capítulo 43 (✓)

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"Você é como uma oração pra mim. É a minha fé. E o meu mantra."

                                    M A R K

  Foi difícil deixar minha mãe para trás, meus irmãos, meu pai e a única vida que conheci. Desde criança eu sabia que aquele dia chegaria, mas quando Toria enviou a carta pensei que estaria livre do destino selado pelo estado, e até comecei a questionar o que queria fazer com o resto da minha vida. Ter possibilidades foi bom, mas durou muito pouco quando o destino do meu irmão também entrou na linha de fogo, e salvá-lo se tornou minha única ambição.

A guarda era feita de treinamentos rigorosos e renúncias. A nossa vida antiga, quem éramos, quem amávamos, tudo isso ficava do lado de fora dos centros. Era ensinado a não sentir e não se importar, porque essa era a única maneira de sobreviver. Mas embora eu tenha deixado muitas coisas para trás, Victoria não foi uma delas. Ela era a chama de uma esperança que queimava em meu coração incessantemente, era por ela que eu ainda estava de pé, e por ela que eu estava vagando naquelas passagem sem sentido algum, na direção do quarto de uma Rainha que concorda com tudo aquilo que fere tantos..

Pelo o que ouvi dos outros guardas, a coroação será daqui há uma hora, o que significa que mesmo que eu encontre a passagem ligada ao quarto da Rainha há tempo, ainda estaria correndo o risco de ser pego por alguma criada a aprontando para o evento. Eu precisava de uma distração, então fui atrás de Helena antes, assim como Victoria disse. Pedi a criada para avisar aos guardas na porta de Emerald que as outras poderiam descer para recolher os vestidos novos nas caixas para a Rainha. Não era a melhor opção, mas era a única distração que conseguimos pensar há tempo. Por sorte, quando finalmente abro uma portinha e caiu em um quarto banhado por ouro percebo que Helena se saiu bem, e só há uma criada no quarto principal.

— O quê houve, por quê estão todos tão agitados? — Uma mulher sentada elegantemente com seus cabelos pálidos pergunta a criada que amarra os fios em um penteado de tranças e cachos. Demoro apenas alguns segundos para descobrir que é Emerald que fala.

A criada é eficiente, move os fios da loira com graciosidade, ainda assim a pergunta a faz pestanejar por alguns segundos e Emerald percebe a falha,  porque para de mexer nos brincos para encará-la exigindo uma resposta.

— Minha senhora nesta madrugada muitas cidades foram queimadas e comércios saqueados pelos rebeldes.. — estou prestes a avançar mas paro quando escuto aquelas informações. A mulher que as dita parece assustada mais do que qualquer outra coisa. — Estão atacando todos aqueles de classe alta ou que apoiam o novo governo, existem boatos de que logo se uniram para tomar Vêrmenia, e o trono..

Consigo perceber que os olhos da futura rainha se estreitam um pouquinho. Ela encara o reflexo no espelho mal transparecendo o oscilar de preocupação por trás que a envolve momentáneamente. Fico pensando na força que ela precisa exercer para ficar neutra quando dispensa a criada com a mão e desaparece pela antecâmara do cômodo.

Aproveito do instante e silenciosamente me aproximo, enlaçando a criada pelo pescoço em um ato de surpresa e agilidade, apertando-a com toda a força antes que ela grite. Me sinto um pouco mal quando a mulher finalmente cai de joelhos e seus olhos tremulam e se fecham. Continuo agarrada a ela até verificar o ambiente. Por fim, solto a mulher e saio de cima.

Aprumo os ombros e avanço na direção da segunda parte do quarto, olho para frente e não encontro nada, estou mantendo os olhos franzidos quando sinto a presença de uma sombra vinda da direita, eu me viro, mas não rápido o bastante para escapar da lâmina fria dela pressionada contra meu pescoço em um ato habilidoso de incisão.

— Parado, — ela ordena. — ou eu destruo a sua jugular.— Emerald ruge e admito, estou impressionado.

A adaga firma meus movimentos em uma balança perigosa, mas eu me arrisco mesmo assim.

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