Capítulo 63

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Estaciono a camionete o mais próximo possível da porta, outro trovão ressoa e pingos de chuva começam a cair.

Desço, corro até a porta do passageiro, a abro, seguro o braço de Nicolas e preciso exercer minha força para o puxar sobre as minhas costas e o carregar para dentro do galpão.

Assim que entro vejo olhos de diversas cores em minha direção, lilases, vermelhos, cinzas, amarelos e verdes fluorescentes.

Não dou muita importância para isso e encontro um rosto conhecido na multidão, Agni, uma elfa negra que eu lembro ter conhecido no submundo de Loran.

Caminho até ela segurando firme Nicky em minhas costas por suas pernas, me agacho o sentando encostado na parede de concreto em frente a uma pequena fogueira feita de entulhos de madeira, olho para Agni que está olhando para Nicolas e depois me olha.

— me ajuda por favor. — Passo os dedos entre os fios do cabelo e aponto para Nicolas — ele foi ferido por uma flecha de prata. — Encaro Agni e sinto que meus olhos vão saltar para fora — Nicky disse para vir para cá, ME AJUDA. — Dou um passo em sua direção.

Agni me olha por alguns segundos, olha para uma mulher de aparência de trinta anos ao seu lado, assenti com a cabeça, a mulher se aproxima, Agni se ajoelha no chão ao lado de Nicolas, segura em tufo de grama que nasce da rachadura do chão, as írises dos seus olhos ficam amarelos limão, a outra mão livre ela estica em direção ao ferimento de Nicolas e assenti com a cabeça para a mulher de pé ao seu lado ao mesmo tempo que a mesma cor dos seus olhos começa a emanar na palma da sua mão.

As írises dos olhos da mulher de pé ao lado de Agni ficam vermelhas alizarina, ela estica uma mão em direção ao ferimento de Nicolas e fogo começa a sair dela com chamas controladas indo diretamente até o furo deixado pela flecha assim como a cor amarelo limão que emana da mão de Agnis em pequenas partículas.

Olho para Nicolas, seus olhos se abrem de repente, suas írises estão laranjas, sua boca se abre, suas presas ficam amostra e ele ruge. Um rugido tão alto que fazem todos ali tamparem os ouvidos e eu também.

Tiro as mãos das orelhas quando ele para de rugir, seus olhos se fecharam de novo, Agni e a fada do fogo não estão mais exercendo suas magias, me aproximo de Nicolas me ajoelhando ao seu lado, Agni se levanta e eu abro a camisa de Nicolas só para verificar que suas veias nãos estão mais pretas, na verdade tem um líquido preto saindo pelo furo enquanto o ferimento se cicatriza.

Olho para Agni, puxo fundo o ar, fecho a camisa de Nicolas, me levanto e digo:

— obrigado.

Ela assenti com a cabeça, a fada se afasta, Agni se aproxima de mim e diz:

— assim que ele acordar é melhor você ir. — diz baixinho.

A olho sem entender.

— a maioria das pessoas aqui não gosta de você. — Continua dizendo baixinho.

— que? — me fasto dela — por quê?

— Amadrya nos contou como Loran mudou depois que... — Limpa a garganta — bom, depois que te conheceu. E concordamos, ele ficou mole, abaixou a guarda e deu no que deu.

Olho ao redor, agora entendi, as pessoas que estão aqui viviam no submundo de Loran.

— ele não morreu por isso. — Cerro o olhar enquanto a encaro — Loran morreu tentando ficar mais forte para manter seguro o que é dele. — Aponto o dedo em sua direção e me volto em direção a Nicolas me agachando o seu lado — e não se preocupe, já estou indo embora. — Envolvo meu braço ao redor do corpo de Nicolas, uso minha força para o levantar e o coloco em minhas costas.

IsabelliOnde histórias criam vida. Descubra agora