capítulo 28 (✓)

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"Queria ter a casca grossa, ser impenetrável. Mas sou tão sensível, totalmente quebrável."

V I C T O R I A

Como prometido, Daaniel surge no meu quarto na noite do dia seguinte.

Seus olhos verdes vão do meu rosto ao meu vestido e ao travesseiro em minha mão que agarrei no súbito da surpresa. Quase vergo de alívio ao perceber que era ele na passagem e não um possível autor da minha morte.

— Pretendia me deter com esse travesseiro? — Ele sai da parede secreta e aponta para minha ação com uma expressão encabulada.

Olho para o material fofo na minha mão direita e dou de ombros.

— Pretendia.

— Ah, isso seria engraçado. — Ele coça a nuca e me dirige um sorriso. — Pronta?

— Claro, sobre o que quer tanto conversar?

— Ah não. — ele guarda as mãos no bolso da calça chique e levanta o rosto. — Quero te levar a um lugar antes.

— Você enlouqueceu? — pergunto inclinando a cabeça e erguendo uma sobrancelha. — Não vou passear com você tão tarde da noite pelo palácio. Até estar aqui é perigoso, quem dirá ficar perambulando pelos corredores vigiados..

— Vai ser rápido e seguro, eu prometo. — ele insiste. — quero recompensar você, sabe, por tudo..

— Quando Ben notar a minha falta certamente vai enlouquecer. — explico, gesticulando para a porta na antecâmara.

Os olhos de Daaniel brilham cheios de divertimento.

— E isso te faz querer fugir ainda mais não é?

Dou uma risada que entrega a minha resposta.

— Sabe. Você está noivo Daaniel Astor, e pretende me tirar do trono, tem certeza de que essa saída é uma boa ideia?

— O quê pode acontecer de pior, você querer me matar?

Suas sobrancelhas se levantam.

— Eu poderia. — admito com um sorriso perigoso.

— Eu sei que sim, eu já vi você acertar um homem na cabeça e quase matar outro no coração, mesmo assim, acho que vale o risco.

Observo cautelosamente sua expressão.

— Não vamos longe. — exigo. — E não estou recuando, ainda quero o trono tanto quanto você.

— Por mim tudo bem, eu entendo.

Respiro fundo considerando, eu poderia facilmente ter dito não. Se ele não tivesse sorrido pra mim, e feito as borboletas no meu estômago entrarem em colapso.

— Tudo bem.. — cedo por fim.

Triunfante ele vai até a lareira, se agacha e acende com a ajuda de uma vela o lampião que trouxe, depois caminha até onde estou e desliza sua mão livre pela minha cintura, com sua aproximação percebo que a pele dele é quente e o seu perfume gostoso, tão fino que entorpece meus sentidos. Seus olhos encontram os meus e de repente fico tímida. Aperto o passo deixando ele me guiar com cuidado para a passagem aberta, minutos depois e estamos fora do palácio de Ferro.

— Posso abrir os olhos?

— Ainda não. — o escuto dizer em um sussurro.

Eu estava prestes a contestar o fato de suas mãos estarem me impedindo de ver, mas todas as ideias de repreensão deixam meu corpo quando escuto uma onda se quebrar. O ar gelado e o vento forte tocam a minha pele e a leveza de um mundo livre beija o meu rosto com tanta força que esqueço sua audácia.

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