"Sempre seguimos nossos corações... para onde quer que nos levem. "
V I C T O R I A
Ele aperta minha cintura e eu o beijo mais. Duas vezes, três.
Me trazendo pro seu corpo, pra perto do abismo em que caio sem temor.
— Pode pedir por outro beijo.. — grunhiu ele no pé de meu ouvido com a respiração ainda muito quente e muito próxima da minha. A mão forte formando carícias preguiçosas das costelas até minha cintura. —...quando estivermos à salvo.
Falou, o alerta nas palavras começando a desfazer a máscara de calma arrogante.
Passos estavam próximos, o exército em nossa alçada.
— Só em seus sonhos eu pediria por outro beijo seu. — ergo os lábios abaixando a voz.
Os olhos dele desceram com o que eu só podia imaginar que fosse indignação masculina e exasperação.
— Isso nós vamos ver. — murmurou com uma risada sombria, a voz rouca e irritante, antes de me puxar para escuridão das árvores e começarmos a correr.
ههههه
B E N
Vê-la tão voraz e determinada no enfrentamento foi excitante e enfeitiçador, por mais observador que eu fosse aquele seu lado ainda era revelador aos meus olhos, aquela não era a Victoria inconsequente e falha que vivia no castelo, a frágil jovem órfã de uma língua afiada e mente impulsiva era uma mulher forte e destemida em uma batalha, cheguei a me perguntar o que ela poderia fazer com tamanha força se ousasse libertá-la mais vezes.
Quando Owen me contou que ela ficou para trás na fila após a confusão eu imaginei que a Campbell não aceitaria cruzar os braços e ver inocentes serem mortos. Eu tinha certeza de que ela estava do lado de fora lutando, só precisei de um pouco daquela paciência que não cultivo para encontrá-la e não tirá-la à força dali.
Após o beijo, quando nos afastamos, pude contemplar sua beleza por alguns instantes, aquele era um fato incontestável a todos, mas nunca foi o motivo de eu gostar de estar com ela, ela é inteligente, perspicaz, corajosa e ridiculamente altruísta. Suas opiniões e ideias podem levá-la à ruína ou podem fazê-la uma grande rainha. Eu sabia que Victoria já tinha tido muitas perdas para uma garota tão jovem, mas ela iria perder ainda mais.
Por Allen aquela garota teria que abrir mão de tudo... de sua bondade, sua liberdade, sua independência, seus amigos..
Como eu poderia dizer a ela que o caminho que estava tomando a transformaria em uma pessoa completamente diferente? Ela já estava na verdade. Semanas atrás eu nunca a teria beijado, mas fiz hoje sem hesitar. Duvido que exista alguma forma de se preparar para a guerra, embora saiba que precise. No campo de batalha não há espaço para lamentações ou súplicas. As preces não são atendidas e as lágrimas se tornam somente um pranto adormecido que de nada valem contra a lâmina do inimigo. O medo nos olhos dos soldados, o cheiro de morte no ar... como eu poderia dizer que era isso que a esperava?
Eu a puxo quando alcançamos os muros do castelo e o céu cinza inundou-nos com uma brisa fria e perturbadora.
— Deveria fugir. — alerto ela a puxando pelo braço. Eu estava tão cansado, o ataque, o resgate de Emerald, o controle dos guardas depois Victoria e essa batalha. Estava irritado, cheio de desgosto porque agora meu pai assumiria o poder através da minha irmã. O monstro que assombra meus pesadelos controlaria este país. Eu estava desesperado, tanto que foi quase impossível não estampar arrogância quando a puxei. — Por alguma razão os rebeldes parecem não estar contra você como imaginávamos, isso significa que talvez esteja mais segura aqui fora, do que dentro, no palácio.
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Rainha de Ferro
Roman d'amourOs Ferros governam Allen desde os primórdios. A dinastia inabalável fundou o país com magia, e fez do reino a maior soberania do continente de Stór. No entanto com os seus poderes adormecidos, o sangue escuro que rege a coroa começa a perder apoio p...