Capítulo 46

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Yasmin Brunet

Por incrível que pareça, Wanessa não acordou com ressaca, pelo contrário, estava super disposta e animada com a ideia de aproveitar o último dia dela comigo. Agradeci mentalmente por isso. Apesar da conversa um pouco difícil que tivemos na noite passada, nosso jantar conseguiu ser maravilhoso. Nós conversamos bastante, rimos, cantamos um pouco de shake it off da Taylor Swift quando uma adolescente passou com uma Echo Dot com o som nas alturas. Enfim, nos divertimos. Com ela era fácil, me sentia bem ao lado dela como nunca me senti com nenhuma outra pessoa. Talvez seja por isso que eu tenha tanta urgência. Urgência de estar perto, urgência de consolidar nossa relação de uma vez, urgência de filhos, urgência de tudo que envolva eu e ela. Eu definitivamente preciso dela na minha vida.

Pela manhã, recebemos uma massagem de pedras quentes no spa do resort. No início da tarde, a convidei para um piquenique romântico na praia de São Brás. Queria fazer algo legal para nós duas, compensar ela de algum jeito que fosse. A paciência que Wanessa tem tido comigo é surreal.

Percorremos todo o trajeto até a praia com um buggy e chegamos super rápido no local.

— O que é tudo isso? — ela perguntou um pouco confusa.

No local havia almofadas, cobertores, flores frescas, um buquê de tulipas cor-de-rosa, uma tenda enorme e uma variedade de lanches e bebidas. Pedi todas as frutas que Wanessa gostava e os seus petiscos veganos favoritos. Talvez eu tenha pecado um pouco pelo excesso quando, no telefone, listei todas as minhas exigências à organizadora, mas queria que fosse romântico e inesquecível.

Um piquenique não era a minha primeira escolha ou até mesmo meu tipo de date favorito, mas dentre todas as opções, era o mais razoável para mim. De jeito nenhum, eu teria coragem de fazer algo no meio do mato, então a praia é o que mais cabe para nós duas. Sei que a Wanessa adora essas coisas que envolvam a natureza e atividades ao ar livre. Em várias das vezes em que falamos ao telefone, ela disse e repetiu algumas vezes que: "Meu bem, o meu sonho é ter uma casinha simples no meio do mato e ficar lá. Se eu pudesse morar agora no meio do mato, eu morava, mas ainda preciso estar na cidade por causa do trabalho..." Esse não é um dos meus sonhos, mas se ela pedisse, eu o faria. Sempre vou me esforçar para agradar ela o máximo possível.

— Fiz pra você! — exclamei.

— Eu jurei que fosse só um piquenique despretensioso na praia.

— Ai, você achou muito too much?

— Não... Eu achei lindo. Só que acredito que você não tenha feito tudo isso à toa. Tem algum motivo especial por trás disso?

— Tem.

— Qual, meu amor? Quero saber. — Wanessa falou, enquanto se sentava na almofada.

— Eu vou falar, mas enquanto eu estiver falando, não diz nada, por favor.

— Ok.

Suspirei fundo. — Bom, então vamos lá. É bizarro e talvez você me ache uma grande maluca e eu super entendo, Wanessa. Talvez eu seja um pouco... enfim, enquanto eu estava planejando tudo isso, eu pensei no que eu poderia te dizer, em como eu diria e foi difícil. Não difícil pela falta de sentimentos, mas sim difícil porque eu sinto tanto, mas tanto que é difícil falar pra você, sabe? Ter que expor de um jeito tão claro. Meu peito dói, fico nervosa como se tivesse uma apresentação super importante na frente de estranhos e fosse a minha primeira vez fazendo aquilo. Você me causa isso. Você me causa tanta coisa... — fui sincera ao falar. — Eu acho lindo o seu sorriso, a sua risada estranha e um pouco escandalosa, o jeito que seu cabelo acorda... Juro que até hoje eu tento entender como você consegue acordar igual a um leãozinho e ficar linda. Um dia você tem que dividir esse segredo comigo. — Dei um leve sorriso e continuei. — Eu gosto tanto quando você me dá carinho, quando me chama de "meu bem", quando me elogia sem motivo, quando me levanta de uma situação ruim e me dá os conselhos mais sábios da face dessa terra. Não é nada romântico falar isso, mas você tem um pouco do meu pai e da minha mãe no jeito de me aconselhar.

