Cap 7: Amor não se Implora.

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Agosto, 2027.
Terça-feira.
...

POV S/N Peña.

Acordo devagar, os olhos ainda pesados e a cabeça confusa. Olhei ao redor, confusa, era um típico quarto de hospital. Demoro alguns segundos para tentar compreender a razão pela qual estava ali, tentando lembrar como havia chegado ali. Meu corpo estava pesado, como se um fardo invisível estivesse me esmagando contra o colchão.

- S/N? Você está acordada? -  a voz familiar de João me chamou, ele estava sentado em uma poltrona ao lado da cama, seu rosto cheio de preocupação.

- João... o que aconteceu? - minha voz saiu fraca, quase um sussurro.

Ele imediatamente se levantou e foi chamar o médico. Fico em silêncio, tentando juntar as peças do que me trouxe aqui. Minutos depois, o médico entra no quarto, um homem de meia-idade com uma expressão tranquila. Ele se aproxima e começa a explicar o que aconteceu.

- S/N, você desmaiou durante o treino devido a um episódio de ansiedade severa que afetou seu corpo. - ele disse de uma forma tão calma que chegava a ser surpreendente. - Fizemos alguns exames cardiológicos e notamos que seus batimentos aceleraram a ponto de causar uma resposta fisiológica que fez você desmaiar. Isso é perigoso, especialmente para uma atleta. Precisamos que você tome cuidado, ok? Vamos manter você em observação, mas durante os próximos três dias, é importante que você evite qualquer esforço físico.

Eu ouvi as palavras do médico, mas parecia que ele estava falando em outra língua. Meu cérebro tentava processar tudo, mas em minha mente eu estava nadando em mil direções diferentes. Quando o médico saiu, deixando-me sozinha com João, um silêncio desconfortável se instalou no quarto.

João ficou me observando, como se tentasse decifrar os pensamentos que tumultuavam minha mente. Ele se aproxima, puxando a poltrona para mais perto da cama. Ele segura minha mão, seu toque era reconfortante.

- S/N, como você está se sentindo de verdade? - ele perguntou, sua voz cheia de preocupação.

Olho para ele, mas não consigo responder de imediato. Há tantas emoções dentro de mim, tantas coisas que não sei como colocar em palavras.

- Eu... Não sei. - admiti. - Estou assustada, confusa... Tudo está acontecendo tão rápido.

João faz uma pausa e assentiu, compreensivo, mas ele estava ponderando suas próximas palavras.

- Por que você não me disse que estava tão ansiosa? Isso tudo tem a ver com as competições, com a pressão que você está sentindo?

Eu não sabia como responder. Claro, as competições eram intensas, a pressão de representar meu país, de não decepcionar ninguém... Mas não era só isso. Havia algo mais, algo que eu estava tentando ignorar, mas que agora parecia impossível de ignorar.

Ele move a poltrona para mais perto, inclinando-se para me encarar de frente. João continuou, agora com um tom mais sério:

- S/N, eu notei que você está diferente, e acho que sei o que está te afetando. Não é só a competição, é a Júlia, não é? Esse crush que você tem por ela... Você não acha que já se tornou algo a mais?

Minhas palavras ficaram presas na garganta. Ele estava certo, e eu sabia disso. O que eu sentia por Júlia ia além de uma simples admiração ou carinho. Mas eu também sabia que era impossível. Júlia era... Tudo que eu não era. E ela nunca olharia para mim do jeito que eu a olhava.

- Eu... Eu não sei, João. Eu sinto algo por ela, mas ao mesmo tempo, tenho medo. Ela é tão diferente de mim. Júlia sempre foi aberta sobre quem é, cristã, gosta de rapazes... É só você entrar nos republicados dela, é completamente visível. - ele aperta minha mão um pouco mais forte, como se quisesse transmitir força através desse simples gesto. - Eu não sei como lidar com isso, como esquecer algo que... Parece tão errado, mas ao mesmo tempo tão certo.

- Olha, eu sei que esses sentimentos são confusos e dolorosos. Eu entendo que isso é difícil. Mas você precisa pensar em você agora. Se isso é um fato, se isso o que você sente por ela está te machucando, se está te levando a esse ponto de ansiedade, então talvez seja hora de deixar isso para trás. As chances de você ser a única a se machucar são muito grandes. Às vezes, amar significa abrir mão, mesmo que seja doloroso.

Ele está certo, e eu sei disso. Mas admitir isso, aceitar isso... É uma batalha que ainda não estou pronta para enfrentar. Ele se levanta, ainda segurando minha mão, e depois de um momento antes de soltá-la.

- Eu já conversei com os organizadores. Você não vai poder participar da competição com Guilherme e Mafê, precisamos que você fique em repouso como foi pedido pelo médico. Outra pessoa já está ocupando o seu lugar como substituta.

Antes de sair, João parou na porta do quarto, olhou para mim uma última vez com uma expressão séria.

- S/N, amor não se implora.

E então, ele saiu, deixando-me sozinha com meus pensamentos. Amor não se implora. A verdade dói, mas talvez, apenas talvez, seja exatamente o que eu precisava ouvir.

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"Ficar sozinho não rola, mas amor não se implora..."

O próximo capítulo será bombástico, fiquem ligados. Um ponto crucial para a história e... POV da Juju.

Ondas e Pódios - Julia Soares.Onde histórias criam vida. Descubra agora