Julho, 2030.
Sexta-feira.
...POV Júlia Soares.
Acordei naquela manhã meio atordoada. Virei na cama, estiquei o braço para o lado onde S/N deveria estar, mas só senti o vazio dos lençóis. Pisquei algumas vezes, ainda meio sonolenta, e me dei conta de que ela provavelmente tinha ficado no hospital com o Capitão. Suspirei, ainda me acostumando com essa ideia de ela estar tão presente em tudo, e com o fato de que às vezes, ela simplesmente não estaria ali.
Levantei, fui até o banheiro, joguei um pouco de água no rosto e me encarei no espelho. "Hoje vai ser um dia daqueles", pensei, lembrando do treino que me esperava no CEGIN. Enquanto me vestia, lembrei que não tinha muito tempo para enrolar, então fui direto para a cozinha pegar meu café da manhã. Peguei um suco de laranja, um pedaço de pão e sentei à mesa, tentando não pensar muito no que vinha pela frente. Comi rápido, arrumei minhas coisas e saí.
Quando cheguei à garagem, lá estava minha mãe, já no carro, com aquele sorriso que sempre parecia pronto para iluminar até os dias mais nublados.
- Dormiu bem, meu amor? - ela perguntou, me olhando pelo retrovisor.
- Sim, mais ou menos. S/N não voltou, deve ter ficado no hospital com o Capitão. - respondi, enquanto colocava o cinto.
- É... Ela se preocupa muito com ele. Isso é bom. - minha mãe comentou, e eu apenas assenti, concordando.
O trajeto até o CEGIN foi tranquilo, com a típica música tocando baixinho no rádio e minha mãe tentando falar sobre coisas leves, sabendo que eu sempre ficava mais quieta nas manhãs de treino.
- Vai arrasar hoje! - ela disse, enquanto estacionava em frente ao ginásio.
- Tomara, mãe. Vamos ver como vai ser. - respondi com um sorriso, pegando minha bolsa e saindo do carro.
Assim que entrei no ginásio, lá estava Carolyne, já aquecendo e com aquela cara de quem preferia estar em qualquer outro lugar menos ali, tão cedo.
- Bom dia, donzela! - Carolyne gritou do outro lado, acenando de forma dramática, como sempre.
- Donzela? Que século é esse, Carolyne? - respondi, rindo e jogando minha mochila no chão, começando a me alongar.
- O que você esperava? Eu sou uma princesa nos meus tempos livres. - ela piscou para mim, se alongando de forma exagerada.
Eu ri, balançando a cabeça. Não tinha como Carolyne não transformar tudo em uma piada.
Iryna veio caminhando em nossa direção com o cronômetro em mãos, já no modo "técnica rigorosa".
- Júlia, barra paralela primeiro. Depois, trave. E finaliza com o Soares 2 no solo. - Iryna disse, sem perder tempo, enquanto apontava para a paralela. - Ah, e Carolyne, para de ser uma princesa e vai fazer seu aquecimento direito.
Carolyne soltou um suspiro dramático e fez uma reverência falsa antes de correr para o outro lado do ginásio. Eu ri, mas logo me concentrei na paralela. Era sempre uma das primeiras coisas que eu treinava, e hoje não seria diferente.
- Vamos lá, Soares, você nasceu pra voar nessa barra! - Iryna disse com aquele sotaque inconfundível, enquanto ajustava as faixas nas minhas mãos de um jeito meio apressado, como se eu estivesse perdendo tempo.
Subi na barra com um salto, já sentindo a familiaridade dos movimentos, mas sabendo que Iryna ia estar ali, pronta para corrigir qualquer milímetro fora do lugar. Comecei a sequência, me concentrando em cada giro e salto.
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Ondas e Pódios - Julia Soares.
FanficS/N Peña, uma brasileira de 21 anos, é uma jovem estudante de Direito, sargento e pilota da Aeronáutica Brasileira. Além de tudo, ela é convocada para ser nadadora e representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2027 no Peru. Durante uma entrevis...