capítulo 38 (✓)

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"Os alicerces são firmes. Mas isso não é a certeza de que vão suportar o tremor quando a tempestade cair."

V I C T O R I A

   — Os últimos meses foram palco de uma série de situações dolorosas para os allenos, sofremos com a perda da família real e com o incidente no orfanato, nossas fronteiras estão ameaçadas e nosso trono também. Estamos aqui neste dia para decidir os novos rumos do nosso país e do nosso povo. A votação ocorrerá agora para eleger o novo soberano. — o homem faz uma pausa ensaiada. — Está iniciada.

Minutos haviam se passado, entretanto meu corpo ainda não havia se acostumando com a sensação agonizante que eu sentia cada vez que um novo homem se levantava rumo a declarar o seu voto secreto do papel em uma urna negra quadrada no centro. Minha mente dava voltas, antecipando todas as maneiras pelas quais tudo isso poderia dar errado.

Faltava apenas um, um sim ou um não poderiam determinar meu futuro. Owen capta meu olhar, sua expressão carregada de preocupação. Um silêncio pesado cai sobre nós, pressionando de todos os lados.

— Agora com a finalização dos votos feita, iniciaremos a contagem. 

Sinto tudo dormente, exceto a cabeça, que lateja. Minha boca está seca como areia e, embora eu tenha sido escovada, empoada e novamente ajeitada por Helena, tenho a sensação de que a noite em claro está escrita às claras no meu rosto. As últimas semanas me forçaram ao máximo, fizeram meu corpo e minha mente terem que se ajustar e trabalhar de uma maneira que nunca fizeram antes, o receio de iniciar uma vida nova desconhecida, os desafios enfrentados para me tornar alguém digna do trono e as perdas e renúncias do caminho. Tudo estava visível.

Toda vez que eu era fraca alguém morria nas fronteiras. Amélia estava morta, e eu era a única sangue escuro. Embora eu queira o trono uma parte de mim também deseja que Emerald e Daaniel sejam bons governantes, no fundo acredito que possam ser. O Astor pediu para que o libertasse, mas e se eu quisesse ser libertada também? E se o povo que grita em minhas costas merecesse esse destino? algo diferente de uma camponesa sem conhecimento e força. Uma mulher que é assombrada pela própria mente e fere o próprio corpo.

Uma Rainha que finjo ser mas que não sou, essas pessoas merecem algo diferente de uma farsa depois de tanta perca e sofrimento. Minha mente é uma névoa, mas, de certo modo, acho que isso é bom, estou exausta demais para me lembrar de ficar ansiosa.

Por alguns instantes o silêncio foi perturbador, mas quando o mesmo abriu o envelope e tomou postura para anunciar senti meu coração falhar. Ergui minha cabeça antes abaixada e admirei não os Lordes ou Duques a baixo, mas sim o povo fora dos muros, naquele instante uma brisa adentrou meu corpo. A aflição se calou e eu nunca me senti tão blindada como naquele instante. Eles fizeram isso, meu povo fez isso.

— Vida longa a sua majestade.. — O orador iniciou.

Arfei, com um sorriso leve nos lábios. Antes de virar meu rosto na direção da multidão, uma fresta de sol rugiu acima das pessoas e de uma centena de nuvens, atravessando o horizonte e enchendo os meus olhos.

— Emerald Clevaran e Daaniel Astor, os novos soberanos.

ههههه

B E N

— Ben, pensei que estivesse lá em cima.. — Owen diz surpreso ao entrar ofegante pela porta pesada do abrigo protegido por paredes de aço.

Seus olhos se incendeiam ao me ver.

Passo pelos homens que estão protegendo a entrada e franzo a testa ao me aproximar do lorde abalado.

— Não. Depois que tirei Victoria do caos e me certifiquei de que ela estivesse segura, corri atrás de Emerald para trazê-la até aqui.  — Expliquei, minhas veias ainda pulsando a adrenalina frenética que abalou o palácio nos últimos minutos.

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