Capítulo 52 - Tristan Lucchesi

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Assim que Selena decidiu ir embora, meu corpo todo ficou em estado de alerta.

Eu queria alguns minutos com ela, na verdade, eu morreria por qualquer migalha que ela me oferecesse, tamanha era a saudade que sentia dela nesse momento.

Se eu lembrava do que tinha aprendido na terapia, de me priorizar coisa e tal???

Sim, o tempo todo.

Mas dentro de mim, eu precisava saber em que pé nós dois estávamos, eu precisava saber se tínhamos parado lá atrás e tudo tinha acabado pra ela. Se íamos continuar de onde paramos, ou se íamos escrever uma nova história.

Eu precisava saber, mesmo não sabendo se ela teria condições de me responder...

Aquilo definiria o rumo das coisas pra mim e isso não tinha nada a ver com me priorizar, afinal ter um relacionamento saudável nesse momento, era prioridade também e me incluía, ou seja, de um jeito torto eu estava me priorizando... ou me enganando, que seja.

Era completamente louco, ficar dependente da decisão de uma outra pessoa pra guiar a sua, mas as coisas entre nós estavam inominadas quando ela foi pra clínica e agora eu tinha que finalizar aquela etapa pra começar outra. Como ela disse, um novo ciclo.

Selena desce dez minutos depois, com carinha de quem chorou e se despede de Fred e Maggie.

Todos os outros já tinham ido embora. Maggie me entrega duas sacolas, cheia de presentes que compramos pra ela, e Orlando aparece ao lado dela com uma enorme caixa contendo bolo, doces e salgados.

Organizo tudo no porta-malas do meu carro, que já está com suas malas, tomando cuidado pra encaixar a caixa de guloseimas pra que não cai, ou vire.

Selena está nos braços de Maggie. Vou até a porta onde elas estão e beijo Maggie na testa, agradecendo o jantar e estendo a mão para Selena, que pega sem hesitar.

Abro a porta do carro para ela e assim que ela entra, eu a fecho. Dou a volta no carro e antes de entrar dou uma última olhada para Maggie que nos olha, pisca e sorri.

_ Muito cansada mocinha? - Pergunto ajustando o cinto e ligando o veículo, tentando deixar as coisas leves.

_ Um pouco, o dia hoje parece que teve trinta horas. Mas posso jurar que você está bem mais cansado do que eu. Sua carinha não nega. – Ela fala me analisando de cima abaixo e eu me sinto exposto, mas feliz por ela ter me notado.

_ Hoje foi realmente um dia bastante agitado na fábrica, pra uma sexta-feira foi bem fora do comum, eu diria. Sabe que as sextas sempre fechamos a fábrica as duas e o escritório as três. Hoje todos foram as cinco e uma boa parte ficou até as sete da noite. Foi bem tenso. – Respondo tentando esconder o fato de que a expectativa de vê-la mesmo que por breve momentos, me deixou mais tenso do que tudo.

_ Problemas? – Ela quer saber.

_ A nova estrutura, os novos maquinários. – Respondo mantendo a conversa nessa linha. _ Funcionários novos entrando, outros da fábrica voltando das férias coletivas. A divisão dos novos turnos. Nem o futebol que instauramos teve hoje. Estamos meio que nos adaptando a tudo isso, antes de pegar no tranco realmente.

_ Entendo. Eu queria perguntar algo pra você, sobre isso. – Ela diz ficando tensa. _ Ainda tenho meu emprego?

_ Claro que sim. De onde tirou que não teria seu emprego? – Questiono.

_ Bom, era pra eu ter começado na segunda e hoje faz cinco dias que faltei direto.

_ A sua psiquiátrica te atestou esses dias, mas ainda assim, sei que tem muitas horas extras. – Digo, pois, se ela faltasse o ano inteiro, ainda iria querer ela ao meu lado. _De qualquer forma, a Patrícia e a Maggie cuidaram de tudo. A Elza é bem chata com essas coisas de RH e mesmo eu ou o Theo quando faltamos sempre damos satisfação. Não fique chateada, não é nada pessoal, é só pra que tudo fique certinho mesmo e os outros funcionários não pense que há distinção entre eles.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora