Capítulo 29

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POV ALICE

A parte da manhã foi bem tranquila, nada de interessante nas aulas, ou talvez seja o fato de que eu não consiga parar de pensar na Sant, e naquela cara de cretina que ela tem, mas é tão gata. Finalmente chega a hora do almoço, eu Malu e Amanda descemos para comer, optei por comprar algo na cantina mesmo, Amanda é meio estranha, acho que ela gosta mesmo da Sant, toda hora ela toca no nome dela, chega a ser irritante, conversamos algumas banalidades enquanto almoçamos.

Assim que acabo de comer, vou até o banheiro escovar os dentes, não demora muito e volto para a mesa que as meninas estão, vejo Malu chorando muito, e a Amanda tentando acalmar ela, sinto um aperto forte no peito.  Vou correndo até onde as meninas estão, e pergunto o que está acontecendo.

-Amiga é a Sant, ela...ela...- Malu soluça, e meu peito aperta ainda mais, não quero pensar no pior, mas minha mente não me obedece - Ela levou um tiro amiga, chegou no hospital desacordada, o BG não soube explicar direito. - Ela chora muito, vou até ela e a abraço, uma lágrima solitária e involuntária escorre do meu olho.

-Calma amiga, ela vai ficar bem, é da Sant que estamos falando. - Tento conforta-la.

-Eu não posso perde ela Alice, ela é como se fosse minha irmã, eu cresci com aquela idiota, ela quem sempre me protegeu de tudo, ela que me ajudou quando precisei, eu disse tanto pra ela não entrar nessa vida, e agora ela tá nessa, eu não vou suportar perde ela. - Ela chora agarrada a mim, vejo a dor dela, o quanto ela ama a Sant, a relação das duas realmente é linda.  Amanda observa tudo calada, visivelmente abalada também.

-Vamos até lá amiga, você sabe qual hospital ela está? - Pergunto, e ela faz que sim com a cabeça. - Vem, vamos, já estou pedindo uber.

-BG disse que ela está em cirurgia no hospital perto do morro, o estado dela é grava - Ela solução de novo.

Eu, ela e a Amanda saímos da escola, a diretora entendeu a situação e liberou a gente, o uber chegou até que rápido no hospital, dei graças a Deus por isso, a recepcionista aponta para um salinha de espera, e assim que a gente entra já vê BG ali, o TH, o Danca e outros dois caras que eu não sei quem são.

Malu corre até onde o BG está, ele a abraça e vejo ela desmoronar mais uma vez, vejo a Amanda indo para perto dos meninos que também a amparam, fico ali no meu cantinho perdida em pensamentos, não sei ao certo quanto tempo se passou, mas vários homens já passaram por aqui, todos vieram saber notícias dela, deram um calmante para Malu, e ela conseguiu descansar um pouco, cochilar na verdade, mas toda hora acordava perguntando pela Sant, isso partiu meu coração.

Vejo uma movimentação estranha no corredor, e as outras pessoas na sala percebem também, escuto alguém gritar código azul, não sei se eles sabem o que significa, mas resolvo não fazer alarde, vai ver não é a Sant, espero que não seja. Menos de 5 minutos depois, um médico entra na sala, a cara de cansado.

- São vocês que estão esperando notícias da moça? - O médico pergunta.

- Moça não que ela tem nome, é Sant. - Malu retruca pro médico que fica sem graça. Murmuro um pedido de desculpas sem emitir som.

- Desculpa mas é que não tinha nome na ficha dela, mas eu vim trazer notícias infelizmente não são boas. - Ele nos olhar com olhar compreensivo. - A bala se alojou próximo ao coração, tentamos retirar sem comprometer o coração ou qualquer outro órgão, mas ela teve duas paradas cardíacas, nesse momento ela está sedada na UTI, ela está com o peito aberto, protegido é claro, mas ficará em coma induzido até o corpo dela expelir a bala por conta própria ou ela aguentar uma nova cirurgia, ela perdeu muito sangue, está debilitada. - Ele fala e minha cabeça parece dar um pane, é muita informação, ele não vai dizer, mas nessas condições as chances dela sobreviver e sem sequelas são bem pequenas.

