Capítulo 54

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POV SANT

Depois de deixar a patricinha na casa dela, voltei a milhão pro morro, a garota é mo marrenta mano, não quis pegar o dinheiro, mas tem um bagulho que ela falou que ficou na mente, vou doar o dinheiro pro hospital daqui da comunidade, a galera ta morrendo ai por falta de assistência, e se não for nos a mudar o bagulho, filha da puta nenhum vai mudar nada não.

Guardo essa ideia na mente e vou direto pra boca, voltamos pro morro hoje cedo e Mutante não quis ficar off, deu uns pontos, tomou uns rendeiras porque a Malu obrigou ele, e já foi pra boca trabalhar. O bagulho tá ficando doido agora, ele me falou um bagulho mais cedo que não engoli não, ele vai ter que abrir o jogo.

- Não sabe bater na porta não caralho. - Mutante resmunga quando eu entro na sala.

- Relaxa a mente ai filhão, até ontem, essa sala era só pra mim, e outra, nem aqui era pra tu ta. - Falo com ele,  vou pro armário e pego um pedaço de maconha pra fumar.

- Vou descontar essa porra do seu salário, tá acha que é assim po? tá mal acostumada mermo. - Caralho, voltou mais chatinho do que antes.

- Tá cri cri pra caralho você, papo reto. - Reclamo com ele, cara chato.

- Tu pensou no que eu disse? - Pergunta. Olho pra ele que fica olhando pro computador.

- Não vou me aproximar da mina só porque tu quer não Mutante, tu tava na casa de sabe lá quem, nos te achou na sorte, tu tá escondendo algum bagulho, e quer deixar nós no escuro? Rasgo o verbo logo. - A num fode, ficou sumidão ai, e quando volta tá cheio de k.o

- Caralho Sant, tu confia em mim não? Nunca falhei contigo, cofia no papo que eu to dando, cola na mina. - Ele fala e agora me olha, olhar distante, tá mandado isso.

- Mutante, não fode porra, tu pode ser meu tio, pode ter assumido os bagulho ai quando meu coroa morreu, to fechada contigo, tu sabe, mas se ficar de k.o não dá pra te ajudar, se não falar eu não vou pular na bala por tua cara não. - Quer jogar uma responsa pro meu peito e não fala qual foi do bagulho, não fode.

- Tu é pior que teu pai, sopor Deus. - Meu pai era teimoso pra caralho, mas corria pelo certo, sempre fez o justo, nisso puxei ele. - Vou abrir o jogo, mas essa fita morre aqui, segredo de estado.

- Jae, vai falando. - Sento de frente pra ele e começo a apertar um.

- Falei pra tu se envolver com a riquinha lá, pra chegar no pai dela, reconheci ela desde o primeiro baile que a Malu trouxe ela pra cá, mas acontece que o bagulho é mais embaixo do que todo mundo pensa. - Ele fala e respira fundo, levanta e pega a pasta que trouxe da casa lá.

- Posso ser filha da puta Mutante, já fiz muita merda, mas se envolver com a mina só pra fuder o pai dela, essa missão não é comigo não, friso? - Nem fodendo vou fazer isso com ela.

- O bagulho é mais complicado do que tu acha Sant, você entrou nessa vida sabendo, matar ou morrer pela firma, e agora tu tem que provar isso e honrar o teu sangue, o pai daquela menina é um filha da puta. - Quando ele fala do pai dela, dá pra ver que ele tem muito ódio.

- Não to entendendo, chega no ponto do bagulho lago Mutante, porquê tu odeia o cara? - Pergunto pra ele, ele senta na minha frente com o envelope na mão.

-Vou te contar uma história, esse papel aqui na minha mão vai comprovar o que vou te falar. - Faço que sim com a cabeça e ele volta a falar.

- Tu já sabe de uma parte da história minha e do meu irmão, o seu pai, mas tu não sabe a história completa. - Olho pra ele sem entender. - Éramos em 3, eu, teu pai, e um amigo nosso, era pique tu, a Malu e o BG, nós três era fechamento, o terror mermo da favela, ou corria com nós ou corria de nós. Tempo foi passando e nois foi conhecendo o lado ruim da vida, esse outro moleque era o pai da riquinha. - Olho pra ele chocada, não é possível - Teu pai sempre foi o mais velho de nois, ele foi o que se envolveu primeiro, teu pai sempre foi correria, sempre agiu certo pelo certo, nunca se vendeu, então de vapor, ele se tornou gerente, que se tornou braço direito do Paulinho. Paulinho cresceu com nós, quando o pai dele morreu, ele assumiu o morro e logo puxou teu pai junto. Seu pai se tornou Bazuca, não demorou muito ele fez a mente do Daniel, antes dele se tornar boy, ele era favelado po, na escola a gente chamava ele de Daniel papel, porquê ele era branco pra caralho, sempre teve cara de playboy, quando ele se envolveu, o vulgo dele era boy. - Então o boy que meu pai tanto falava era ele, caralho.

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