Capítulo 66 - Selena Piacessi

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Puxo Maggie num canto e peço.

_ Uma palavrinha... por favorzinho?!?!

Maggie não diz nada, apenas sai do quarto comigo e se senta numa das poltronas que tem na sala de espera.

Sento-me ao seu lado e seguro seu lindo rosto em minhas mãos, fazendo com que ela me encare, pois sei que ela aprecia falar olhando nos olhos, pra sentir a "sinceridade" alheia.

_ Sabe que eu realmente nunca quis magoar você, não sabe Maggie? – Digo já deixando as lágrimas rolarem, enquanto seguro suas mãos. _ Eu só não sei quando parar. Esse trabalho pra mim é tão importante que parece que é tudo que eu tenho, que é algo meu, só meu sabe. A Patrícia falou que é como um bote salva-vidas, fez sentido pra mim. Serve por um período, mas se ficar direto no mar se desgasta com o tempo. Eu só não estou conseguindo manter as pernas em terra firme.

_ Admiro uma pessoa quando consegue perceber suas falhas. Eu jamais te cobraria algo, se eu soubesse que não tem condições de dar. Mas isso, é algo que sei que tem. Pra aprender a cuidar de vocês Selena, também fui pra terapia. Também aprendi a me cuidar, porque preciso estar inteira pra cuidar de vocês. Eu entendo você e aceito que tem falhas, mas pra mim, você sabe que isso não será suficiente, não sabe? Me conhece o suficiente pra saber que não me deixo levar por palavras bonitas e carinha de cachorro maltratado. Eu aprecio muito mais ações do que palavras e você sabe muito bem disso. – Taxativa como sempre.

_ Muito justo. – Digo secando o rosto. _Está aberta a negociações???

_ Sempre.

_ E o que quer? – Que comecem os jogos.

_ Todos os feriados nacionais e um final de semana por mês durante um ano.

_ Aff... Pra que jogar pesado assim? – Pergunto já me imaginando na penitência.

_ Eu poderia ter pedido os regionais também, se encher muito faço isso. E tem mais, precisa ser com sorrisos e retribuições sinceras, do tipo fazer uma comida, arrumar uma mesa, cuidar do cachorro ou do seu sobrinho....

_ Sabe que eu não sou a Cecilia né. – Minha irmã adora ser a primeira dama perfeita.

_ Sim. Se fosse ela, eu recolheria os diários, desapareceria com todos os papeis e canetas e mandaria o Fred numa longa viagem.

_ Credo! – Essa mulher joga pesado.

_ Se não quer negociar..., já posso ir? - Ela diz tirando minhas mãos das suas.

_ Eu não disse que não quero negociar, só achei um absurdo o preço, mas eu vou pagar...se...

_ Sem "se", Selena. Você não está em condições de choramingar e eu não tenho saco pra mimimi. – Como eu disse, ela joga pesado.

_ Eu sempre posso choramingar, você aceita se quiser, mas aposto que vai aceitar.

_ Tudo bem. Vou ouvir o que tem a dizer. OUVIR, entendeu. E ouvir, definitivamente, não quer dizer aceitar.

_ Aposto que no fim vai aceitar... correndo.

Antes que ela resmungue novamente, abro a pequena caixa que trago no bolso já tem alguns dias.

_ Putz... Ele foi rápido, pensei que fosse esperar mais uns dez anos. Se bem que ele já mandou apertar o anel que era da mãe dele. Um rubi lindo, achei que iria dar ele.

Fico surpresa em saber que Tristan tinha a intenção de me pedir em casamento. Surpresa e feliz, mas não posso perder o foco.

_ Isso não é dele. É meu. Eu vou pedir.

JUNTANDO OS PEDAÇOSOnde histórias criam vida. Descubra agora