Malu, Amanda,BG,TH e Danca parecem processar ainda o que o médico disse, no fundo eles não imaginavam ver a parceira deles nessa situação. Resolvo me intrometer, sei que não sei ao certo se é a pergunta adequada a se fazer, mas eu preciso.

- Qual o prognóstico DR.? - Pergunto e ele me olha.

- Olha....- Digo meu nome- Olha Alice, é difícil dizer nessas circunstâncias, o quadro dela é difícil, as primeiras 48hrs são as mais críticas,se ela conseguir ficar estável, é um bom sinal, ela é uma mulher forte, saudável, vai dicar bem, mas eu preciso dizer que aqui não temos muito recurso, a gente não pega cirurgia grande assim, eu recomendo transferir ela para o Hospital da Barra. - Ele orienta.

- Te passar a visão do bagulho, você vai entrar lá, vai fazer o possível e o impossível pra ela ficar bem,se ela morrer tu morre também, pegou a visão? - BG ameaça ele de um jeito que até eu fiquei assustada. O médico fica tão assustado que sai da sala correndo, vou atrás dele e peço desculpas, pergunto mais algumas coisas e volto pra sala de espera.

Assim que volto pra Sala, vejo o Danca dando socos na parede e dizendo que é o culpado, TH está com ele, tentando fazer ele parar, meu coração doi ainda mais, BG em nenhum momento deixa a Malu de lado, ele tá sendo forte pelo dois. Toda essa situação mexeu demais comigo, não vou deixar a Sant aqui, não vou mesmo, saio da sala e vou até o lado de fora do hospital.

Mando mensagem pra Luca pedindo o número do Rodrigo, ele é filho do Dr. Diego, um dos melhores cirurgião que eu conheço, ele trabalha no hospital da barra, e é amigo do meu pai, ele não me negaria isso, negaria?

Luca me manda o número dele e ligo, ele demora um pouco para atender, mas atende.

- Alo!? - Ele pergunta receoso.

- Rodrigo? Sou eu, Alice, tudo bem? - Respondo.

- Oi gatinha, quanto tempo, depois do nosso jantar você sumiu. - Ele fala, e minha mente vai até o dia que saímos para jantar, saímos no ano passado, jantamos, ficamos, e ele me deixou em casa, depois disso não dei mais notícias, me sentia estranha, sei lá.

- Verdade, me desculpa por isso, mas você sabe como meu pai é, não me deixava sair, ficava me controlando, mesmo eu explicando, ele achava que estávamos namorando. - Minto.

-Seu pai é maneiro - ele ri e eu reviro os olhos - Eu não ligaria de namorarmos. - Ele fala e reviro os olhos de novo,chatice.

-Imagino que sim, peço desculpas por ter sumido, mas eu realmente preciso da sua ajuda, seu pai ainda trabalha no hospital da barra? - Pergunto e ele diz que sim, e me pergunta se está tudo bem - Na verdade não, uma amiga está muito mal no hospital, levou um tiro no peito, ela precisa de cirurgia, e seu pai é o melhor. - Falo com ele.

-Caralho Alice, um tiro no peito? que porra é essa? - Ele pergunta chocado.

-Prometo que lhe explico tudo depois, longa história, só preciso saber se seu pai pode ajudar? não importa os custos, eu vou arca com tudo. - Eu falo, eu só preciso que ela fique bem e viva, eu pago o preço que for.

-Você é amiga da família Alice, tenho certeza que meu pai vai ajudar, fica tranquila, sua amiga vai ficar bem, vou ligar pra ele, e volto a te ligar, fica calma, ok? - Ele diz.

-Muito obrigada Rodrigo, você é o melhor. - Digo e desligo a chamada.

Volto lá pra dentro, onde todos estão, resolvo não falar nada por hora, vou esperar dar certo primeiro, conheço a Sant a tão pouco tempo, ela já me fez tanta raiva, quando voltou e não me deu notícias, mas ela com aquele jeitão dela realmente me encantou, e agora vendo essas pessoas aqui por ela, vejo o bem que ela faz a essas pessoas, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra que ela fique bem.

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