"Lute para saber quem é, mas quando descobrir. Esteja disposto a conviver com a resposta."
V I C T O R I A
A palavra medo não se encaixava na situação. Longe disso, talvez o receio, receio do quer que estivesse por vir.
Após ser paga em flagrante. O inevitável veio à tona, Eliz se apurou para levar-nos até uma área mais reservada, eu o senhor grisalho e sua dupla de guardas que de uma forma nada sutil me observavam com atenção, como se tomassem nota de cada traço do meu rosto, cada detalhe imperfeito da minha pele, cada novo caminhar incerto que meus pés davam. Meus tios nos deixaram compartilhar da privacidade, e eu os odiei por decidirem escolher respeitar o meu espaço logo naquele momento. Pelo canto do olho notei tio Germano se acomodando na cadeira da cozinha, segundos antes de um uniforme com medalhas militares bloquear a minha visão e eu me ver cercada pelos estranhos.
Me sentei em uma das cadeiras perto de nossa pequena lareira à espera de uma resposta enquanto o grisalho se acomodava em uma poltrona na minha frente. Seu polegar estava apoiado sobre a mandíbula, sustentando os dois dedos que usava para esfregar a têmpora. Ele vestia um traje diferente dos outros, um sob medida fraque escuro e requintado que me fazia questionar o tamanho da sua importância.
— Eu não acredito que lhe encontrei de fato. Que é real e está bem aqui na minha frente.. - suas primeiras palavras fazem com que minhas sobrancelhas se levantem.
A fina cortina de organza branca que cobria as janelas do recinto, impulsionou graças ao vento, aumentando e diminuindo a intensidade das cores que ousadamente invadiam a sala. Poderiam estar ali para me salvar, e em outra dimensão, talvez o fizessem.
— Eu não faço a mínima ideia do porque acha que me conhece.
Os lábios dele se transformaram em uma linha fina. Sua mandíbula se contraindo conforme me analisa com cuidado.
— Entendo seu ponto e para falar a verdade reconheço que possa estar certa sobre suas ressalvas. Acho que devemos fazer algumas apresentações antes de qualquer outra coisa. — ele era cauteloso e tinha uma voz suave, quase sábia. — Sou Lorde Owen D'Kast, faço parte dos cinco conselheiros.
Meus olhos se sobressaltam em um pulo. Aprendemos sobre os cinco ainda na escola, o valor e a importância que eles tinham sobre o Reino e como auxiliavam os escuros a reinar por séculos.
— Isso é impossível. — Minha voz sai fraca e logo se desfaz num eco tênue contra o ambiente.
— Sei que pode ser difícil de imaginar. Mas realmente é o que sou. Um conselheiro há trinta e cinco anos.
Eu gostaria de ter dito "sinto muito". Mas apenas torci o nariz e me calei.
— Por qual razão um conselheiro de Vêrmenia, um nortista da nobreza. Se arriscaria vindo para esse fim de Mundo.. — disparei sem hesito.
Mas há divertimento em seu olhar, quase como se estivesse ansioso por aquele momento. Esperando por brechas que o permitiram dar aquela resposta:
— Estou aqui por você, Victoria. — seus olhos brilham. — Viajei por quatro dias até Golden Fox para ter a certeza de que minhas teorias estavam certas, de que as pesquisas valeriam a pena. Amberly realmente teve uma filha..
— Como vossa graça sabe quem era a minha mãe? — O que você realmente quer de mim? Minha voz vacila mesmo na minha cabeça. Ela dói partes de mim que não reconheço e faz tudo sobre o que tenho certeza perder a gravidade. Todas as minhas convicções flutuam ao meu redor.
— Todos sabem quem é a sua mãe! Não seja ingênua..
Ele fala sobre Amberly com convicção. Como se conhecesse minha mãe mais do que eu.
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Rainha de Ferro
RomanceOs Ferros governam Allen desde os primórdios. A dinastia inabalável fundou o país com magia, e fez do reino a maior soberania do continente de Stór. No entanto com os seus poderes adormecidos, o sangue escuro que rege a coroa começa a perder apoio p...