Capítulo 43 - Tristan Lucchesi

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Fred e eu entramos na cozinha e ficamos um tempo parados, olhando um para o outro.

_ Vinte e um?

_ Café?

Perguntamos juntos.

Fred sempre está com um baralho no bolso, brincar com o baralho, segundo ele, aliviava seu estresse. No meu caso, o que me acalmava era café ou whisky.

_ Certo. Vinte e um com café. – Falo. _ Ajeita os copos. – Peço a ele enquanto pego o que vou precisar para preparar o café.

_ Se for pra fazer barulho esquece. Aquelas panelas velhas da lojinha de um real da Selena, só dá trabalho. Uma vez o cabo caiu da minha mão, só não me queimei porque fui mais rápido e pulei longe. – diz Fred reclamando dos utensílios de Selena.

_ Não vamos quebrar nada, nem vamos fazer barulho. Eu trouxe uma cafeteira e ela é bem silenciosa. – Falo já deixando tudo no jeito.

_ Poderia deixar de ser mão de vaca e mobiliar a casa dela com aquele tanto de coisa que ganha. – Salienta Fred.

_ Você também poderia fazer isso, ou a Maggie, dinheiro sei que não falta. Entretanto, tenho certeza de que a resposta que ela deu a você, foi a mesma que deu pra mim. – Digo enquanto guardo o pó e o açúcar que usei.

_ Certo. Vamos logo com esse café que ficar aqui assim atoa, sem poder estar lá, me deixa angustiado. – Ele fala e eu apenas concordo pois o sentimento é reciproco.

A máquina terminou o café e nos servi, enquanto Fred embaralhava e distribuía as cartas.

_ Pelo que vi hoje, estamos pertos de sermos parentes de verdade. – Fala ele, ajeitando a cadeira de frente pra mim.

_ Pra mim você é mais que um amigo, é como Theo, um irmão, logo já somos parentes. – Respondo me fazendo de tolo.

_ Deixa de ser engraçadinho porque você entendeu o que eu disse Tris. – Ele resmunga fazendo a distribuição das cartas.

_ Entendi sim. – Falo me arrumando na cadeira e o olhando. _ Mas não foi você mesmo que disse pra eu ir devagar, viver o momento e bla, bla, bla... então.

_ Cara, você a pegou no colo, ficou na mesma casa com ela sozinha por horas. Eu convivo com a Selena a mais de dez anos, ela nunca me permitiu chegar perto dela pra ajudar ela, nem quando ela precisou usar bota por quebrar a perna. – Ele sacode a cabeça, com um olhar tristonho. _ Acredita que ela se arrastava pela casa pra eu não tocar ela? Subia e descia as escadas se arrastando.

_ Eu dormi aqui ontem. – Digo, pensando na proporção das palavras dele. _ Ela apagou num lado do sofá, enquanto assistíamos um filme. Eu não quero ter esperanças ou criar expectativas, mas pelo que conversei com sua mãe, esses são grandes passos.

_ Acredite, eles são. – Diz ele com olhar abismado. _Mas então... isso quer dizer que você decidiu investir nela, de verdade.

_ Sinceramente, eu pesei os prós e contras. – Falo pois era verdade. _Você me conhece a muitos anos, sabe que eu nunca me interessei por ninguém. Nunca ninguém chamou minha atenção..., não assim.

_ Não mesmo. Não a ponto de você levar na sua casa, no seu santuário. – Eu sempre fui muito pudico e ele tinha razão. _Cara, eu passei anos ouvindo você brigar com Theo porque no começo ele traçava as garotas na casa de vocês e você ficava possesso de raiva. Quando eu a vi lá hoje, toda a vontade cozinhando...nossa!!!

_ E o pior você nem sabe... – Resolvo confessar. _ Eu ficava pensando coisas do tipo: Como ela ficava linda ali e como ela combinava bem com tudo que havia ali, como ela poderia decorar o ambiente, misturar os tons, as cores e deixar mais com a cara dela, com a nossa cara.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora