𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘-𝐎𝐍𝐄

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Tudo ao meu redor foi escurecendo, e de repente me vi imersa em uma lembrança distante, mas dolorosamente vívida

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Tudo ao meu redor foi escurecendo, e de repente me vi imersa em uma lembrança distante, mas dolorosamente vívida. Eu estava em um quarto frio, as paredes nuas e a iluminação severa dando à cena um tom quase clínico. Era o escritório de minha mãe, Ava Paige. Ela estava sentada atrás de sua mesa, seus olhos frios fixos em mim. Eu me lembrava desse lugar, onde tantas vezes fui chamada para ouvir suas críticas implacáveis.

── Você é fraca, Hazel ── disse ela, a voz dura e sem compaixão. Suas palavras perfuraram meu coração como lâminas afiadas. Eu estava de pé na frente dela, tentando manter minha postura, mas era difícil conter as lágrimas que ameaçavam cair. Eu tinha talvez nove ou dez anos, e tudo que queria era um pouco de carinho, um pouco de reconhecimento de minha própria mãe.

── Mas eu estou tentando, mãe ── disse, minha voz trêmula. ── Estou fazendo o meu melhor.

── Seu melhor não é bom o suficiente ── ela retrucou, a expressão inabalável. ── Neste mundo, apenas os fortes sobrevivem. Você precisa aprender isso, Hazel, e rápido. Caso contrário, você será apenas mais uma vítima.

Ela se levantou da cadeira, aproximando-se de mim. Eu podia sentir a pressão crescente em meu peito, um misto de medo e frustração. Ava parou à minha frente, seus olhos cravados nos meus.

── Você não pode se dar ao luxo de ser fraca ── ela continuou. ── As emoções são uma distração. A fraqueza leva à morte. Você precisa endurecer seu coração, Hazel.

Lutei contra as lágrimas, mordendo o lábio inferior para impedir o choro. Eu queria desesperadamente agradá-la, mas nada parecia ser suficiente. Ava pegou meu queixo com força, obrigando-me a olhar diretamente em seus olhos.

── Não chore ── ela ordenou. ── Lágrimas são para os fracos. Se você quer sobreviver, precisa aprender a controlar suas emoções. Chorar não resolve nada. Entendeu?

── Sim, mãe ── respondi, minha voz reduzida a um sussurro. ── Entendi.

Ela soltou meu queixo e voltou para sua mesa, como se a conversa tivesse acabado. Mas para mim, a dor das palavras dela e o peso de suas expectativas permaneceram, impregnando meu ser. Aquela lembrança não era apenas um eco distante; era uma marca indelével em minha alma, um lembrete constante de que nunca fui boa o suficiente aos olhos dela.

Naquela época, eu não entendia a profundidade do impacto que suas palavras teriam sobre mim. Cresci tentando ser forte, reprimindo minhas emoções, tentando ser a pessoa que ela queria que eu fosse. Mas agora, enquanto revivia essa memória, percebi o quanto isso me moldou, o quanto me afetou em todas as decisões que tomei desde então.

A escuridão ao meu redor começou a se dissipar, mas a dor daquela lembrança ainda ardia em minha mente. A voz de Ava Paige ecoava em meus ouvidos, misturada com o som distante de meu nome sendo chamado. Eu precisava acordar, precisava voltar à realidade. Mas a memória de minha mãe continuava a me assombrar, lembrando-me de que, não importa o quanto eu tentasse, ainda havia uma parte de mim que sempre se sentia inadequada, fraca.

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