Em um mundo devastado pela doença conhecida como "Fulgor", Hazel se vê no centro de uma luta pela sobrevivência e pelo recomeço. Após anos de combate e desafios, Hazel, uma das líderes mais respeitadas do BRAÇO-DIREITI, carrega o peso de proteger nã...
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Nem me lembro do momento em que peguei no sono, mas logo estava acordada novamente, atormentada pelos pesadelos que não me deixavam descansar. Acordei suando frio, sentindo o corpo úmido e os músculos tensos. Sentei na cama, observando os meninos dormirem tranquilamente. Minho e Caçarola estavam em posições desajeitadas, Newt roncava levemente.
Passei a mão pelas bochechas e percebi que estavam molhadas. Eu havia chorado enquanto dormia. O peso do cansaço misturado à angústia era sufocante. Levantei-me devagar, tentando não fazer barulho, e caminhei pelo dormitório até encontrar a pia e o espelho.
Apoiando as mãos na borda da pia, senti-me desconcertada, como se o chão estivesse prestes a ceder sob meus pés. Abri a torneira e joguei um pouco de água gelada no rosto, esperando que o frio ajudasse a clarear minha mente. Quando desliguei a torneira e olhei para o espelho, o reflexo que vi me deixou paralisada.
Minha mente começou a pregar peças cruéis. Pelo reflexo, vi Gally. Seu peito estava coberto de sangue escorrendo, os olhos escuros e veias negras tomavam conta de sua pele. Ele estava infectado pelo vírus, uma visão que nunca pensei que veria. Os olhos dele encontraram os meus através do espelho, cheios de raiva.
Meu coração acelerou, pulsando dolorosamente no peito. Olhei para minhas mãos e senti-as viscosas. Para meu horror, estavam sujas de sangue, como se eu tivesse cometido um crime imperdoável. Virei-me rapidamente, esperando que a visão desaparecesse, mas lá estava Gally, parado diante de mim, uma figura acusadora.
"Por que você fez isso?" a voz de Gally era um sussurro cheio de mágoa, mas parecia ensurdecedora. "Você me traiu, Hazel. Estou morto por sua culpa."
As palavras dele me atingiram como um golpe no estômago. Meu corpo inteiro tremia, e eu sentia que estava prestes a surtar. A culpa e o desespero começaram a se apoderar de mim, como uma onda implacável de emoções que não conseguia controlar.
Prendi a respiração, tentando afastar a visão e a voz dele. Mas a voz de Gally continuava a ecoar na minha mente, repetindo incessantemente, me culpando sem parar. Era como se estivesse preso ali, me assombrando por algo que não entendia completamente.
Fechei os olhos com força, lutando para encontrar um fio de realidade no meio daquela confusão. As lágrimas que não paravam de escorrer se misturavam com o suor frio que ainda me cobria. O desespero dentro de mim aumentava a cada segundo, e eu me sentia à beira de um colapso.
De repente, senti mãos tocando-me, e ao abrir os olhos, enxerguei o rosto de Gally tão próximo ao meu que meu choro se tornou mais intenso. Era como se sua presença fosse real, tangível, seu olhar carregado de mágoa e ódio me perfurando. O desespero aumentou e senti que não poderia suportar mais um segundo daquela visão.
Então, uma força bruta sacudiu meu corpo, trazendo-me de volta à realidade. Abri os olhos novamente e, para minha surpresa, vi Thomas. Seu olhar preocupado me analisava, chamando-me de volta ao estado normal. Ele sacudia meus ombros com firmeza, tentando me fazer despertar daquele pesadelo.
