Capítulo 41

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POV ALICE

Hoje na escola foi tudo tranquilo, estamos na reta final de mais um bimestre, não vejo a hora de finalmente essa escola acabar, não aguento mais. Estou indo para a casa da Sant, é gente, eu confesso que não to conseguindo ficar longe dela, fico muito preocupada, Malu saiu da escola com BG, os dois foram se curtir um pouco.

Vim de uber mesmo, Amanda insistiu e veio também, não parou de falar um minuto da Sant, o quanto ela era bonita, de como elas ficaram, de como a Sant não larga do pé dela, quase desistir no meio do caminho. Assim que o uber para em frente a entrada do morro, Amanda é a primeira a descer, agradeço ao uber e saio do carro, de longe vejo Amanda conversando com o Danca, toda se jogando pra ele, coisa feia.

- Eai mina, firmeza? - Danca pergunta assim que me aproximo.

- Oi Danca, tudo bem? - Pergunto e o abraço.

- Tudo pela ordem princesa. - Ele fala após me soltar.

- Sabe me dizer se a Sant tá por ai? - Pergunto

- Tá sim po, ta na casa dela, ai te passar uma visão, ela não tá bem não mano, tá fraca tlgd? - Ele fala e eu concordo com a cabeça. - Ela tem que descansar po, mas aquela mula não escuta ninguém.

- Pode deixar que vou falar com ela Danca, ai a Sant sabe que não pode fazer esforços, vou vim todo dia cuidar dela. - Amanda fala, reviro os olhos tão forte que dói, Danca nem liga pra ela.

- Ai mina, tu é muito da intrometida, papo reto, o papo nem é contigo, mete o pé. - Danca fala com ela, fico sem entender nada.

- Grosso - Ela passa esbarrando nele e sai andando na frente, vai até um vapor ela fala com ele, e logo sobe na garupa e some morro a cima.

- Foi mal ai mina, não suporto essa pão careca. - Ele fala e eu não aguento, acabo rindo.

- Calma Danca - Falo com ele.

- To pra ódio, tava ficando com uma mina ai do morro, e por causa dessa marmita de traficante a mina meteu o pé na minha bunda, tá me negando voz desde então. - Ele fala, realmente está muito bravo.

- Nossa, eu não sabia que a Amanda fazia intriga no relacionamento alheio. - Falo com ele, que bufa, seguro o riso.

- Essa mina é uma puta do caralho, patricinha de asfalto que fica subindo favela pra dar pra traficante, essa ai é mais rodada que pneu de caminhão de frete, a mina vive na cola da Sant ai, no último pagode que teve, ela tava jogando pra mim, feiona, tava nem dando condição, mas ai minha gata viu e entendeu tudo errado, desde então ela tá me negando voz. - Ele fala, e fico com dó dele, eu realmente não sabia que a Amanda era dessas.

Fico ali mais um tempo conversando com ele, Danca está um cara muito gente boa, um cara simples, dá pra ver que tem o coração gigante, ele faz a gentileza de me levar até a casa da Sant, e seria melhor que não tivesse levado, tive o desprazer de ver ela e a Amanda quase se comendo na sala da casa dela. Eu não queria que elas tivessem me visto, antes que eu pudesse sair de fininho a Sant me viu, ela empurra Amanda pro lado e me olha.

- Praticinha? Tá fazendo o quê aqui po? Nem avisou que vinha. - Ela fala ainda me olhando, cínica, cachorra vira lata.

- Vim ver como você estava, mas está em ótima companhia, vou deixar vocês a sós. - Digo e me viro pra sair.

- Ih não pega viagem errada não mina, vem cá, marca um 10 aqui po, Amanda já tá indo já. - Ela fala segurando meu braço.

- Não estou não. - Amanda diz e se senta no sofá, senhor, eu mereço.

- Olha Sant, não queria atrapalhar, de verdade, você está com visita, e já vi que está bem, vou indo. - Nem dou chance dela falar nada, saio quase que correndo da sala.

