capítulo 18 (✓)

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"A escolha de uma alma em prisão, disposta a tudo por mais um lance."

L I S A
1 ano antes

O Rei Freen estava na frente de um paredão com rosas coloridas. Uma mão jogada negligentemente sobre o braço do ferro negro e brilhante que em suas ondulações desenhadas e de aspectos parecidos com espinhos faziam o trono de Allen.

A Rainha Odeya residia no trono ao lado, e por mais distante que ela fosse do sangue escuro, apenas uma prima de terceiro grau, ainda havia muito de um Ferro nela. O príncipe Sam estava com sua coroa e Aída de onze anos e o pequeno Otto estavam logo atrás. No fundo da plataforma os guardas Campbell, descansavam suas mãos sob as espadas de seus cintos.

A barra do meu vestido branco florido deslizava pelo piso da sala do trono onde ocorria a festa de iniciação da temporada, a comemoração anual do aniversário de Vêrmenia. O tema do baile deste ano era primavera e cada uma das mulheres nobres e damas da corte estavam com um modelo exótico e requintado que lembrava flores e natureza. As rosas vermelhas em minha cabeça resplandeciam freixes rubro sob a iluminação dos lustres enquanto manifestantes de toda a riqueza do país desfilavam com trajes extravagantes em busca de assentos nas mesas ou um lugar na pista onde muitos dançavam em passos sincronizados com os demais e a orquestra.

Semicerrei os olhos por toda a extensão enquanto me mantinha reclusa perto das mesas de frutas, minha mãe sorria e conversava baixo com um aristocrata, como se ele fosse um confidente e cúmplice de suas baixarias. Senti um gosto metálico na boca ao encarar a cena, e ele não vinha do vinho.

Deixei a taça para trás e me esgueirei pelo salão sentindo meus pés falharem e a barra do vestido se enroscar no meu salto quando o chão ficou instável e eu perdi o equilíbrio, a queda era uma ideia certa antes de uma mão segurar minha cintura e me manter de pé.

— Tudo bem milady? — Olhei para o alto, para olhos castanhos e brilhantes, eu nunca o havia visto antes e ele me deixou sem palavras mesmo assim.

— Tudo.. eu tô legal. — Merda! Você pode fazer melhor do que isso, Lisa.

As mãos dele se desenroscam facilmente de mim, e é como se nunca tivessem me tocado, quando viro e me recomponho o vejo por completo, a farda e a espada. O símbolo dos Ferros, e o símbolo da Guarda.

— Eu nunca o vi. Quer dizer, eu imagino que seja novo por aqui não é? Ou não.. — minhas mãos estavam suando? — Na verdade nem moro nesse lugar, posso estar enganada, estou enganada?

Ele abre um sorriso, e todo o seu rosto se ilumina com aquela expressão. No mesmo instante percebo como é raro encontrar alguém que ainda faça isso, alguém disposto a sorrir com tudo o que tem.

— Não está, milady. É meu primeiro dia no Palácio.

— Nesse caso, seja bem vindo à corte.

Ele faz uma breve reverência, movendo o corpo e os braços para se inclinar até mim.

— Já me sinto honrado.

Tenho certeza de que estou corada quando ele se levanta, um calor que subiu pelo meu corpo e se instalou nas minhas bochechas. Seus cabelos são castanhos e desajeitados e ele parece muito jovem comparado aos demais guardas, podendo ter muito facilmente a idade de Sam.

— Já visitou o anfiteatro de Vêrmenia? é o maior de Stór. — digo.

— Não milady. Vivi na capital durante minha infância e passei por ele algumas vezes durante isso, sempre fiquei encantado, mas ainda não tive a oportunidade. Quem sabe um dia..

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