capítulo 51 (✓)

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"A coroa é desejada de fato. Por que no fim das contas quem não quer ser visto? Amado? Temido? Deixe meu nome ser escrito nos livros de história. Não importa qual seja a sua narrativa, contanto que eu seja uma lenda."

                                 L U C C A

— Sabia que Victoria pretendia fazer isso? — pergunto em um sussurro quando eu e Ben estamos relativamente seguros na tenda de Levesnør.

Ele e seus homens haviam montado um pequeno acampamento do outro lado do Vale, com o frio atingindo temperaturas ainda mais baixas nesta noite, optamos por nos juntar à eles. Havia fogueiras, comida, e camas quentes. Alena, no entanto, estava do lado de fora com o resto dos rebeldes vigiando a própria vigia de Levesnør, ela não confiava no ladrão, e nem eu para ser sincero.

— Não, sequer tivemos tempo para conversar. Ela morreu Lucca, literalmente, Toria morreu. E desde então mal teve tempo para respirar, sua cidade natal foi extinguida e pessoas que ela confiava mortas, os demais esperam que ela lute, que comece essa guerra, não importando-se com o fato de que ela visivelmente sequer têm forças para continuar de pé. Não creio que nesse meio tempo tenha restado algum espaço para ela me atualizar.

— Exatamente, ela precisa dormir e descansar um pouco.. — do outro lado da tenda Victoria está de pé em frente a uma mesa acertando termos com Levesnør. Eles discutem acordos, o ladrão não é um aliado maleável e embora esteja disposto a ajudá-la não me parece aberto para concordar com quaisquer ideias que não sejam as suas. Victoria tensiona o maxilar, e agarra os pulsos, esfregando-os por cima das luvas de frio. — Olha como ela está. Talvez esse acordo com Levesnør não tenha sido a melhor ideia, ele foi exilado por uma razão. Acho que ela pensou de cabeça quente..

— Não importa o que Levesnør é, porque não é tão diferente do que nos tornamos. Nós também somos desertores e traidores dos reis coroados. — Ben rebate apertando os dedos.

Traidores dos reis, de Daaniel e Lisa, minha Lisa. Dói ver o que nós tornamos, o que ela se tornou.

— Ele não tem tantos homens assim para valer a pena o stress.. — reafirmo. — seu exército é de criminosos, eles não têm a disciplina que enfrentaremos ao lutar contra a guarda de Allen que é um exército grande muito bem treinado e extremante armado.

— Victoria não quer se aliar a Levesnør exclusivamente por seus homens, ele disponibilizará só um quarto dos seus pelo o que percebi.. — Ben estava atento à conversa dos dois. — Ela quer navios. E ninguém tem uma frota tão poderosa quanto Levesnør, nem mesmo Allen.

— Por que ela quer navios?

— Porque ela vai esconder seu exército no mar. — Alena surge fazendo nos dois olharmos para sua expressão séria, após nos surpreender com a sua informação. 

Ela não parou de cuspir ordens desde que fomos instalados no local. Mas agora finalmente parecia disposta a se sentar um pouco, e foi o que fez ao seu colocar do lado de Ben na mesa onde estávamos.

— Exatamente. — Ben abre um sorriso pretensioso, ele era estrategista assim como Alena e ambos perceberam o plano de Victoria para despistar a união dos exércitos aos olhos da capital no momento em que viram Levesnør.

— Droga, a vadia é mesmo inteligente. — Alena resmunga servindo a si mesma com o vinho disposto no centro da mesa.

— Acha que mesmo que se ela conseguir um quarto dos homens de Levesnør, armas e navios será o suficiente? — pergunto.

Alena percebe meu olhar oscilar para Toria onde percebo que à luz de lampiões machucam os olhos dela e mostram as olheiras escuras abaixo deles e o tom cinzento do seu rosto. Eu estava preocupado, ninguém via como ela estava esgotada? Eu perdi Lisa, perdi o amor da minha vida por causa desse maldito sistema corrosivo de poder, não queria que Victoria se definha-se nele também.

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