capítulo 25 (✓)

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"Quanto você estará disposto a pagar, quando o preço for cobrado?"

                                     L U C C A

Ainda é realmente nítido para mim o dia em que tudo mudou. Porque mesmo se eu quisesse muito esquecer, jamais poderia.

No antes, morávamos felizes na capital, eu, minha mãe e minha irmã. Embora a guarda fosse um destino inevitável que eu sabia que não poderia me esquivar, eu vivia bem. Mas as coisas mudaram, o meu mundo desmoronou, sem deixar resquícios de chances para uma reconstrução.

— Hey. — enxergo Lisa vindo na minha direção.

Estou discretamente escondido em meio às sombras de uma árvore quando ela se aproxima e pula em meus braços. Eu retiro seus pés do chão a girando no ar com meu rosto abraçado em seu ombro, a risada dela me enche de energia e o seu cheiro renova as minhas forças esgotadas.

Justamente quando estou prestes a me afastar, sua boca se suaviza junto à minha e ela me beija. Suas mãos quentes agarram minha bochecha para me trazer carinho e calor. Quando ela afasta a cabeça, permanece perto o bastante para eu sentir sua respiração em meus lábios.

— O quê faremos hoje? — Lis sussurra, arrancando arrepios teimosos do meu pescoço.

— O que você quiser. — acaricio seu rosto. — Mas temos que tomar cuidado Lis, não quero que as coisas deem errado para você, não suportaria que fosse punida por minha causa. — sussurro, com uma voz fraca e fragmentada, como uma represa prestes a se romper.

— Não quero que diga algo assim de novo. — ela interrompe, espantada, e baixa a voz: — Ninguém aqui vai ser punido. Eu prometo.

— Está bem. — escondo meus medos bem fundos, junto com todo o resto da minha história, tendo a sensação de que não sou apenas eu que faço isso, vejo nos olhos de Lisa que ela também tem muitas feridas, mais do que deixa transparecer.

Ainda assim nenhum de nós quer revelar nossas marcas, fico imaginando qual dos dois vai mostrar o seu medo primeiro? Quem vai arriscar dizer qual o tamanho da cicatriz que nos fere.

— Eu já morei em Vêrmenia antes, sabia?

— Não. Sério? — ela sorri. — Então vai ser meu guia nesta tarde, quero que me mostre tudo o que gostava em Vêrmenia, quais eram seus lugares favoritos..

— Eu era moleque quando vivia aqui, mas adorava ficar perambulando pelo bairro em que morava.

— Eu gostaria de conhecê-lo, você me levaria até lá?

— Faz muito tempo.. — mantenho a voz cuidadosamente distante.

Ela suspira e baixa o olhar.

— Por favor, Lucca. — Lis estala a língua, trançando os braços ao redor do meu pescoço. — Prometo te recompensar com alguns beijos.

Mordo meu lábio inferior involuntariamente.

— Golpe baixo Lisa Astor, Golpe baixo..

Ela dá uma gargalhada, antes de me oferecer a mão e irmos juntos para fora das sombras.

Tiro meu uniforme da guarda real, mantendo-me apenas com uma camisa comum que estava por debaixo, depois atravessamos as ruas principais indo na direção oposta do porto onde ficava o meu bairro natal.

O bairro está do mesmo jeito que me lembro, os pequenos prédios colados uns contra os outros, as pedras cinzas quadriculadas fazendo as ruas apertadas e o céu pequeno no espaço limitado de tudo.

— Aqui é o mercado das cascas. Onde cresci, também é onde você encontra tudo e qualquer coisa por um preço mais razoável do que no centro.

O espaço está cheio de pessoas vendendo. Homens em roupas simples de fazendeiros e mulheres com bebês nas costas, eles vendem especiarias, tecidos, comidas e gritam o refrão — Venham, Venham todos, comprem! — no zumbido geral de atividade. O ar está enevoado com a fumaça de pães que estão sendo assados e carnes sendo queimadas.

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