capítulo 58 (✓)

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"Sangue do meu sangue, quando este mundo acabar e você for levada pela ceifa da morte, nós morreremos juntos."

                                       B E N

Ela estava no centro de tudo. Dançando em volta da fogueira e bebendo com os rebeldes que riam e contavam histórias, nenhum de nós que estávamos no coração daquela floresta tivemos muitos momentos bons, noites como aquela eram exceções em tanta constância de dor.

Após a nossa chegada de Eyja o caminho de volta para Monte Rock foi exaustivo e tenso, a guerra agora era algo palpável que assombra a mente de todos e que está esperando nossas chegadas no final do horizonte. Eu já lutei muitas batalhas em nome de Allen, liderei batalhões e promovi com orgulho carnificina e cadáveres, mas agora era diferente, meus motivos antigos eram por raiva e ódio, eu lutava para amenizar minha próprias frustrações e conflitos, fazia porque era bom e porque ser cruel fora a única coisa que me ensinaram. Mas Victoria mudou isso, trouxe honra para minhas batalhas sem objetivos, e luz para o meu coração perdido.

Olhei para o céu estrelado, para as montanhas que eram sombras de suas reais grandezas, e para ela..

Um dos soldados de Kalf brindou com Victoria, depois se aproximou e lhe confidenciou algo em seu ouvido, ao pé de sua orelha. Que merda era aquela??? Ele não parou por aí, também sorriu de algo que a fez gargalhar, por Deus o que poderia ser tão engraçado? Ele lhe estendeu a mão, no que eu percebi ser um convite para dançar, Toria aceitou, e então a mão dele se instalou em sua cintura e as dela em seus ombros.

Todo o meu corpo formigou, o colarinho da blusa ficando surpreendentemente mais apertado conforme eu encarava a cena e me sentia quente. Toria rio outra vez de algo que ele disse antes do mesmo gira-la em um pequeno espiral que na volta levou o corpo dela para ainda mais próximo do seu. O que ela estava pensando? Isso era algum tipo de punição? Estava tentando provar um ponto pra mim ao permitir que aquele estranho a tocasse tão íntimamente? Os meus dedos tremeram em direção às facas escondidas em minhas botas, a fúria borbulhando nas veias.

Não sei porque, não faço ideia de como mas eu levantei e caminhei até a direção dos dois. As luzes e o calor da fogueira ficando ainda mais intensos quando me aproximei e coloquei as mãos no quadril..

— Temos um imprevisto majestade. — falei com uma expressão séria, encarando o estranho.

— Estamos dançando Ben, não vê? — ela chama minha atenção com as sobrancelhas erguidas, em um desafio silencioso. 

O ar ficou repentinamente quente demais para ser aspirado. Respirei fundo.

— É urgente. — falei para Victoria com tanta autoridade que os que estavam em volta pararam imediatamente, como se aquela tivesse sido uma ordem de Deus. — E precisa ser a sós. — joguei a indireta pro dançarino de quinta.

O estranho se recuou deixando Victoria que cruzou os braços e me olhou seria. As pessoas estavam passando por nós, desacelerando o passo, olhando, mas eu mal as notava, considerava-os mais como uma intrusão do que qualquer outra coisa, recusava-me a permitir que eles me distraísse de reparar em cada detalhe de Victoria que eu pudesse.

— O que é tão urgente? E porque você foi tão cruel? Estávamos apenas dançando..

— Não seja ingênua Victoria, aquele cara não queria apenas dançar com você.

A Ferro me inspecionou franzindo a testa irritada. — Era só uma dança Cleveran.

— Não, não era.

— Sim era. — ela afirmou. — E se você me dá licença, quero aproveitar a festa..

Suas pupilas estavam baixas e sua voz melodiosa, ah mas não mesmo eu ia deixar Victoria bêbada dançar com um punhado de homens. Ela girou os pés na direção de outro grupo de pessoas que se divertiam e foi nesse instante que eu a puxei pela mão, levando-a para dentro do edifício o mais rápido que eu pude.

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