capítulo 2 (✓)

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"A morte nunca esteve longe, mesmo para eles; aceitar o poder sempre significou fazer um acordo com o túmulo."

L O R D E    O W E N

O sol da manhã cintilou no domo do palácio, inundando Vêrmenia com uma promessa silenciosa de dias melhores que virão. Enquanto todos seguiam com os seus afazeres logo abaixo, nós sem oscilar os observamos de cima, como abutres do mar prestes a mergulhar e atacá-los. O escritório do conselho ficava no topo do Palácio cercado por vidros, com vista para o porto da capital. As velas dos navios, iluminadas pelo dia, brilhavam como fantasmas contra a água escura.

Além do Jardim, dos portões, e da florestas que mergulhava próximo dos muros o Porto vendia uma série de mercadorias trazidas de outros reinos e exportadas para outros continentes, todas distribuídas por comerciantes de Allen.  Gritos de crianças, burburinho dos negócios e o murmúrio de fofocas ecoavam pela distância, se moldando para atravessar a ponte e chegar na joia do país.

Três meses se passaram desde o terrível ataque contra a falecida família real, desde  então o caos é a palavra mais adequada para descrever a situação em que se encontrava o Reino. Allen sempre foi um país próspero e grandioso nos últimos anos as investidas do até então Rei Fren eram de maiores conquistas de terras o que fez com que Allen se tornasse o segundo mais poderoso reino do continente.

Entretanto, seu grande avanço causou danos internamente, danos que vinham sendo levados de forma maleável durante os últimos anos. As cidades nortenhas exalavam luxo e prosperidade devido ao seu comércio e influência externa, já os sulistas à beira da fronteira com o Reino inimigo viviam miseravelmente e lidavam com o desprezo da realeza perante ao seu povo, mas nada disso tinha grande significância perante ao aumento acelerado de riqueza e poder crescente no país.

Consequências aceitáveis.

Um preço a ser pago.

A voz popular era oprimida, até um grupo de massas sulistas desfavorecidas se unirem e buscarem justiça com as próprias mãos, formando assim os rebeldes que causaram assassinado a família real e ao reino, que agora estava sendo mantido provisoriamente pelo poder dos Cinco Conselheiros cujo eu, e alguns outros duques e lordes fazíamos parte.

— Todos os senhores estão mais que conscientes da situação em que Allen se encontra, conseguimos enrolar os líderes dos outros reinos por um tempo, mas é pouco eu lhes garanto, o povo e o país exigem um governante, se não encontrarmos um logo, poderemos nos preparar para a queda do país e a tomada do poder pelos nossos inimigos que agem dentro e fora da nossa região. — Duque Clevaran começava mais uma de nossas reuniões. O mestre da moeda era um senhor pragmático e racional.

A grande mesa redonda de pedra negra pura como o sangue primordial dos poderosos governantes de Allen, era um grande símbolo de poder exposta bem no centro da sala. Cinco cadeiras para cinco conselheiros a cercavam, os assentos ornamentados por raízes obscuras e profundas cuja força natural protegiam o Reino. Allen e toda a sua extensão se esculpiam sobre a superfície da grande mesa, um mapa antigo que relatava o percurso dos rios, as fronteiras contra os mares e países, as montanhas e florestas, cidades e vilarejos. Um império ao toque de nossos dedos.

— Precisamos de alguém que conheça o reino, a monarquia, seus princípios e que tenha em mente a prosperidade do nosso país, Daaniel é perfeito para o cargo, além do que, ele é carismático e o povo o adora. — o antigo primeiro conselheiro completou. Lorde Saeom era uma víbora oportunista e inteligente, o braço direito do falecido Rei Fren e a pessoa mais próxima do egocentrismo que eu conhecia.

Não que cada um de nós não tivesse sua própria parcela de veneno naquele jogo, mas sem dúvidas, Saeom jogava mais sujo do que qualquer outro.  Ele se aproveitou do momento de fragilidade para colocar seu fantoche no jogo; Daaniel era um bom garoto de fato, coitado não tinha culpa do tio que tinha. Sua ambição era notória, ele não escondia, queria todo o poder e riqueza que Allen poderia oferecer para si, e Daaniel era a escada mais fácil para o topo.

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