"Nascida do ferro, a herdeira das sombras se levantará para derramar a sua escuridão sob o mundo e renascer a antiga chama das cinzas"
V I C T O R I A
Os guardas conduziram-nos pelos corredores do prédio até os confins escuros da sala de jantar onde a maioria dos convidados já estavam reunidos, conversando entre si.
Trajando um vestido azul que exibia os braços e a maior parte das costas, Quara estava sentada na outra ponta da mesa sorrindo enquanto se divertia com os eyjianos. Eu nunca a tinha visto sorrir, sequer sabia que era possível. Perto do marido e da corte de Lunar Quara era restrita e intocável, mas aqui, em território inimigo, ela parece totalmente à vontade.
Ao meu lado Ben caminha, a mandíbula firmemente tensionada enquanto os músculos se movem sob a roupa limpa que lhes deram. Eu também estou com um traje novo, uma jaqueta, calças e uma blusa simples. Os eyjianos não eram muito adeptos a trajes formais e vestidos espalhafatosos já que todo o luxo era minimizado para manter os seus homens na fronteira.
Os olhos acinzentados de Ben estão correndo por todos os lados, avaliando cada situação como um profissional, fico pensando sobre como isso aconteceu, em que momento exatamente nossa relação mudou. Afinal, quando eu imaginaria que esse seria o meu destino? meses atrás enquanto ele me escoltava pelos corredores do palácio eu só poderia sentir ódio, e agora por ironia, Ben era o único a quem minha confiança estava depositada plenamente. Todos foram tirados de mim mas ele nunca deixou de estar ao meu lado, no pior momento e no ápice de toda a felicidade, Ben Clevaran sempre se manteve.
— Disfarça o olhar Victoria. — sinto a respiração dele próxima. Pisco rápido recuperando a lucidez. — sei que sou irresistível, mas estamos em público, Toria. — o sarcasmo e a malícia brincam em sua língua, por um momento esqueço do limite entre verdade e brincadeira. — Espere só até voltarmos para o quarto, então poderá olhar o quando quiser. Para onde quiser.
Sinto a garganta seca depois de certamente ter ficado vermelha. Ben nota minha expressão e deixa um tênue sorriso divertido escapar me acanhando.
— Cleveran por Deus onde está o seu juízo? — pergunto com um sorriso abafado.
Ben molha os lábios desviando os olhos da minha boca. Guardando as mãos no bolso e me confidenciando casualmente:
— O perdi no momento em que te conheci.
Ergo as sobrancelhas enquanto tento não parecer tão desnorteada. Estou prestes a retrucar algo quando o comandante se aproxima, ficando entre nós dois.
— Comandante. — o cumprimento, ele sorri dispensando minhas palavras.
— Edgar, me chamem de Edgar. — suas mãos se pousam no ombro de Ben e eu tento não rir da careta que Clevaran faz ao ter aquela aproximação palpável em seu corpo. Pobre Edgar, não sabe que o meu antigo guarda costas é totalmente alérgico a qualquer tipo de contato humano.
— Quando poderemos conversar a respeito de meus termos, Edgar?
O comandante estala os lábios casual.
— Tranquila. Aproveitem, comam, bebam, conversem com nossos amigos. Vamos ter muito tempo para isso, garota Ferro.
Me seguro fortemente para não revirar os olhos, Ben havia circundado em volta da mesa e adquirido uma garrafa enquanto Edgar se afastava para cumprimentar o restante de seus convidados. Cerro os dentes estressada antes de dar às costas para todo aquele aguardo ridículo e me sentar na cadeira da primeira mesa que encontro. Totalmente impaciente.
— Sei que esperar não é o seu forte linda, mas precisa ter paciência.
Ben dá a volta se sentando ao meu lado, depois vira um gole da garrafa.
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Rainha de Ferro
RomansaOs Ferros governam Allen desde os primórdios. A dinastia inabalável fundou o país com magia, e fez do reino a maior soberania do continente de Stór. No entanto com os seus poderes adormecidos, o sangue escuro que rege a coroa começa a perder apoio p...