Apresso os passos depois que Amadrya convence a criança a entrar e dá a volta no carro olhando para os lados.
— Amadrya. — grito.
Ela olha para trás e quando me vê entra depressa arrancando com o carro em seguida.
Olho para os lados, há pessoas ao meu redor, mas não tem ninguém me olhando, então uso minha velocidade para chegar no prédio mais próximo e depois pulo no terraço seguindo o carro pelos terraços dos prédios até um edifício mais afastado do centro, aparentemente abandonado, onde Amadrya estaciona o carro em uma rua lateral pouco movimentada.
Estou em cima do prédio, Amadrya desce abrindo a porta para criança descer e quando ela vai entrar no prédio vejo um homem sair dele, porém meus olhos fixam em algo conhecido, uma tulipa negra tatuada em sua mão.
Pulo do prédio assim que eles entram, a faixada está com a tina cinza desbotada, alguns vidros das janelas estão quebrados e tem uma tulipa pichada ao lado da porta.
Olho para os lados, respiro fundo e entro.
Está escuro e tem um cheiro muito forte de urina.
Levo a mão no bolso de trás da minha calça para pegar o celular e ligar a lanterna, e só então me lembro que estou sem celular.
Tampo com a mão o nariz e a boca e sigo em direção a escada logo em frente a porta de entrada.
Aqui deveria ser algum prédio para escritório, há várias portas com mesas de reuniões caindo aos pedaços, salas com restos do que um dia foi móveis e computadores, ou vestígios do que foram um dia.
Está tudo quieto e escuro, ando devagar no corredor e nesse momento queria estar com sede somente para ouvir os corações batendo e segui-los.
Caminho com o olhar estreito, consigo ver pouca coisa em minha frente e estou quase na última porta do corredor quando ela se abre e Amadrya sai acompanhada de um homem.
As pupilas do homem dilatam assim que me vê e suas presas pontiagudas ficam amostra, Amadrya cerra os olhos enquanto me encara e pergunto:
— o que está fazendo aqui?
— o que você está fazendo aqui? — ela olha para o vampiro ao seu lado.
O vampiro a olha e suas presas recuam ao mesmo tempo que seus olhos voltam ao normal.
— ela não está com a gente. — me olha — por causa dela Loran incendiou nosso esconderijo com visco e matou mais da metade do clã. — Começa a caminhar em minha direção — mas, agora você não tem mais ele para te defender. — Para em minha frente.
Ignoro a presença do homem em minha frente e continuo olhando para Amadrya.
— cadê a criança?
— que criança? — o tom de deboche em sua voz me faz empurrar o homem em minha frente e usar minha velocidade para chegar até ela.
Seguro seu pescoço com uma mão e encosto contra a parede utilizando minha força.
Amadrya me encara e sorri.
— cadê a criança?
— socorro. — Ouço uma voz baixa e fina e olho em direção a porta.
Solto Amadrya e sigo até a porta, mas sou impedida de entrar quando um vento me atinge me lançando contra a parede do fundo.
Bato a cabeça e caio no chão, mas me levanto no mesmo instante.
Amadrya está se exibindo deixando um redemoinho parear sobre a palma da sua mão enquanto as írises dos seus olhos ficam cinzas claras.
O vampiro deixa mais uma vez suas presas amostra e diz:
— sai e não volte mais.
— são crianças.
— o sangue mais doce que existe. — ele sorri maliciosamente.
Estreito o olhar.
— Amadrya, são crianças! Por que trouxe uma criança para esse verme?
— negócios. — ela dá de ombros e fecha a mão fazendo o redemoinho cessar — tenho que sobreviver de alguma maneira.
Chacoalho a cabeça negativamente.
— vocês não podem fazer isso, são crianças.
— só estamos dando um tempo dos noticiários. — o vampiro responde e suas presas recolhem — a polícia está na nossa cola e com o desaparecimento de crianças eles vão ter mais com o que se ocupar.
Claro! O clã tulipas negras é o responsável pelas mortes misteriosas por uma substância desconhecida.
— vai querer sair viva ou morta? — não acho que tenha muita opção a não ser sair, nesse momento.
Ergo as mãos quando vejo mais vampiros se aproximando no corredor.
Eles deixam claro que são do clã tulipas negras erguendo suas mãos com as tatuagens deixando amostra as adagas e armas que seguram.
— estou indo. — Começo a caminhar.
— socorro. — Ouço a voz baixa e fina mais uma vez e sinto alguém apertar meu coração com a mão.
Amadrya e o vampiro abrem passagem para eu passar assim como os outros vampiros
Sou escoltada para fora do prédio, sigo pela rua lateral e cerro o olhar quando vejo o carro que era de Loran.
Não posso deixar isso assim, não mesmo.
Quebro o vidro do lado do passageiro com o cotovelo, abro a porta e entro.
Não tenho pressa em esperar Amadrya que aparece contando notas nas mãos enquanto abre a porta.
Seus olhos brilham tanto pelo dinheiro que ela nem me percebeu aqui.
Ela senta, coloca a chave na ignição, deixa o dinheiro em seu colo e só então me olha.
Seus olhos se arregalam no mesmo instante, deve ser porque acabei de deixar minhas presas amostra e com certeza minhas pupilas estão dilatadas.
Não dou tempo de ela agir e avanço sobre seu corpo encravando minhas presas na lateral do seu corpo fazendo-o se debater, mas apesar de ela ser uma fada e ter o poder de controlar o elemento ar, ela não tem a força de um vampiro e essa é a minha vantagem: usar minha força para segurá-la enquanto sugo seu sangue que é amargo demais.
Ela desiste de se debater depois de um tempo.
— ele mo-morreu... por sua causa. — murmura me fazendo a soltar.
A olho, seus olhos estão abertos, mas ela já está morta.
Passo a língua ao redor dos lábios e respiro fundo.
Olho para as notas de dinheiro em seu colo e depois para o edifício.
Não posso deixar essa criança aqui.
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Isabelli
VampireTudo o que você sabe sobre vampiros está errado! Mordidas que transformam, a estaca de madeira no coração, o sol que queima, os morcegos... tudo isso está errado, menos uma coisa, a sede por sangue. Uma sede insaciável, só não mais que a ambição h...