Capítulo 71

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POV SANT

O bagulho tá doido, parece que o mundo virou de ponta cabeça, invasão no morro, Mutante morreu, o morro tá na minha responsa, a patricinha tá internada por causa do pai dela, o filha da puta desapareceu do mapa. No dia da invasão tinha uns manos meu seguindo ele, mas o desgraçado fugiu de helicopetro, e ainda estampou minha cara em tudo que é lugar.

Por causa desse comédia não to saindo do morro, policia de tudo que é lugar tá tendo invadir aqui, to perdendo soldado pra caralho, o morro tá ficando enfraquecido, e eu sei que é tudo plano daquele verme, mas se ele acha que vai me vencer, tá muito enganado, o que é dele tá guardado. Por esses dias, deixei a Machado de prantão no hospital, sei que ela gosta da malucona lá, e me perco a cabeça sabendo que é ela que tá do lado da Alice e não eu, mas enquanto eu não acabar com a raça do pai dela, eu não posso ficar perto.

Eu consegui ir no hospital ver ela, foi rapidinho, mas dá nada, consegui ver ela, e porra bagulho ruinzão, ela daquele jeito, nem parece a minha garota, ver ela desse jeito só me deixa com mais odio, de mim, do pai dela, de todo mundo, me sinto impotente, sem saber o que fazer, e agora a desgraça do pai dela sumiu, deve te dado fuga, e se pá sumiu até do país, mas dá nada po, vou achar ele, nem que pra isso eu tenha que ir no inferno.

Saio de casa e vou pra boca, ultimamente tenho ficado mais lá do que tudo, só resolvendo b.o dos outros, falando em b.o, Malu não tá falando comigo e eu acho que ela e o BG não estão nada bem, e sei que a culpa é minha, mas porra, como eu vou resolver essa merda toda? Malu é minha melhor amiga, minha irmã, e ver ela assim me mata, ela não tá indo pra escola, mal tá comendo, vai no hospital sempre que pode, da pra ver que ela está mal, queria ajudar, mas nem comigo tá falando, tá negando voz desde o dia da invasão.

Chego na boca e encontro com BG, o mano tá só o pó, não dorme, não come, fica na boca fumando o dia todo, eu sei que ele é amarradão na Malu, e essa situação é foda pra ele também. 

- Caralho irmão, você tá podre hein, vai comer algum bagulho, tomar um banho - Falo com BG e dou um tapa em sua nuca, ele tá sentando com o pé na mesa fumando um.

- Se fude não Sant - Ele resmunga e eu rio - Tua prima é foda, tá me negando voz, já tentei explicar o bagulho pra ela, que não tive nada haver, mas quem diz que ela escuta? A maluca ficou mais triste pela amiga do que pelo pai. - Isso é verdade. 

Quando contamos pra Malu o que tinha acontecido, ela ficou em choque, chorou pra caralho, mas no outro dia já estava de pé, mas quando soube da Alice, que ia tava em coma, a mina surtou legal.

- Malu é complicada mano, tá me negando voz também, e o pior é que to sentindo falta dela pegando no meu pé - Eu falo e me jogo no sofá que tem ali, acendo um.

- Imagine eu po, consigo nem ficar em casa, tudo me lembra ela, até a cama tem o cheiro dela, e pra me maltratar mais, ela nem pegou os bagulho dela que tá lá em casa, deixou tudo lá, roupa, creme, perfume  e os caralhos, eu entro na casa lembro dela, sei nem mais o que é dormir, só consigo dormir com ela. - Ele tá mal mesmo, né segredo que BG é pau mandado da Malu, e agora que ela não tá falando com ele, o cara tá maluco, se isso é sofrer de amor, eu vou morrer solitária.

- Relaxa ai irmão, na hora certa ela vai voltar, ela é chatinha, mas ela te ama po, daqui a pouco vão tá junto ai de novo. - Tento amenizar a situação

- Tu nem parece que conhece  a prima que tem, ela só vai pensar em falar comigo quando trocar ideia com a patricinha lá po, a Malu gosta muito dela, tá maluco, falava da mina o tempo todo, a amizade das duas era pique nos mermo irmã, e tu faz um bagulho desse, fudeu foi tudo. - Porra, BG tá certo.