Eu sei que elas já ficaram, mas confesso que ver as duas se beijando fez eu me sentir meio sei lá, saio da casa dela e começo a perambular pela comunidade, acho que quero ser arquiteta, estou pensando em vários projetos de reurbanizacao aqui da comunidade, vou até uma sorveteira e peço um açaí, pago e saio dali, vou até uma praça que tem ali e me sento, fico observando as crianças brincarem e os meninos jogando futebol.

Estou quase no fim do açaí quando sinto uma presença do meu lado, olho e vejo a Sant, com a maior cara de cretina, que ódio.

- Que foi? - Pergunta e sinto que fui um pouco grossa.

- Ih mano, calma ai po, precisa vim com três pedras na mão pra tacar na minha cabeça não. - Ela fala e levanta as mãos.

- Desculpa, não quis ser grosseira. - Respondo e volto a tomar o açaí. Antes da Sant chegar eu estava reparando nos meninos jogando, e um em especial me chamou a atenção, ele fez um gol e fez sinal que foi pra mim, soltei um sorriso sincero e agradeci, ele deu uma piscadinha e mandou beijo.

- Tá fazendo sucesso mermo hein. - Sant fala e olho pra ela, sem entender, ela tá com uma cara de quem comeu e não gostou, ela tá encarando o menino com um olhar mortal.

- Não sei se entendi. - Cruzo os braços.

- Tu ai po, mal chegou e já tem vagabundo pousando na tua. - Ela fala ainda sem me olhar, escondo um sorriso.

- Que foi Sant, tá com ciúmes é? - Provoco.

- E se eu tiver? - Ela fala e dessa vez me olha.

- Ai eu diria para se tocar, até porquê não temos nada né. - Falo e sorrio cínica, ela fecha a cara mais ainda.

- Tu ainda vai ser minha, porra. - Ela fala baixinho mas escuto, me tremi toda.

- Disse alguma coisa? - Pergunto.

- Disse nada não mano, tá pegando viagem errado ai.

- Acho bom - Falo com deboche e ela nega com a cabeça, levanto e jogo o copo de açaí no lixo.

- Já vai meter o pé? - Ela pergunta.

- Vou sim, Malu saiu com BG, não deve voltar tão cedo, e como eu disse, vim ver você, e ao me ver você está bem, bem até demais, então já vou. - Mando beijo e viro para sair.

- Calma ai doidona, veio me ver e mal fala comigo, me olha direito po, vai que eu não estou 100%. - Ela fala e me viro, ela como sempre, com a maior cara de safada.

- Você muda de humor muito rápido, não consigo acompanhar. - Falo e nego com a cabeça.

- Mudo nada po, mas ai, bora da um rolê? - Ela pergunta, até queria, mas não estou com tempo.

- Puts, não vai dar, realmente preciso ir. - Respondo.

- Ah qual foi, tu veio me ver cara, saiu da minha casa mandadona, e agora ta ai negando voz. - Ela fala brava e sinto vontade de rir.

- Não estou negando nada, é só porquê realmente preciso ir. - Dou um beijo em sua bochecha e me afasto, ela me puxa e tenta me beijar, mas viro o rosto.

- Me dá um beijo mano, maior saudade de tu po. - Ela fala e começa a beijar meu pescoço, vou perdendo as forças.

- Sant, não - Falo em um fio de voz - Não vou beijar você. - Falo e tento me afastar.

- Tu quer tanto quanto eu mano, para de doce. - Ela fala e beija forte meu pescoço.

- Quero, mas não vou pegar baba de outras. - Falo e consigo me afastar dela.

- ih, pega viagem errada não mano, tá com ciúmes é? - Ela fala me provocando.

- Você sabe muito bem que não. - Falo e cruzo os braços.

-  Sei mermo, mas ai, eu te levo po, to de marola aqui. - Ela fala e penso em recusar, mas se ela está boa para beijar outras está boa para me levar, né?

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