"Punhais de cristal e armaduras de gelo."
E M E R A L D
Estou sozinha em um bloco de solidão quando abro os olhos, quatro paredes com não mais do que o vazio e silêncio me cercam por todas as direções. Aqui não se parece com as masmorras do palácio, ou qualquer outro cômodo dele. Uma dor maçante se espalha por meus ossos quando mexo, não sei quanto tempo fiquei desacordada mas acredito que tenha sido o bastante já que uma seca desesperadora sufoca minha garganta constando que não devo ter visto líquido ou comida há dias. Ainda estou com o vestido da coroação embora a peça esteja em trapos e a expectativa longe.
Nada em meu corpo parece estar quebrado quando tento ficar de pé, embora um toquers no meu rosto traga à tona a prova de que a dor é real. Não consigo ver, mas posso imaginar pelo inchaço que meu rosto esteja coberto por hematomas que são uma tortura ao toque. Não faço ideia do que aconteceu, ou onde estou. O único que constato, é que nada disso terminará bem. Olho pra frente, o ar que entra vem por uma pequena abertura na porta, estou tentando visualizar além quando a pesada forma de metal é violentamente aberta.
— Acompanhe-me.
A voz do homem que surge é pesada e grossa, seus olhos escuros, indecifráveis. Não usa brasão nas vestes ou tem a marca da guarda, o que significa que posso estar muito mais ferrada do que eu suspeitava. Embora minha mente esteja em alerta e meu corpo com medo, não hesito ao me aproximar do homem alto e ríspido.
— E por que eu deveria?
Por um instante ele não diz nada, sequer olha em minha direção. Seu corpo permanece ereto.
— Porque acredito que queira saber o que está acontecendo.
Estou em chamas da cabeça aos pés quando o encaro de cima a baixo.
— Não confio em você brutamontes de quinta.
— Não estou pedindo para que o faça rainha fajuta.
Engulo em seco a raiva e depois ergo a cabeça, o acompanhando corredor a fora.
— Emerald Cleveran. — uma voz feminina e firme detona o meu nome quando o homem que me acompanha abre portas duplas e revela uma sala com mesa de mogno e uma série de mapas sobre Allen e o resto do mundo em uma variedade complexa que me assusta. — Ouvi falar muito sobre você.
Ainda estou hesitante, analisando o ambiente e ignorando meu estado deplorável quando ergo a cabeça até a sua direção no centro.
— É claro que ouviu. — lhe retribuo um sorriso amarelo antes de perceber que estamos a sós. Ela se mantém inexpressiva.
— Sente-se, — Ela endireita os ombros. — Os outros já devem estar chegando.
A ordem é fria e forte como aço. A mulher que o faz está empoleirada no canto da mesa, as pernas cruzadas de uma forma desleixada mas ainda assim perigosamente imponente. A figura alta de pele pálida e cabelos escuros me analisa com presunção quando eu me recuso a obedecê-la e fico ereta.
— Outros? O que está acontecendo? — a observo vendo como é jovem. É claro que está no comando de alguma coisa, embora eu não tenha ideia do quê. — Não vou sentar e sorrir enquanto me mantém com correntes e profere ordens.
A mulher aperta os olhos como se eu fosse uma incógnita e lança uma análise ardente para mim, mas já suportei pior. Nem estremeço. Entretanto antes que eu tenha a chance de contestar sua expressão de julgamento a porta lateral se abre outra vez e ela levanta os olhos enquanto descruza os pés.
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Rainha de Ferro
RomantikOs Ferros governam Allen desde os primórdios. A dinastia inabalável fundou o país com magia, e fez do reino a maior soberania do continente de Stór. No entanto com os seus poderes adormecidos, o sangue escuro que rege a coroa começa a perder apoio p...