Agosto, 2028.
...POV Narrador.
A vida nem sempre é como a gente espera. Na real, a vida é mais como um jogo de xadrez, cheio de movimentos estratégicos, peças posicionadas, e aquela tensão de saber que qualquer deslize pode custar tudo. Às vezes, você está na frente, parece que nada pode te parar, e do nada, o jogo vira. Em outras, você está no fundo do poço, mas ainda tem uma jogada escondida, aquela carta na manga que ninguém viu.
Só que o segredo do jogo não é só ter a carta, mas saber o momento certo de usá-la. Porque uma carta na manga usada cedo demais é só mais uma jogada, e usada tarde demais... Bem, talvez já nem importe mais.
A Vila Olímpica estava cheia dessas cartas. Tinha gente jogando seguro, seguindo as regras, e tinha gente que já tinha cruzado a linha faz tempo. Um amor proibido aqui, uma rivalidade ali, e um bocado de segredos enterrados sob as medalhas.
Nicole, por exemplo, tinha jogado uma carta perigosa. Uma jogada arriscada, feita com pressa e sem pensar nas consequências. E agora, com o peso do que fez pressionando seus ombros, ela sabia que as coisas não iam ficar assim por muito tempo.
No fundo, todo mundo tinha algo guardado. Alguns escondiam suas fraquezas, outros, seus desejos. Tinha quem escondesse erros, e quem guardasse pequenas vitórias esperando para se revelarem. Cada um com seu jogo, com suas apostas. Mas a verdade é que, no fim das contas, todo mundo estava à espera do momento perfeito para virar a mesa, para dar o xeque-mate.
A questão é: quem será o primeiro a jogar? Quem vai arriscar tudo e expor a carta que ninguém esperava? Porque o jogo está acontecendo, e ninguém quer sair perdendo. E talvez, só talvez, quem souber guardar bem suas cartas, ou até blefar na hora certa, pode ser quem vai sair ganhando. Afinal, em um jogo onde todos têm algo a perder, o maior truque é saber o momento exato de jogar sua última cartada.
Alguém bate na porta, uma batida leve, quase imperceptível. Quando ela se abre, não havia ninguém ali, só um envelope branco deixado no chão, como uma pista de um crime ainda não resolvido. A pessoa o pega com cuidado, como se ele pudesse explodir a qualquer momento. Lá dentro, fotos. Fotos de duas pessoas juntas. E um pen drive, pequeno.
O jogo estava prestes a começar.
A mente da pessoa rodava como um tabuleiro de xadrez. Cada movimento precisava ser calculado, cada decisão, pensada duas vezes. Porque agora, não se tratava mais de competir por medalhas ou glória, mas de se proteger em um jogo muito maior, onde ninguém era completamente inocente e todos tinham algo a esconder. Nos Jogos Olímpicos, sempre houve rumores, suspeitas e segredos. Informantes espalhados por todos os cantos, e nunca se sabia quem era o herói e quem era o vilão. Aquela pessoa que você acha que está do seu lado pode ser quem vai te derrubar no final.
Com o envelope em mãos, a pessoa se senta na cama e abre o notebook. As luzes do monitor iluminam seu rosto, enquanto o pen drive é inserido. A pasta se abre na tela, revelando vídeos, documentos, segredos escondidos sob a superfície de sorrisos e cumprimentos formais. Cada arquivo é uma jogada, cada imagem, um passo mais próximo do xeque-mate.
Lá estava tudo. A prova definitiva para derrubar a rainha e tomar o controle do tabuleiro. O tipo de informação que podia encerrar carreiras, destruir reputações e mudar o rumo de histórias que nem sequer tinham começado direito. Mas a jogada precisava ser perfeita. Um movimento errado, e todo o plano cairia como um castelo de cartas.
A pessoa fecha o notebook, respira fundo, e olha para as fotos espalhadas na cama. Quem enviou aquilo sabia o que estava fazendo. Sabia que estava colocando as peças finais em jogo. Mas a questão agora era: para qual lado jogar? Porque com tantas cartas na manga, o verdadeiro desafio não era apenas vencer, mas decidir quem merecia perder.
E nesse jogo, onde confiança é uma moeda rara, ninguém sabia ao certo quem estava de que lado. Cada passo tinha que ser calculado, cada decisão, mais uma peça no quebra-cabeça de uma partida que estava longe de acabar. O xeque-mate estava ao alcance, mas a pessoa sabia que a verdadeira vitória era mais do que apenas um movimento certeiro. Era sobre saber quando fazer a jogada, e para quem jogar a favor ou contra.
A pessoa respirou fundo, sentindo o peso do que tinha nas mãos. Devagar, vestiu a roupa que a definia, aquela que todos conheciam, a máscara que usava todos os dias. Mas existia algo que ninguém jamais suspeitou.
Ela ajustou a roupa, analisando os detalhes, e se olhou no espelho. Não era apenas uma questão de aparência; era uma questão de identidade. Ela tinha vivido uma vida secreta, um caminho que nunca cruzou com o que todos achavam que sabiam dela. A cada movimento, cada sorriso, havia um propósito, uma missão oculta que ninguém, nem mesmo os mais próximos, poderia imaginar.
As mãos tremiam, não de medo, mas da adrenalina que corria em suas veias. Ela sabia que estava prestes a cruzar um limite que não permitiria retorno. A revelação seria chocante, não porque ela era uma figura insignificante, mas porque todos achavam que sabiam quem ela era. E talvez fosse essa a maior ilusão de todas.
Ninguém conhecia a verdadeira face por trás do sorriso encantador e do olhar gentil. Nem mesmo a pessoa que compartilhava seus segredos mais íntimos, que sussurrava promessas ao pé do ouvido, que segurava sua mão com confiança. A mesma pessoa que, todas as noites, se deitava ao seu lado, sem nunca perceber que estava ao lado de um mistério.
Ela segurou o pen drive com força por um momento, como se toda a sua existência estivesse naquele pequeno objeto. E talvez, de certa forma, estivesse. O pen drive não era apenas um conjunto de arquivos, era a chave.
Ela guardou o pen drive no bolso, ajeitou o cabelo e, com um último olhar no espelho, saiu do quarto. O corredor estava vazio e silencioso. Cada passo era um aviso silencioso de que o jogo estava prestes a mudar. As câmeras estavam desligadas, mas isso não significava que ela estava sozinha.
Ela sabia o que tinha que fazer. O momento da revelação estava próximo, mas tudo dependia da jogada certa, no momento certo. Porque, às vezes, a vitória não estava em ser a peça mais forte no tabuleiro, mas em saber exatamente quando e onde fazer o seu movimento. E quando a hora chegasse, ninguém estaria preparado para o que estava prestes a acontecer. Nem mesmo ela própria.
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Quem será essa pessoa?
Contra quem será usada a carta na manda?
Vocês descobrirão no próximo capítulo...
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Ondas e Pódios - Julia Soares.
FanfictionS/N Peña, uma brasileira de 21 anos, é uma jovem estudante de Direito, sargento e pilota da Aeronáutica Brasileira. Além de tudo, ela é convocada para ser nadadora e representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2027 no Peru. Durante uma entrevis...