Agosto, 2027.
Segunda-feira.
...
POV Narrador.
A segunda semana dos Jogos Pan-Americanos em Lima, no Peru, havia começado. Os atletas estavam animados para as competições que se aproximavam, e uma nova modalidade estava no centro das atenções: a prova mista Medley de 1.200m. Essa modalidade exigia que cada seleção tinha que formar um trio composto por duas meninas e um menino, e prometia ser uma das competições mais desafiadoras da natação.
As equipes estavam intensificando os treinos, ajustando as estratégias e se preparando mentalmente para a nova prova. João, o treinador da equipe brasileira de natação, definiu que o objetivo seria manter o Brasil em sua posição de destaque, formando seu trio com S/N, Mafê e Guilherme.
POV S/N Peña.
Enquanto eu nadava, o mundo ao meu redor parecia um borrão. A água geralmente trazia uma sensação de paz e era como um calmante, mas hoje estava diferente. Meus pensamentos estavam a mil. Tudo girava na minha cabeça: a pressão das competições, o peso de representar o Brasil, as expectativas da Aeronáutica, e é claro, a Júlia.
Desde que eu soube que ela sabia do meu crush por ela, não consegui parar de pensar no que isso significava, no que ela poderia estar pensando de mim. Será que ela me achava ridícula? Ou talvez... Talvez ela sentisse algo parecido? Mas se essa fosse uma opção válida, algo já teria rolado, ou talvez não.
Dei uma braçada forte na água, tentando afogar essas dúvidas, mas elas não sumiam da minha mente. Em vez disso, se intensificavam a cada movimento, cada respiração. O som abafado da água me envolvia, e ao mesmo tempo, parecia que eu estava sendo puxada para um lugar escuro, onde meus medos e inseguranças ganhavam vida.
Me lembrei da homenagem com a Aeronáutica, do chapéu de piloto que colocaram em mim. Eles confiavam tanto em mim, viam um futuro brilhante na minha frente. Mas e se eu não conseguisse? E se todo esse esforço fosse em vão?
Meus batimentos cardíacos pareciam estar em sintonia com a velocidade de meus pensamentos, cada vez mais rápidos e intensos. De repente, uma dor aguda tomou conta do meu peito. Era como se algo estivesse pressionando meu coração e dificultando a minha respiração.
A dor começou a se espalhar. Tentei manter o ritmo, continuar nadando, mas meus braços e pernas ficaram pesados, sem força. O ar parecia não chegar aos meus pulmões. A dor só piorava, estava ficando insuportável.
Sem forças para continuar, paro perto da borda da piscina. Minhas mãos procurando o apoio da borda, mas não encontro. Senti o mundo girar, e as bordas da minha visão começaram a escurecer. Tentei chamar ajuda, mas minha voz não saiu. Apenas o som abafado da água ao meu redor. E então, tudo ficou preto.
POV Narrador.
Guilherme, que nadava ao lado dela, notou que sua amiga estava desacelerando. Seu corpo parecia sem força, os movimentos descoordenados. Antes que ele pudesse perguntar se estava tudo bem, viu S/N parar completamente e começar a afundar levemente.
Sem hesitar, Guilherme nadou rapidamente até ela, segurando-a com firmeza antes que ela afundasse mais. Ele gritou por ajuda e a segurou, mantendo sua cabeça fora da água. João e Mafê correram em direção a eles, com a expressão de preocupação em seus rostos.
Com a ajuda de Mafê e João, Guilherme conseguiu tirar S/N da água, notaram que ela estava inconsciente, seu rosto pálido e sem cor. Mafê, com as mãos tremendo, pegou seu celular e rapidamente discou para a ambulância.
— Precisamos de uma ambulância agora!
Mafê, com lágrimas nos olhos, segurava a mão de S/N, tentando manter a calma, mas o desespero era evidente em seu rosto. Guilherme, sempre calmo e racional, estava visivelmente abalado, tentando controlar sua própria respiração enquanto João verificava os sinais vitais de S/N, ele também estava tentando manter a calma enquanto dava as instruções para que os outros nadadores ficassem afastados.
Em poucos minutos, que pareceram uma eternidade, a sirene da ambulância podia ser ouvida ao longe. Os paramédicos correram para dentro do ginásio para prestar os primeiros socorros. as meninas do vôlei e da ginástica, que estavam treinando em outras partes afastadas do ginásio, foram atraídas pelo barulho.
Gabi, Carol e Rosamaria, acompanhadas por Júlia e Flávia, correram em direção à piscina ao verem a movimentação. O coração de Júlia apertou ao ver S/N sendo atendida pelos paramédicos.
— Meu Deus, o que aconteceu? - perguntou Gabi, a voz carregada de preocupação.
— Ela desmaiou durante o treino. - explicou Mafê, os olhos ainda cheios de lágrimas. - Eles vão levar ela para o hospital agora.
Os paramédicos a colocaram cuidadosamente na maca, estabilizando-a para o transporte. Durante todo esse processo, Mafê não soltou a mão de S/N, recusando-se a deixá-la sozinha nem por um segundo.
Com a ajuda de João, eles levaram S/N até a ambulância. As portas se fecharam e o veículo partiu rapidamente em direção ao hospital. As meninas do vôlei e da ginástica ficaram ali, em silêncio, suas mentes pesadas com a preocupação.
— Ela vai ficar bem, né? - perguntou Flávia, a voz hesitante, olhando para as outras meninas em busca de algum conforto.
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Um capítulo em comemoração a atingirmos a primeira colocação na tag da Julia Soares.
Agradeço muito pelo apoio, comentários e votos de cada um!
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Ondas e Pódios - Julia Soares.
FanfictionS/N Peña, uma brasileira de 21 anos, é uma jovem estudante de Direito, sargento e pilota da Aeronáutica Brasileira. Além de tudo, ela é convocada para ser nadadora e representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2027 no Peru. Durante uma entrevis...