Rindo baixinho, Wanessa falou. — Freud explica...

— Amor, para! Vou rir e perder minha linha de pensamento. Quietinha, ok?

— Perdão, perdão. Volte a falar, por favor.

— Continuando, eu gosto quando estamos juntas e não tem mais ninguém. Eu gosto da nossa conexão. Desde o primeiro dia a gente já tava grudada uma na outra, começando a construir uma amizade linda, sincera e real que acabou crescendo demais e se transformando em paixão, em amor. Eu gosto do jeito que a gente se fala no olhar. Eu gosto da gente...Eu sei que você pediu que eu fizesse algo hiper romântico, mas era meio que impossível trazer a Celine Dion pra contar aqui. — brinquei. — Então, mesmo que eu não tenha conseguido fazer o pedido mais legal e mirabolante do universo, preciso saber se você quer namorar comigo e ser mais minha do que já é. Prometo te fazer feliz, cuidar de você, e me esforçar ao máximo pra ser a mulher que você merece ter ao lado. — finalizei.

— Agora você pode falar. — pontuei.

— Sim, é o que eu mais quero! Eu já te disse que não é de agora que sou sua. — ela respondeu. — Eu vou amar ser sua namorada... Mais do que tudo.

— Então, deixa eu colocar o anel em você. — Falei, mas o nervosismo me fez derrubar a caixinha no tapete.

— Calma, meu bem. — falou de modo afetuoso, segurando minhas mãos que tremiam sem parar. — Coloca aqui. — disse, estendendo a mão direita e levantando de leve o dedo anelar. — Perfeito! — um sorriso lindo se abriu no seu rosto. — Agora eu coloco em você. — Ela falou e eu estendi minha mão. — Acho que nós duas estamos oficialmente namorando. — Wanessa finalizou.

— Nós estamos... Ainda não acredito que seja real.

— Mas é! Agora eu sou mais sua do que nunca, Yas.

— Tenho sorte. — falei, fazendo um carinho em seu rosto.

— Eu também tenho. — Ela falou e sorriu para mim. — Ah, parabéns, viu?

— Por?

— Por ativar meu lado canceriano.

— Quer dizer então que consegui o quase impossível? É isso?

— Sim! Esse é o seu superpoder. Você me traz sentimentos e faz coisas comigo que nenhuma outra pessoa chegou a fazer. — Ela sorriu mais uma vez ao falar. — Eu te amo demais, Yasmin. — sussurrou, me dando selinhos demorados.

— Eu também te amo, minha Wanessa.

Nos beijamos e o som de fundo do momento era o barulho das ondas do mar e o leve som dos passarinhos. Nosso beijo era caloroso e regado por algumas lágrimas que começavam a escapar. Nós nos beijávamos sem a menor pressa, queríamos aproveitar ao máximo aquele momento. As mãos de Wanessa logo foram para a minha nuca e as minhas ficaram repousadas na cintura dela, me dando auxílio para que eu trouxesse ela cada vez mais perto de mim. Eu suspirava entre o beijo e já sentia que precisava de mais.

Quando o ar se fez necessário, paramos nosso beijo e falei. — Amor, quer comemorar no nosso quarto? — perguntei extremamente perto do seu rosto.

— Sim, meu bem. Nós duas precisamos... — Ela respondeu com os olhos fixos no meu e eu pude sentir meu corpo queimar.

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"(...) Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido: sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!".

) Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido: sentia um a...

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Amor I Love You...

𝘍𝘦𝘦𝘭𝘪𝘯𝘨𝘴 𝘠𝘢𝘯𝘦𝘴𝘴𝘢 - [𝐵𝓇𝓊𝓃𝑒𝓈𝓈𝒶]Onde histórias criam vida. Descubra agora