Capítulo 23

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POV ALICE

Acho que a Sant quer me dizer alguma coisa e não está sabendo como, fica toda hora me rodiando, puxando um assunto nada haver, estou até achando engraçado. Agora estou aqui sentada com a Saby, Danca, Sant e mais um pessoal que não faço idéia de quem seja. Malu e BG como sempre já sumiram, esses ai são pior que coelhos.

- Mas e tu patricinha, tá gostando mermo aqui da favela hein, segunda vez já que te vejo aqui po. - Danca fala comigo, ele é bem engraçado, mantém a pose de marra igual a todos aqui, mas essa marra toda acaba quando ele começa a fazer gracinha e perturbar a mente da Sant, que é outra que está sentada com uma cara de quem comeu e não gostou.

- Estou adorando Danca, eu tinha uma outra visão daqui, mas aqui é um outro mundo, uma outra realidade, sem contar que aqui é lindo, me encantei de verdade. - Digo para ele que me escuta com atenção apesar da música alta.

- Aqui é lindao mermo, papo só, mas como que tu veio parar aqui cara? - Ele pergunta meio confuso.

- A Malu que me trouxe, eu fui estudar na escola que ela estuda, acabamos fazendo um trabalho juntas e viramos amigas, ela é meio doidinha mas gostei dela logo de cara. - Explico pra ele.

- Papo, ela é maluquinha mermo, mas é uma mina mil grau. - Ele fala e ficamos ali conversando, vejo que já está começando a ficar tarde, quero ir para casa, mas estou com vergonha de falar com a Sant, ela estava muito quieta na dela, agora a pouco que começou a conversar com o pessoal da mesa, e para minha infelicidade a Malu ainda não voltou, nem sei se ela volta na verdade.

Fico ali mais um tempinho com o pessoal, mas não aguento mais, meus pés estão me matando, me despeço de Danca e da Saby, peço licença e saio. Ao chegar do lado de fora, sinto a lufada de ar fresco bater contra meu rosto, lá dentro eu estava sufocada e com muito calor, vou para um canto da rua e tento chamar algum uber, mas infelizmente ninguém aceita, que inferno. Levo um susto com o poste de mulher que aparece na minha frente de nada, vulgo Sant.

- Porra Sant, que susto. - Falo com ela colocando a mão no coração.

- Ih qual foi filhona, tá devendo? Não pode me ver que toma susto. - Ela fala fazendo graça, otária.

- Para de aparecer do nada hora essa. - Respondo um pouco petulante, odeio ficar cansada, fico insuportável.

- Ih calma ai po, vim em missão de paz, não falei que ia te levar em casa? vou pedir para um vapor trazer meu carro e eu te levo. - Ela fala, apenas faço que sim com a cabeça.

Vejo ela ir até a frente do bar e falar com um menino que sai disparado rua acima, quando ela vira para vim até mim, uma menina, que logo reconheço ser a do baile, puxa ela pelo braço e já gruda nela, passando os braços pelo pescoço da Sant, fico ali vendo aquela cena e me arrependendo por não ter ido embora com o Luca, vejo que a menina tenta beijar ela, mas a Sant se afasta e empurra a menina de leve, a menina parece não gostar, arrisco dizer que estão até discutindo, a menina olha pra mim e aponta, viro o rosto rápido fingindo que não estou olhando, 10 segundos depois volto a olhar e vejo a Sant tirando um bolo de dinheiro do bolso e dando duas notas pra ela. A Sant volta e para do meu lado, penso em dizer alguma coisa, porém acho melhor ficar quieta, ela faz o mesmo, logo o menino chega com o carro, a gente entra em silêncio e ela segue pra minha casa.

O único barulho no carro são as nossas respirações e uma música baixinho que toca no som, o caminho até a minha casa é milagrosamente rápido, me assusto um pouco quando ela para o carro uma rua antes da minha casa.

- Você sabe que o prédio que eu moro não é aqui né? - Falo o óbvio com ela.

- Sei po, quero trocar uma idéia contigo rapidinho, sei que lá na frente do seu prédio tu não vai ficar confortável, por isso parei aqui. - Ela fala calmamente me olhando, que merda, porquê essa vira lata tem que ser tão bonita?

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