capítulo 21 (✓)

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"Não pode matar seus sentimentos como se fossem
uma criatura da qual têm medo. A dor faz parte de você."

                              V I C T O R I A

Minha face doía de tanto sorrir, aquela recepção era interminável e extremamente cansativa, enquanto eu lutava contra meu corpo para permanecer ereta, elegante e gentil como uma verdadeira filha da nobreza deveria ser. Emerald fazia o mesmo naturalmente, muitos dos convidados iam direto conhecê-la, sua popularidade era evidente e assustadora.

Nós sentamos na grande mesa para o banquete. A banda toca instrumentos de corda no canto e o calor das luzes aquecem o salão. A refeição está em fartura, e a abundância me lembra do dia que virá depois de amanhã, quando eu finalmente poderei fazer algo realmente útil, não ter apenas aulas de etiqueta, história e política e aprender sobre tecidos e cordialidade, todas essas coisas têm sua importância, mas não farão o efeito que eu espero. A mudança que Mark me disse que eu precisava fazer. Com aquela oportunidade eu poderia ir para a cidade e agir. Algumas comidas para a periferia não eram grande coisa, mas no fundo trariam mais resultados que um vestido azul idiota.

Esforço-me para me concentrar na comida porque Lisa está do outro lado da mesa com a família, com a confusão das últimas horas ainda não conseguimos conversar. Lady Amelia não costuma participar de nenhum evento da corte, sorte dela eu penso, e Owen também está distante, sentado ao lado de Jonh Whetword e do general de Lunar, o irmão do rei, eles conversam sobre alguma coisa e bebem do vinho caro.

Estou sozinha.

Com Ben ao longe na parede encarando todas as minhas ações. Aquilo era horrível. Olhar para Quara e sentir a vergonha escorrendo pelos meus dedos era péssimo, e não poder demonstrar nada daquilo era pior ainda.

Como o pato defumado e a batata com mel. Também chamo o garçom que está próximo de Emerald como uma bandeja para me servir uma taça daquele vinho.

A Clevaran está estonteante, com os cabelos claros marcados por uma tiara de joias vermelhas. A maçã do rosto pálido, corada por um pigmento artificial que também avermelhava seus lábios. Por um momento a mão dela se move e repousa na mesa junto a de Daaniel ao seu lado, ela olha para o noivo sorrindo, e aperta os seus dedos. Os mesmos dedos que tiraram meu sapato, que me cobriram com a sua jaqueta que ainda estava no meu quarto. Que me carregaram ensanguentada pelo Palácio, que tocaram a minha pele e o meu rosto.

Daaniel está impassível, ereto com um sorriso brilhante e perfeito, mas visivelmente distante. Meu olhar voou das mãos deles para o seu rosto. Meu coração gira devagar quando ele me nota, não havíamos nos falado desde o baile, porque essa havia sido a minha imposição, mas não por isso seja fácil encarar quem fez meu coração bater mais rápido e mesmo assim, ter que me esforçar para não sentir nada.

Emerald fala algo para o garçom depois o dispensa com uma das mãos. Ele vem até a minha direção e me entrega a taça que tanto anseio.

— Então os boatos são reais..

Graças ao latejar rápido do vinho na minha cabeça, demoro um minuto para identificar a voz, e mais um pouco para compreender que o comentário estava sendo direcionado a mim.

Mabdok o Rei, me olha, fazendo todo o salão ficar em silêncio e me encarar. Dando vez apenas ao som irritante dos talheres contra os pratos.

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