capítulo 34 (✓)

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"A chama de uma nação"

                              V I C T O R I A

Quando identifiquei o nome de Mark meu corpo inteiro pareceu falhar, minha visão queimava e se embaçava enquanto o resto dos meus sentidos gritavam para que eu sentasse logo. Fui para a beirada da cama e abri com mãos trêmulas o envelope:

Querida Toria,
Perdoe-me pela demora em responder suas cartas, sabe como sou alheio a esse tipo de comunicação. Mas hoje a saudade bateu mais forte e não consegui lutar contra ela.

Na verdade, o real motivo desta carta foi para avisar que a guarda chegou em Golden Fox como disse que chegaria, seu tio apresentou o papel que enviou com o selo real e o liberaram. No meu caso foi diferente, eles convocaram Ryan e eu, eu não tinha ideia de que estavam chamando mais de um por família mas é o que está acontecendo, eles devem estar desesperados para aumentar o exército logo. À essa altura já deve ter entendido aonde quero chegar, Ryan tem tantos sonhos Toria, você sabe, eu jamais deixaria um garoto de dezesseis anos ir para guerra, ainda mais sendo meu irmão. Eu dei o meu papel de liberação a ele e vim para a guarda em seu lugar.

Se essa carta chegou até você uma pessoa daqui de dentro conseguiu te enviar, eles não deixam que tenhamos contato com o mundo externo e por muitas vezes eu pensei em não avisá-la sobre onde estou, mas não faço ideia de como está o mundo agora e precisava falar com você, pode ser minha última vez Toria.

O centro de treinamento é assustador a princípio, é um lugar extremamente grande e de localização desconhecida, a segurança é extrema e a rebeldia inaceitável. Assim que cheguei fui mandado com os outros novatos até o chefe do local, ele era o responsável por nos dar um serviço, o mais engraçado era que fora deste lugar temíamos ser soldados e aqui dentro era a única coisa que queríamos ser, os mais novos eram encarregados da limpeza e de outros serviços até serem dignos do treinamento. Eu ao contrário dos outros não queria esse cargo, não queria ser um deles, vestir suas fardas ou lutar suas guerras, mas eles me consideraram forte e não tive escolha.

Meu colega de quarto Jon, (o mesmo que vai fazer essa carta chegar até você) me disse que eu tive sorte, mas não era assim que eu via. Ser um soldado é a única chance de sair vivo deste lugar, ele também me avisou. E se eu me esforçar posso lutar, ganhar reconhecimento e sair daqui. Só existe essa opção, quem não consegue ou vive o resto da vida nessa prisão ou morre tentando fugir...
Desde então eu compreendi meu lugar aqui, o meu dever. Eu vou ser o melhor soldado do batalhão, mesmo sem querer farei isso, serei até o amigo deles caso seja necessário. Porque eu tenho um propósito agora que me faz levantar da cama todos os dias e lutar para sobreviver, que me impede de me matar e desistir. Eu vou lutar para sair e ajudá-la. Não vou parar de tentar enquanto não chegar até você...vamos mudar Allen juntos. Seja forte anjo, preciso que seja, porque assim como milhares eu ainda estou vivo porque você está. É a chama dessa nação Victoria, nossa única esperança.

Quando terminei a carta, dei-me conta de que estava em prantos, com as mãos trêmulas e o papel embasado se distorcendo junto com as palavras na minha visão.

— Victoria. — murmurou Ben, se aproximando da cama. Mas eu balancei a cabeça e limpei os olhos.

— Chega de lágrimas. — digo. — Basta de choro. — abaixei a carta sobre meu colo. — Você esteve na guarda, não é? — pergunto com a voz falha.

— Estive. — Ben respira fundo. — Alguém que conheça foi para lá?

— Meu melhor amigo. — respondo, a sentença daquelas palavras se pressionando contra meu peito.

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