Cap 22: Acampamento.

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Setembro, 2027.
Quinta-feira.
...

POV Júlia Soares.

Enquanto S/N estava no acampamento, eu aproveitava o tempo em casa com meus pais e Giovana. A vida voltou ao normal, mas eu sentia a falta dela, mesmo que só tivessem se passado três dias. Minhas manhãs e tardes eram preenchidas com treinos no CEGIN, mas o resto do tempo eu passava em casa, tentando não pensar em como estava ansiosa para vê-la novamente.

Naquela manhã, estava sentada na sala com minha mãe e Giovana, assistindo a um programa de TV, quando meu pai entrou na sala com uma expressão divertida.

- Acho que alguém está contando os minutos para a S/N voltar. - ele comentou, e eu corei, tentando esconder o sorriso.

- Claro que estou, pai. - respondi, rindo. - Mas só porque quero saber como foi o acampamento.

Giovana riu ao meu lado, me cutucando.

- Aham, e aposto que você também quer saber como ela está, se está bem... E, claro, se sentiu sua falta.

Eu fiz uma careta, mas não consegui evitar de rir junto com elas.

- Vocês me conhecem bem demais. - admiti, me encolhendo no sofá.

Minha mãe se aproximou e passou o braço ao redor dos meus ombros.

- É normal sentir falta de quem você ama, Júlia. E sabemos o quanto ela significa para você.

Essas palavras me aqueceram o coração. Saber que minha família apoiava o que eu tinha com S/N significava muito para mim. Era a certeza de que, apesar de tudo, estávamos no caminho certo. Mas a palavra "amar" começou a batucar em minha cabeça.

POV S/N Peña.

As últimas duas semanas haviam sido intensas, cheias de novos desafios e aprendizados, adrenalina e exaustão. Enquanto eu me olhava no espelho do vestiário do acampamento, sentia o peso de tudo o que havia passado nos últimos três dias. A experiência foi diferente de qualquer coisa que eu já havia vivido, mesmo com todo o treinamento que já havia feito na Força Aérea.

Esse acampamento era mais do que algo físico, era uma prova de resistência mental e emocional. O lugar tinha sido planejado para nos levar ao limite. Dormíamos ao relento, expostos ao frio intenso durante a noite e ao calor sufocante durante o dia. O terreno era traiçoeiro, cheio de desafios naturais como rios de correnteza forte e uma mata fechada que nos obrigava a estar sempre atentos. A cada novo obstáculo, eu lembrava do quão importante era essa formação para a minha carreira militar. Saber pilotar aviões era só uma parte do meu papel; entender e enfrentar o que os soldados em terra passavam também era essencial.

Além das atividades físicas, o acampamento testou nossa capacidade de suportar a privação de sono, a exaustão e a constante pressão de estarmos em território hostil. Por mais que estivesse acostumada com situações extremas, essa experiência me forçou a ultrapassar meus próprios limites.

Enquanto amarrava as botas, Felipe, um rapaz do Exército que estava na mesma formação, se aproximou. Nos últimos dias, desenvolvemos uma amizade simples. Ele era o tipo de pessoa que conseguia arrancar uma risada mesmo nas situações mais tensas, algo que ajudou a manter a mente um pouco tranquila durante todo o treinamento.

- E aí, Tenente Peña, pronta para voltar à civilização? -ele perguntou, com um sorriso, ajeitando a mochila nas costas.

Eu ri, puxando as botas uma última vez para ter certeza de que estavam bem firmes.

Ondas e Pódios - Julia Soares.Onde histórias criam vida. Descubra agora