capítulo 56 (✓)

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"Enterrado entre sombras e pecados, o peso de todos os meus erros estão sobre mim. Como espera que eu seja algo, além de uma pilha de sonhos mortos?"

M A R K

— Depois do riacho, chegaremos no próximo vilarejo. Sugiro uma pausa na taberna mais próxima, para comermos uma refeição decente e recuperarmos as energias. O outro grupo de rebeldes que leva os resgatados nos encontrará amanhã no esconderijo.. — um dos rebeldes aconselhou, semicerrando os olhos cansados.

Estávamos divididos em dois grupos para evitar chamar a atenção da guarda, o grupo um (nós) estava indo na frente, limpando caminho e recolhendo o máximo de informações possíveis sobre o que aconteceu com a população no ataque. Aparentemente a maioria conseguiu fugir há tempo antes da cidade ser invadida e queimada, embora os números de feridos e mortos ainda sejam desumanos. O grupo dois levava as pessoas que os rebeldes resgataram em florestas e vilarejos, durante todo o processo estive presente, mas ainda não havia sinais ou mesmo pistas sobre a minha família conforme íamos nos comunicando com os sobreviventes e avançávamos na direção do novo esconderijo. Na maior parte do tempo aquela sensação de incerteza era assustadoramente pesada.

Se eles não estivessem no esconderijo para o qual estávamos indo, então certamente estariam mortos.  

Minha garganta faz um nó apenas com a ideia.

Os demais rebeldes que nos acompanhavam por aquele longo caminho atrás de respostas sobre o bombardeamento de Golden Fox apressaram-se para encher seus odres com a água cristalina e fria que corria pelo estreito riacho, aproveitando para lavar os rostos e descansar os pés.

— Não vamos parar! — neguei, estávamos apenas há algumas horas da verdade, eu não poderia simplesmente me sentar e comer enquanto minha família continuava desaparecida. — Se ficarmos chegaremos tarde. Descansar é perca de tempo.

O rebelde se remexe mas é Emerald Clevaran quem ergue os olhos e me encara.

— Fale por você, a maioria está esgotada até o limite, uma noite de folga não irá matar ninguém mas certamente se eu continuar com fome, irei. — rebateu pisando firme na direção do vilarejo enquanto os demais a seguiam. Graças a Deus essa mulher não era rainha, quais as chances de alguém sobreviver a Emerald com tal poder?

— Essa garota é insuportavelmente autoritária. — o rebelde comenta comigo.

— Eu estou ouvindo. — ela gritou ao longe e eu respirei fundo, pensando exatamente em quê momento decidi que beijar alguém como ela fora uma boa ideia? Onde eu estava com a cabeça afinal? Emerald me tirava o controle. E olha que por eu ser tão racional, era muito difícil perder meu equilíbrio.

Quando adentramos a taberna menos movimentada do centro, olhares curiosos de homens mal encarados que enchiam a cara percorreram nossos rostos, mas principalmente queimaram-se sob Emerald. Era difícil ver alguém como ela de fato, portanto eu entendia toda aquela atenção, sua beleza era exótica e sua classe inigualável, a postura daquela mulher e a forma como seus olhos eram ao mesmo tempo sedutores e maléficos deveria ser um crime. Com sutileza ela consegue que um dos atendentes a escute e depois some com ele lugar adentro.

O âmbito seguia o estilo clássico das tabernas simples do Sul com vários barris onde eles estocavam o vinho de má qualidade a cerveja barata e em alguns casos especiais a sidra. Os homens estavam interessados em bebidas e comida, mas de uma forma inconsciente minha mente só queria saber onde Emerald havia se metido e porque demorava tanto.

Ela surge longos minutos depois com o cabelo úmido e vestida em novas roupas. Um traje camponês, calça preta e blusa cinza que não combina com a delicadeza de sua pele mas que se modela muito bem em seu corpo.

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