"Cada uma das escolhas.
Cada uma das sombras.
Cada um dos degraus."V I C T O R I A
Não sei que horas eram quando finalmente consegui encontrar uma passagem próxima do meu quarto, atravessei o corredor com ódio suficiente para matar alguém ali mesmo, sem hesitar. Fiquei perdida vagando no escuro das passagens por tanto tempo que já planejei três tipos de mortes diferentes para Ben Cleveran, ao encontrar uma porta não me importei de saber onde ela dava contando que me tirasse daquele lugar o mais rápido possível.
Ao chegar na ante sala que leva ao meu quarto me deparo com ele sentado diligente na poltrona, as palavras grosseiras estavam na ponta da minha língua prontas para serem ditas mas ao avista-lo a ideia escorreu para fora dos meus pensamentos, Ben estava em um estado deplorável, os olhos vermelhos e fundos, visivelmente bêbado e segurando seu copo com um sorriso de zombaria.
— Um brinde ao jogo, — ele ergueu o copo na minha direção e sua voz sai áspera como uma lixa. — pensei que nunca conseguiria encontrar a saída..
A raiva estava latente contra as minhas veias, tão feroz , não penso nas minhas ações simplesmente pego a garrafa pela metade que está na mesinha e a jogo no chão com os dentes à mostra, Ben desce o olhar devagar para os estilhaços próximos dos seus pés, e para toda a sua bebida desperdiçada no piso, depois sobe as íris cinzentas até a minha direção. Apesar de todas as ideias sagazes que posso ver correrem por sua mente, Ben não tem o que dizer desta vez. Apenas observa meu peito se inflar em fúria.
— Sorte a sua que estou bêbado. — ele levanta o queixo e trava o maxilar, os movimentos do seu rosto, a forma como ele semicerra os olhos e me encara fazem o meu corpo inteiro formigar, mas não sei o que isso significa, para ser sincera, não quero saber.
— Sorte a sua que estou cansada.
Retruco por fim, colocando um ponto final entre nós pelo menos por aquela noite. Vou para meu quarto e embora esteja exausta, com raiva e cheia de medo por Lisa, por mim e por esse castelo. Me sinto um pouco mais segura por ter um monstro de verdade para assustar as sombras da porta.
Quando me levantei pela manhã Helena já estava presente em meus aposentos carregada por um semblante preocupado, questionei a mesma diversas vezes sobre o motivo de sua angústia mas não obtive nenhuma resposta, com o tempo optei por não continuar insistindo no assunto, quando a mesma se sentisse pronta falaria. Minha criada sempre foi carinhosa e prestativa e o mínimo que eu poderia fazer era retribuir tal gentileza com o tempo necessário que ela precisasse.
Tive aulas com Sofia e Firelw e após a minha última classe, Ben já esperava para me acompanhar até ao almoço com as mulheres.
Descendo os andares me deparei com o dobro de guardas nos corredores e um calafrio percorreu minha espinha quando senti a presença de dois deles atrás de mim, talvez esse fosse o receio de Helena.
— O quê está acontecendo? — questionei Ben.
Ele estava com um uniforme limpo, implacável e ereto com toda aquela sua altura assustadora. A noite passada parecia ter se tornado um borrão, ou pelo menos era o que ele queria que eu pensasse.
Sua mão puxa delicadamente o meu braço e eu fico surpresa por seu toque ser tão suave, Ben leva os meus dedos para o vão do seu cotovelo, permitindo que nossos corpos ficassem próximos e ele me guiasse. O encaro ferozmente mas ele apenas abre um sorrisinho perigoso e por alguma razão meus dedos se aninham nas mangas escuras da sua farda.
— Lady Lisa está desaparecida desde a noite passada, a segurança está implacável no palácio e na capital, se ela não aparecer dentro de 24 horas vão começar as buscas.
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Rainha de Ferro
RomantikOs Ferros governam Allen desde os primórdios. A dinastia inabalável fundou o país com magia, e fez do reino a maior soberania do continente de Stór. No entanto com os seus poderes adormecidos, o sangue escuro que rege a coroa começa a perder apoio p...