Capítulo 31 - Cecília Piacessi Giardelli

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Dia 30 de dezembro, o ano já está dando seu adeus, seus últimos suspiro e o dia também. Em algumas horas, será véspera do novo ano e eu rezo intensamente pra que esse novo ano, nos traga novas e boas coisas.

Esse ano que passou foi tão tenso, estranho, difícil.

Retornei a um ponto que achei que não voltaria mais. Surtei, como um dia vi minha mãe surtando, várias e várias vezes. Agredi meu filho, vi a dor e a tristeza no olhar do meu marido, abri mão da minha irmã achando que finalmente ficaria bem. Mas não foi assim que aconteceu.

Ontem quando Maggie chegou do seu encontro com Selena, me senti vazia. Eu amo a Maggie, Deus eu a amo demais e sou grata demais a ela, mas suas palavras... me senti tão distante de Selena, como se ela não existisse entre nós.

Será que Selena nunca mais voltará para mim, para nós???

Meu coração está pequeno e dolorido, olho meu filho brincando com seu novo cãozinho, passo as mãos pela minha barriga que já dá seus primeiros sinais de crescimento, me sinto tão afortunada por poder gerar filhos saudáveis, por dar a eles um pai e uma avó que são maravilhosos..., mas no fundo, me falta algo, me falta ela.

Estou me sentindo num estremo, num limiar. Me sinto um barril a ponto de explodir. Por sorte, Fred parece que não vai demorar muito mais.

Está quase na hora do jantar, ele disse que vai se atrasar um pouco hoje, pois está promovendo uma festa aos seus associados e precisa fazer a abertura, mas que logo estará em casa.

Não quis ir, estou me sentindo estranha, explosiva. Hoje consegui até brigar com a Teresa que é um doce de pessoa, depois me desculpei, mas a merda já estava feita.

Apesar de ser grata ao nosso trabalho, resolvi me dar alguns dias de descanso, longe de tudo, preciso voltar a centrar nas coisas que importam e não me estressar por bobagens.

_ Com licença menina. – Fala Tereza entrando na varanda em que estou com Timmy. _ Você tem visita.

_ Hoje Tê??? Hoje não, diz que não estou ou que estou dormindo. Estou sem cabeça pra receber qualquer um hoje.

_ A menina já tomou o medicamento hoje? Faz dois dias que não toma menina. Não deveria parar por conta.

_ Esses antidepressivos podem fazer mal ao bebê, depois não quero ficar dependente de medicamento e só pra saber, anda me vigiando por acaso?

_ Não, claro que não vigio a menina. Mas percebo que quando não está medicada fica alterada. Só acho que não deva parar sem ordem médica, mas quem sou eu pra opinar. Vou dizer a menina Selena que não está bem hoje, que ela retorne outro dia. – Ela diz se virando pra sair.

_ Quem??? Você disse que quem está aí? - Ela para e me olha, parece meio assustada com algo em mim, mas eu não me preocupo e grito. _ Pelo amor de Deus, Teresa. Se for a minha irmã, manda ela entrar logo.

Teresa se vira e continua a sair, eu tento me arrumar e me deixar o melhor possível, não quero que Selena perceba meu nível de sofrimento.

Assim que Selena põe os pés na varanda, Timmy se joga nos braços dela. Ela o abraça e o beija muito segurando-o em seus braços e meu coração se alegra.

Assim que Timmy se acalma, sem colocá-lo no chão ela vem até mim e beija meu rosto.

Ela está tensa e eu também, aparentemente não sabemos como agir uma com a outra, depois desses dias de separação. Num dia normal eu a beijaria e abraçaria, perguntaria as novidades e tomaríamos um chá, pois Selena ama chá, mas hoje não parece definitivamente um dia normal.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora