e de entende-la. Algumas pessoas tem dificuldade de dizer não, outras (muitas) tem dificuldade de entender o não.

Não é não e pronto.

O tempo que leva para o elevador chegar em meu apartamento, não é o suficiente pra meu colega acalmar, então, deixo minha chave e carteira na mesinha da sala e subo para meu quarto.

Pego uma cueca samba canção de seda que gosto muito de usar nessas noites quentes e vou para o banheiro tomar um banho.

Combinei com Selena que em meia hora estaríamos conversando e pretendo cumprir o combinado, mas antes, como meu amigo não dá uma pausa nem amolece, resolvo me esvaziar ali mesmo no chuveiro. É até melhor, assim fico focado total e completamente, em satisfazer Selena.

Resolvido meu problema temporariamente e mais aliviado, finalizo meu banho, me seco visto a cueca e vou ver o horário. Ainda tenho cinco minutos, desço até a cozinha, pego uma taça e um vinho na geladeira. Me sirvo, guardo a garrafa e subo de volta ao meu quarto.

Não tinha percebido, mas estou ansioso. Achei que fosse por causa da excitação, mas agora vejo que não.

Tomo um gole generoso do vinho, pego meu celular e fone e me sento confortavelmente na cama, coloco o fone no meu ouvido e faço a ligação mais desejada dos últimos tempos.

_ Oi, minha linda. – Falo com a voz já cheia de desejo, porque a ideia de tê-la ali ao lado, simplesmente me deixa ensandecido.

_ Oi. – A resposta dela é um pouco seca, mas isso é da personalidade dela, não vou levar em conta, nem permitir que quebre a proposta da noite.

Ignoro seu tom e pergunto.

_ Tomou banho? Está relaxada?

_ Sim e sim.

Seca novamente. Vamos lá, ela tem que ter um ponto de ruptura.

_ Está na cama, deitada de forma confortável?

_ Sim e sim.

Nesse momento, já estou rezando pra que consiga quebrar o gelo dessa mulher.

_ Se esticar as mãos no gaveteiro ao lado da cama tem um fone sem fio, conecta ele ao celular, põe ele no ouvido e coloca o celular de lado. Me fala quando estiver feito.

Ela demora alguns minutos pra voltar a falar, chego a pensar que ela desistiu, quando penso em chamá-la, ela me dá sinal de vida.

_ Oi. Finalmente consegui. Ainda está aí?