Cap 13: É Assim que Começa?

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Agosto, 2027.
Segunda-feira.
...

POV S/N Peña.

Faltava pouco menos de 30 minutos para o início das provas individuais, e eu estava distraída mexendo no meu celular enquanto Mafê terminava de se arrumar. Ela passava a escova no cabelo, com uma expressão de concentração que me parecia tão distante da tempestade que estava acontecendo dentro de mim.

- Não vai ir ver a prova? - Mafê perguntou, como quem já sabia a resposta, mas ainda assim esperava algo diferente.

- Não. - respondi, sem tirar os olhos da tela, tentando parecer indiferente. Ela me lançou um olhar surpreso. - O que foi?

- Estranho… Pensei que estaria super animada pra ir ver a Júlia. - disse Mafê, ainda me olhando como se estivesse tentando decifrar o que se passava em minha mente. Eu apenas balancei a cabeça negativamente e me virei de costas, encerrando a conversa.

Mafê, no entanto, não se deu por vencida. Depois de alguns segundos de silêncio, ela foi até a sua cama e pegou algo debaixo do travesseiro.

- Acho que é seu. - disse ela, me cutucando com o livro "É Assim que Acaba" em mãos.

- Não, não é meu. - respondi, reconhecendo o livro que Júlia estava lendo dias atrás. Mafê franziu a testa, e eu percebi que ela estava realmente preocupada.

- O que aconteceu, S/N? - Ela perguntou, sua voz cheia de preocupação.

Suspirei e, sem mais delongas, contei sobre o episódio no ginásio, sobre como Iryna havia me repreendido e sobre o desconforto que aquilo tudo estava causando. Mafê escutou em silêncio, e quando terminei, ela balançou a cabeça.

- As meninas armaram um plano para tentar aproximar vocês duas… Sinto muito, S/N. - disse ela, desculpando-se em nome das outras, antes de se despedir e sair do quarto.

Fiquei ali, sozinha com meus pensamentos e com o livro em mãos. Não pude evitar a sensação de que o universo estava, de alguma forma, rindo da minha cara. Abri o livro, sentindo uma dor estranha ao folhear ao folhear as páginas escritas por Júlia.

Uma das primeiras frases que encontrei que foi escrita por ela foi: “Amor nem sempre é suficiente. Às vezes, você precisa de mais que isso.” A ironia daquelas palavras não passou despercebida. Parecia que o livro sabia exatamente o que estava acontecendo.

Continuei a folhear, encontrando outra frase que Júlia havia escrito: “Você pode parar de nadar, mas isso não significa que a correnteza vá parar de te levar.” As palavras eram simples, mas carregavam um peso que se alinhava dolorosamente com o que eu estava sentindo.

A última frase escrita que encontrei foi: “Não há como saber se o que você sente é amor ou dependência até que seja tarde demais.” Era quase como se Júlia estivesse tentando me dizer algo, de forma indireta, através dessas marcações.

Fechei o livro com um suspiro pesado. Talvez fosse mesmo assim que acabava.

POV Narrador.

A final das provas individuais havia começado com todos os atletas ansiosos para dar o seu melhor. As arquibancadas estavam lotadas, com bandeiras e faixas. Cada movimento, cada salto, era crucial; não havia espaço para erros.

As competições começaram com as barras paralelas. Lorrane entrou com confiança, seus movimentos eram precisos. Ela mostrou seu domínio ao executar uma sequência complexa, mas uma hesitação na saída a deixou com o terceiro lugar. Mesmo assim, seu sorriso mostrava que estava satisfeita por ter dado o seu melhor.

Ondas e Pódios - Julia Soares.Onde histórias criam vida. Descubra agora