- Eu sei mano, mas ai, fica mec, vou resolver essa porra toda, jae? Tu e a Malu vai casar ainda. - Faço graça e ele nega rindo fraco.

- Vou lá na cantina comer um bagulho, mais tarde colo ai, qualquer fita me aciona. - Faço um toque com ele e ele sai.

Vou pra mesa e faço a contabilidade, pelo menos tamo faturando grana pra caralho, o caixa do morro tá fortão, to pensando em fazer uma melhorias, reforça a barreira, e comprar mais armas. Aproveito para ver quem tá devendo, e falo com Vitinho para ir cobrar, ele fica puto, até porque tá cuidando da boca que era do Pitoco, e como a Machado tá ficando no hospital, ele tá tendo que cuidar da boca sozinho. Sei que é foda pra ele, mas porra, dá pra eu fazer tudo sozinha também não.

O dia passa voando, quando vou ver já é quase 16h da tarde, nem almocei, pego um biscoito que tem ali no armário da boca e amasso forte, tá maluco, fome do caralho. Ligo pros mano que tão rastreando o pai da Alice, e nem sinal dele, essa porra tá me tirando o sono. Saio da boca só o ódio e vou pra casa do Mutante, espero conseguir falar com a Malu.

Chego lá e a viagem é perdida, tem ninguém em casa, aproveito pra ver umas coisas do Mutante, ele sempre me disse que caso um dia acontecesse alguma coisa com ele, era pra eu procurar uns documentos na casa dele, que ia ser minha salvação, nunca entendi, e nem dei bola pra isso, mas agora que estou aqui, não custa nada procurar né?

Reviro a casa e não acho porra nenhuma, será que esses documentos estão lá na boca? Aqui essa merda não tá, vou na varanda fumar um cigarro, pra desestressar, me irritei já nessa porra, não fode, Mutante deve estar rindo da minha cara uma hora dessa, me dando trabalho até depois de morto. Ando de um lado pro outro pensando numa solução pros 300 problemas que explodiu no meu colo, olho pra área da churrasqueira, e lembro que a pouco tempo atrás, menos de 2 semanas, a gente tava aqui de resenha, bebendo, curtindo, Mutante tava aqui entre nós, esse tempo todo tentei segurar, não sou de chorar, deve ter uns 5 anos que eu não sei o que é chorar, meus olhos ardem e não consigo segurar, choro tudo que não chorei nesse tempo todo.

Odeio chorar, me sinto fraca pra caralho, mas é foda, é foda sentir que tem gente pra caralho que depende de você, não posso falhar, não posso abrir mão de nada, não tenho com quem contar, é tudo nas minhas costas, tudo eu mano, se eu pular o barco afunda, e tem gente pra caralho nesse barco. Foda-se, 5 minutos de fraqueza não vão me matar, eu preciso disso, preciso por pra  fora, ninguém fala da porra da responsabilidade que é controlar um morro, tem gente que entra nessa vida por escolha, tem gente que já nasce nessa vida, eu? Eu nasci nessa vida, e escolhi ela, agora to ai, colhendo os frutos dessa vida de merda.

- Aarg porraa - Dou um soco na lateral da churrasqueira de pedra, minha mão dói pra caralho, meus dedos estão sangrando, e eu acho que quebrei alguma coisa, e não foi só a parede. - Filho da puta mano - Olho pro céu e não acredito, mutante era um desgraçado mesmo.

Ele escondeu os documentos numa parede falsa na churrasqueira, ninguém nunca ia desconfiar dessa porra, filho da mãe, termino de quebrar a parede e pego os documentos, tem coisa pra caralho escondida, tem uma arma, dinheiro, uma carta, e até uma barra de ouro, que merda é essa, Mutante tinha muita merda escondida, da onde surgiu a porra de uma barra de ouro mano? Pego tudo e coloco encima da mesa, ligo pro BG e Danca, peço para eles me encontrarem aqui, começo a espalhar as folhas dos arquivos na mesa, e meu queixo despenca, não é possível.

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