capítulo 57 (✓)

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"O Poder sempre foi poder. Somos nós que os corrompemos, nós o transformamos na ruína dos homens."

L I S A

Após a minha coroação, Catherine elegeu minha dama de companhia, organizou minha agenda, escolheu meus vestidos, cuidou da minha alimentação e controlou até mesmo a quantidade de batidas do meu coração. Minha mãe e eu nunca tivemos uma boa relação e inicialmente suportei aquela loucura, mas em uma noite de estresse entendi que eu era a Rainha. Eu. Lisa Astor, e que o poder do mundo estava sob minha mãos.

Sendo assim, em um ato de insanidade lúcida decretei que minha mãe não teria mais nenhuma autoridade sobre minhas escolhas, ela estava banida de seu cargo. Seria apenas uma moradora do palácio e parte do meu sangue, isso nos afastou ainda mais, criou um muro de rancor e mágoas gigantesco. Mas eu ainda preferia isso à sua interferência em minha vida.

Com um vestido vermelho com detalhes em dourado que eu mesma desenhei, brincos e uma coroa cor de ouro caminho pelo austero interior do Templo, passando por fileiras e mais fileiras de bancos cuidadosamente preservados com óleos. Não posso negar que minha parte favorita de ser rainha tem sua maior porcentagem nas roupas extravagantes que eu fazia questão de usufruir sempre que podia.

Inspiro e sinto o cheiro de incenso. São tantos degraus até o altar que minhas pernas começam a queimar.

— Vossa majestade. — O clérigo Jonh faz uma reverência quando me vê. Como dever real às visitas ao templo da capital são obrigatórias, mas ultimamente, aqueles passeios para fora do castelo eram os meus favoritos na semana.

— Jonh.— cumprimento-o. — Como se sente?

A luz calorosa do sol da tarde entrava pelas janelas, iluminando os vitrais coloridos.

— Muito bem vossa majestade. — Seus olhos sábios e antigos estão estreitos. Ele me guia até o altar onde acendemos algumas velas e logo depois vemos a fumaça subir em direção ao teto monumental adornado por desenhos magníficos.

— O conselho disse que fazia muito tempo na história de Allen desde que os governantes foram tão bem aceitos pelas casas nobres... — comento porque ele é um dos únicos com quem posso conversar sinceramente sobre como é ser rainha, Daaniel está sempre tão ocupado e embora seja meu marido no papel tudo o que temos é a nossa velha amizade, nunca haverá amor.

Não sei se um dia terei o amor na verdade, estive boa parte da minha vida apaixonada por Sam que era completamente louco por Emerald. Eu me perguntava como alguém como ele poderia gostar dela? Emerald nunca mereceu o trono, nunca mereceu o amor que Sam lhe dava, a atenção que recebia. Ela era uma cobra venenosa, uma assassina, o pior dos monstros cruéis e mesquinhos.

Eu estava naquele lugar por Sam. Porque sempre fomos próximos e imagino que eu teria sido a sua escolha para a coroa.

Lucca foi minha paixão mais intensa, uma aventura de dias épicos que se tornarão os mais felizes da minha vida. Mas era apenas isso, conforme os dias se passavam mais eu percebia que não o amava o bastante para sacrificar tudo por ele, para viver o resto de meus dias ao seu lado. Nem sempre grandes histórias precisam ser eternas.

— As famílias burguesas de fato estão muito contentes com seus esforços, minha rainha. É muito cuidadosa com os detalhes, tem classe e leveza. Allen precisava disso. — estou abrindo um sorriso quando ele hesita. — Como súditos, nós devemos amar nossa rainha, mas temo que os civis, as massas principalmente, não a aceitem.

Demorei um pouco para perceber que ele estava à espera de um pronunciamento meu. Limpei a garganta e tentei pensar.

— Estou protegendo Allen.

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