Cap 26: Olhares Imprecisos.

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Outubro, 2027.
...

POV S/N Peña.

Depois de dias longe, finalmente retornei para a residência da família Soares. Assim que entrei pela porta, fui recebida com abraços e sorrisos de Fabiana e Jackson. A sensação de estar de volta ao lar, mesmo que temporário, era reconfortante. Fabiana, com seu jeito acolhedor, me envolveu em um abraço apertado.

- S/N, minha querida! Estamos tão felizes em te ver de novo! Como foi a semana?

Jackson, dava tapinhas amigáveis nas minhas costas, uma espécie de aprovação silenciosa que eu apreciava e perguntou com um sorriso orgulhoso:

- E aí, como foram os treinos, campeã? Tenho certeza que arrasou!

Eu sorri, sentindo o calor de estar em um lugar onde era tão bem-vinda.

- Foi uma semana intensa, mas deu tudo certo. E olha, até que consegui descansar um pouco! - brinquei, arrancando risadas dos dois.

Giovana, assim que me viu, não ficou de fora e me abraçou com força.

- S/N, ainda bem que você voltou! Júlia estava tão chata de saudades! - disse ela, rimos juntas, mas no fundo, aquele comentário acendeu algo em mim, uma ansiedade que eu não conseguia controlar. - Mas conta, como foi?

- Foi uma correria, mas sempre vale a pena. Senti falta daqui, de vocês...

Fabiana se aproximou e colocou uma mão no meu ombro.

- Nós também sentimos sua falta, querida. A casa fica mais alegre com você aqui. E falando nisso, já jantou? Quer que eu prepare algo especial?

- Eu estou bem, Fabiana, obrigada! Só estar aqui já é especial. - sorri, sentindo a conexão familiar que eles sempre me faziam sentir.

Enquanto aguardava a chegada de Júlia, fiquei na sala com os pais dela e Giovana, respondendo às perguntas sobre como havia sido meu treinamento. Descrevi cada detalhe, desde os voos no simulador até os treinos na piscina e compartilhei algumas histórias engraçadas do quartel. A cada palavra, sentia o peso das horas de trabalho indo embora, especialmente com o carinho que eles demonstravam.

Assim que terminei de responder, decidi subir para o quarto que dividia com Júlia. Eu sabia que ela estava prestes a chegar, e queria estar ali, no nosso espaço, quando isso acontecesse. Sentei na cama, abraçando meus próprios braços, esperando que ela chegasse. O silêncio do quarto só fazia a minha expectativa aumentar, e a cada minuto, meu coração parecia bater mais forte.

Então, ouvi o carro sendo estacionado lá fora, seguido pela voz de Júlia conversando com Giovana. Meu coração disparou. A porta do quarto se abriu lentamente, revelando Júlia, que parou no batente ao me ver. Nossos olhos se encontraram, e por um momento, o mundo pareceu parar. Os olhos dela eram um mar de emoções imprecisas que me faziam perder o chão.

Do nada, ela sempre aparecia com aqueles olhares imprecisos que sempre tinham o poder de me desestabilizar, como se eu não conseguisse prever o que viria a seguir. Ela ficou ali, imóvel, me observando, enquanto meu coração parecia querer sair do peito. Cada vez que eu via seu rosto, um sorriso bobo surgia nos meus lábios, e eu não conseguia evitar. Minha mente viajando, e no meu pensamento, só havia espaço para ela.

Aos poucos, um sorriso foi se formando nos lábios de Júlia, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela largou a mochila no canto da porta e correu em minha direção. Em questão de segundos, ela estava em cima de mim na cama. Seus braços se apertaram firmemente ao redor da minha cintura, como se temesse que eu desaparecesse.

Era como se todo o peso do mundo desaparecesse quando ela estava assim, em meus braços. Eu me sentia completa, inteira de amor, como se não precisasse de mais nada. Lado a lado, nós duas, todos os problemas pareciam insignificantes. Tudo o que eu precisava estava ali, no abraço apertado de Júlia.

- Eu senti sua falta. - ela sussurrou em meu ouvido, a voz trêmula. - Pensei que nunca mais iria voltar.

- Eu sempre voltarei... - respondi, enquanto ela se ajeitava sobre mim, deitando a cabeça no meu peito. Podia sentir a respiração dela se acalmar enquanto escutava meus batimentos cardíacos, algo que ela sempre dizia amar. - Meu coração é seu.

- Aqui é o seu lugar! - Júlia disse com firmeza, como se estivesse reforçando essa verdade para si mesma, ao mesmo tempo que passava os braços ainda mais forte pela minha cintura.

Naquele momento, tudo parecia certo. Os olhares imprecisos, as dúvidas, o medo... Tudo parecia sumir com a simples proximidade de Júlia. E por mais que a vida nos puxasse em direções diferentes, sempre encontraríamos o caminho de volta uma para a outra.

Júlia era minha âncora, e eu esperava ser o porto seguro dela. Não importava o que acontecesse, o lugar dela sempre seria no meu peito. Ela só precisava abrir a porta do meu coração, que estava sempre pronto para recebê-la. Eu guardei esse amor por tanto tempo, esperei pacientemente para entregá-lo a ela. E agora, ali, com seus braços ao meu redor e seu corpo contra o meu, sabia que poderia durar para sempre...

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Ainda hoje tem mais um capítulo curtinho!

Não se preocupem, todo o sofrimento vai ser necessário para a construção de um relacionamento incrível entre elas.

Vou fazer alguns capítulos baseados em letras de música que vão relatar os sentimentos dela.

Para este capítulo, usei: Olhares Imprecisos, Luan Pereira e Léo & Raphael.

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