Capítulo 55 - Selena Piacessi

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Acordo com a sensação de ter dormido o dia todo.

Meu corpo está leve e descansado, meu quarto está escuro, somente a luz do abajur clareia o ambiente.

Me espreguiço e vejo meus seios saltarem pra fora do lençol.

Minha primeira impressão foi de susto, mas depois me lembro do telefonema com Tristan e relaxo um pouco. Não me lembro de ter me despedido dele, nem de ter me coberto, mas me lembro da sensação de relaxamento deliciosa que senti antes de apagar.

Sento-me na cama e procuro meu celular para ver as horas. Em cima do meu celular tem alguns postites grudado na forma de um bilhete enorme em letras minúsculas.

"Oi, linda. Fiquei preocupado, pois você não me respondeu mais e desci pra ver se estava tudo bem. Descobri uma linda garota na cama, seminua e apagada. Não fica chateada comigo. Deus sabe como foi difícil te deixar aí..., lindamente sensual, perfeita, relaxada e subir pra ficar quietinho em casa, na cama, sozinho. Mas sei que tudo tem seu momento e eu vou esperar pelo nosso, o quanto for preciso. Me liga quando acordar, vamos tomar um café da manhã ou dependendo da hora, almoçar. Estou esperando. Tris"

Aquele homem era muito maravilhoso, não que eu tivesse muitos parâmetros de homens bons. Na minha escala de caras legais eu conhecia bem poucos. Na verdade, eu me interessei em conhecer bem poucos, mas os poucos que conheci verdadeiramente, para mim eram maravilhosos.

• Fred, pois, era meu cunhado e eu queria entender o que a Cecil via nele.

• Orlando, porque sempre vi Maggie e Teresa tecerem muitos elogios verdadeiros a ele.

• Theodoro e Tristan, uma vez que me permiti enxergá-los de verdade.

Fora esses, poucos homens permiti que se aproximassem o suficiente de mim pra saber se eram ou não bons de verdade.

Fred e Orlando, sempre procuravam me dizer, ainda que de um jeito estranho, que os homens não são perfeitos, que ninguém em si é. Mas que existiam homens bons e valorosos no mundo e tudo o que eu precisava era me abrir para o novo. Eles me ensinaram que preciso aprender mais sobre mim e sobre os homens em geral e que pra isso a comunicação seria a base de tudo.

Orlando era um homem de poucas palavras, sempre muito tímido e muito reservado, mas sempre que me via em qualquer situação de estresse corria em meu auxílio e sempre me explicava a real situação da coisa toda, sem meias verdades.

Foi ele que conseguiu arrancar de mim no hospital, o que tinha acontecido comigo e com o rapaz da faculdade. Foi ele que me disse claramente que se eu insistisse em não falar sobre o assunto um inocente iria pra cadeia. Foi ele que me disse sem preâmbulos que aquele menino tinha sido abusado em sua cela. Foi ele que me disse que eu deveria conversar com Fred pra intervir pelo garoto, uma vez que ele não tinha culpa.

Orlando me falou tudo isso sem em nenhum momento me acusar de nada, apenas me mostrando o caminho que eu tinha escolhido e os possíveis caminhos a seguir. Eu não dizia, mas o amava como a um irmão ou um tio, se é que eu sabia o que era isso.

Enquanto Fred, ouvia meu relato do ocorrido, não teceu nenhuma crítica, apenas segurou minha mão, acalmou meu choro e disse que ninguém mais precisava ficar sabendo, se eu não quisesse. E que eu poderia ficar calma, que ele iria resolver e tentar consertar tudo o que fosse possível.

Quanto ao Theo, ele me viu surtando, literalmente e só me estendeu a mão e me segurou. Nunca abriu a boca pra perguntar nada, nunca me julgou ou me condenou, apenas disse que sempre estaria ali se eu precisasse e ele estava. Muitas vezes eu o procurei depois disso, as vezes eu só queria estar perto dele e nos sentávamos no seu cantinho no heliporto do antigo escritório e ficávamos ali, um tempo sem dizer nada.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora