O primeiro sinal de que algo estava errado foi o vazio frio ao meu lado. Acordei apalpando o espaço onde Gally deveria estar, mas tudo o que encontrei foi um amontoado de lençóis desarrumados e a frieza do tecido esfriado pela ausência. Abri os olhos, piscando contra a luz suave que penetrava pela lona da tenda. Ele não estava ali, e por um momento, um breve instante de pânico, pensei que tudo não passara de um sonho.Resmunguei baixinho, puxando a manta para cobrir meu corpo nu, tentando afastar o arrepio que subia pela minha pele, não apenas pelo frio da manhã, mas também pela sensação de estar sozinha. Sentei-me na beira da cama improvisada, ainda envolta na preguiça do despertar. A realidade logo começou a se assentar, e eu sabia que não podia ficar ali para sempre.
Com movimentos lentos, quase relutantes, comecei a me vestir. Cada peça de roupa era colocada com a lentidão de quem não estava pronta para encarar o mundo lá fora, como se a simples tarefa de vestir-se fosse um esforço monumental. Ao terminar, me espreguicei, sentindo os músculos protestarem com um leve estalo, e logo depois, fui até o balde de água ao canto da tenda para fazer minha higiene matinal.
Quando saí, o sol já estava alto, dourando o acampamento com sua luz suave. A maioria das pessoas já estava acordada, e a movimentação tranquila contrastava com a agitação dos dias anteriores. Alguns conversavam em pequenos grupos, outros trabalhavam, reorganizando suprimentos ou reforçando as tendas. Havia uma sensação de normalidade no ar que eu não sentia há muito tempo, quase um esquecimento do mundo em caos que existia além daquele refúgio.
Caminhei até o centro do acampamento, onde um grupo estava reunido em torno das mesas improvisadas, ainda saboreando o café da manhã. Quando me aproximei, vi que meus amigos estavam lá, e meu olhar imediatamente encontrou o de Gally. Ele sorriu ao me ver, um sorriso que fez meu coração bater um pouco mais rápido, mas logo notei a presença de Liz ao lado dele, e não pude deixar de sentir um leve incômodo. Não era exatamente ciúmes, mas uma pontada desconfortável que eu preferia ignorar.
Respirei fundo, afastando esses pensamentos enquanto me sentava ao lado de Brenda, de frente para Gally. Aproximei os braços da mesa de madeira e resmunguei, tentando afastar qualquer sinal de desconforto de minha voz.
── Eu juro que tinha esquecido o quão bom é dormir sem se preocupar com o que pode acontecer durante a noite. ── Comentei, sentindo a tensão acumulada dos últimos dias se dissipar um pouco mais com cada palavra.
Newt foi o primeiro a concordar, com aquele sorriso fácil que ele sempre tinha.
── É verdade, Hazel. Acho que nunca me senti tão seguro assim em muito tempo. Até parece que estamos num daqueles acampamentos antigos, onde tudo era só diversão e nada mais importava.
Gally assentiu, ainda com o olhar fixo em mim.
── Esse lugar realmente nos deu um descanso que a gente precisava. Não tem mais aquela constante sensação de que alguém vai aparecer para nos pegar a qualquer momento.
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𝐁𝐄𝐘𝐎𝐍𝐃 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐀𝐁𝐘𝐑𝐈𝐍𝐓𝐇
FanfictionEm um mundo devastado pela doença conhecida como "Fulgor", Hazel se vê no centro de uma luta pela sobrevivência e pelo recomeço. Após anos de combate e desafios, Hazel, uma das líderes mais respeitadas do BRAÇO-DIREITI, carrega o peso de proteger nã...