capítulo 64 (✓)

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"No fim do dia, quando milhares de corpos estiverem encarando um céu sem vida, ainda haverá vencedor?"

V I C T O R I A

Meu coração bateu duas vezes mais rápido quando encarei a capital, foi inevitável não lembrar de quando cheguei ali pela primeira vez, de quando tudo o que eu queria era fugir da minha antiga vida e entender o meu lugar no mundo.

Agora quase não consigo encontrar vestígios da garota que eu costumava ser, ela certamente não estaria de pé no topo da elevação, encarando portões que estavam prestes a serem invadidos, vendo um castelo que iria derrubar e com um rosto pétreo para o exército que matava centenas sob suas ordens.

Não há maneiras de vencer uma guerra sem fazer sacrifícios. Sem perder pessoas e sem ter de deixar de lado muitos dos seus princípios e limites.  A tirania, a barbaridade e a indiferença em relação ao sofrimento de terceiros pode ser justificada se for posta em prol de algo maior? Ou só nos faz parecer tão cruel quanto qualquer outro? Tão irrefreáveis por um objetivo que colocaria em risco o que fosse necessário para vencer. O que me faz ser diferente de Lisa? Saeom? Daaniel?

Encarando aquela batalha, me sinto pior do que todos eles.

O enfrentamento estava acontecendo planície abaixo bem perto dos portões de Vêrmenia, negro e vermelho se mesclando como pontos que tranforman-se em carcaça e depois em sangue e metal, quero correr até o embate, quero proteger meu exército que está claramente em desvantagem e destruir o Norte de uma vez por todas. Temos muitos homens, de diversos lugares, os de Levesnør lutam de uma forma, os rebeldes de outra, os que fugiram do exército do Norte e estão do nosso lado de uma ainda mais diferente, o treinamento de anos da guarda e o aço de suas armas junto com o trabalho unificado nós deixa parecendo apenas números.

— Não é certo ficar aqui olhando enquanto poderíamos estar ajudando eles!

— Toria. — Ben me encarou, com sua típica frieza, agora no entanto suas íris brilhavam quando me viam.  — Temos outra batalha bem aqui, deixe o enfrentamento para nossos amigos. — ele apontou para Lisa que se aproximava em um garanhão negro, acompanhada de guarda costas e de Saeom Astor.

Os dois haviam deixado a proteção da cidade por uma entrada lateral extremamente vigiada das grandes muralhas, cavalgando para próximo do declive que levava ao porto e posteriormente ao oceano imenso, era ali que as nossas frotas haviam desembarcado e era onde eu, Kalf, e Ben nos encontrávamos. Por alguma razão a rainha e o conselheiro acharam nossa localização e foram se certificar por conta própria até onde estávamos dispostos a ir. Queria dizer que o enfrentamento abaixo deveria ser o bastante para fazê-los ver que iríamos até onde fosse necessário.

Saeom sorriu com um rosnado.

— Você tem visto nossos números, Victoria. — Saeom proclamou fazendo Kalf e Ben ficarem rígidos ao meu lado. — Você já viu as torres vigias, os arqueiros a postos e mais do meu exército dentro da cidade, prontos para saírem dos portões caso decidam derrubar e entrar na cidade. Eu só preciso dar o comando e o seu exército estará cercado pelos meus homens dos dois lados.  Centenas morrerão, a maioria de seu próprio povo. Seus rebeldes farão parte da minha primeira onda de ataque, assim irei começar o dia matando aqueles que juraram fidelidade a você em Monte Rock, que foram contra seus irmãos e pais por você.  A segunda onda será Levesnør, destruirei seu aliado tanto que ninguém nunca mais ousará fazer aliança com uma Ferro. Minha retaguarda seguirá em direção aos seus homens que estarão tão cansados que nem poderão levantar as lâminas. Seu povo será massacrado, seus navios e bandeiras irão queimar. Depois que eu terminar, nenhum homem jamais saberá que um exército de rebeldes alguma vez esteve aqui. — Saeom se aproximou ainda mais. — Depois, irei decapitar sua cabeça e colocá-la em uma estaca bem no centro de Vêrmenia, mas não antes claro, de fazê-la ver seu queridinho Clevaran ser torturado. — seu olhar mórbido e sádico prescurtou todas as minhas partes. — Rebeldes nunca derrubaram Vêrmenia, e nunca irão.

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